Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 149

Guilherme balançou a cabeça e virou as costas, parecendo satisfeito com o que o pai havia feito. Ainda com a mochila nas costas, entrou pela porta principal, pelo visto decido a ficar desta vez.

- Ponha uma coisa na sua cabeça: eu gosto dele. – Mariane quase gritou.

- Assim como gostava de Colin? – ri debochadamente – Por que não ficou com meu noivo depois que lhe deixei os restos? Não é disso que você gosta?

- Sabemos que há uma grande diferença entre Colin e Charles.

- Sabemos? – Arqueei a sobrancelha.

- Você sabe que sim...

- Claro que sei... – me aproximei dela e olhei nos seus olhos – Charles daria a vida por mim... E não vai tocar num fio de cabelo seu, enquanto eu estiver por perto. E você sabe o motivo, não é mesmo?

Ela me olhou confusa.

- O motivo é que ele me ama... E sempre me amou.

- Fique longe do meu caminho. Eu sou louca por este homem... E capaz de qualquer coisa por ele.

“Inclusive colocá-lo injustamente na cadeia para depois soltá-lo e se fazer de salvadora?” Não, não tive coragem de dizer aquilo, porque ela saberia que eu e Charles havíamos nos falado e o passado tinha sido esclarecido.

Eu não tinha dúvidas de que ela estava envolvida até o pescoço na prisão de Charles. Só tinha que entender como e de que forma Mariane planejou tudo aquilo.

- É capaz de qualquer coisa por ele? – Enruguei a testa, saindo sem me importar com a indignação dela.

Voltei para dentro da casa e subi as escadas, indo para o meu quarto. Medy ainda dormia na cama, um soninho profundo.

Alguém bateu na porta. Era Yuna. Ela sentou-se na poltrona, de frente para a praia, mas do lado de dentro da porta que dava para a pequena sacada:

- O ar aqui é rarefeito. Me sinto presa... Como você consegue, Sabrina?

- Acho que vivi a vida inteira assim. E só agora me dei em conta do quanto a minha família “fede”.

- Eles deram folga para minha mãe, depois de anos... Creio que para afastá-la... De você, de mim... Não entendo.

- Também me pareceu que não queriam Min-ji por aqui.

- Sua irmã é uma pessoa horrível. Parece vilã de novela mexicana, que ri na sua frente e te esfaqueia por trás. Um ser humano que não demonstra qualquer tipo de sentimento... Nem com a pequena Medy.

- Medy a odeia.

- Eu a odeio. – Ela riu, balançando a cabeça.

- Eu também. – Comecei a rir, puxando uma cadeira e sentando ao lado dela.

- Estou com saudade da nossa casa. – Ela olhou para o mar.

- Se não fosse Charles, eu também estaria. Mas não tem noção de como me sinto com a presença dele... No entanto... Mariane acabou de dizer que ele simplesmente pegou suas coisas e foi embora. Do nada...

Ela fez um breve silêncio antes de dizer:

- Esta casa vai acabar conosco.

- Não tenho ideia do que houve... Ele nem me disse nada. Estava bem pela manhã, com Medy na praia... – Realmente fiquei confusa.

- O garoto é um problema. Esqueça tudo que eu disse um dia sobre esquecer Charles e dar uma chance a outra pessoa. Definitivamente, esta pessoa não podia ser ele.

- Falaram sobre algo?

- Ele é cabeça dura... Imaturo.

- Pois então... Há dias atrás eu o achava maduro para a idade. Agora parece um garoto mimado que tampa os ouvidos enquanto cantarola para não ouvir o que não é do seu agrado. Nem Medy nunca agiu assim.

- Você, como professora de Matemática, já pensou em qual a probabilidade, em números, de encontrar o filho do amor da sua vida e se envolver com ele? Quantos somos no mundo, atualmente? E em Noriah Norte? – ela olhou para mim – Você é a definição de “azarada”.

- Talvez Gui não apareceu para mim como um relacionamento... E sim como a possibilidade de trazê-lo a Charles, para um possível entendimento entre os dois. Eu não vou desistir disso, Yuna. Ambos merecem. Eu sei o quanto Melody é importante para mim. E farei o possível para que Guilherme saiba o que é ter um pai que o ama... E Charles possa dar um abraço no filho, enfim, com o perdão que tanto deseja. Este homem foi injustiçado a vida inteira... Lhe tiraram tudo. E ele nunca desistiu.

- Merece Medy... E o bebê que você vai lhe dar. – Ela sorriu.

- Yuna, talvez eu fiquei mais tempo por aqui. Preciso descobrir o que houve de verdade com ele... E quem é culpado. Quero entrar com processo pedindo minha herança, antes que a J.R Recording peça falência. E antes disso, entrar na empresa e saber o que houve com a potência que era aquele lugar.

Meu celular bipou e abri a mensagem:

CHARLES: Caso esteja pensando que a abandonei, não é verdade. Fui resolver umas questões e antes do jantar estarei de volta. Amo você, Medy e nosso possível bebê.

Sorri sozinha.

- O que houve? – Yuna perguntou.

- Ele não foi embora... – Falei, balançando o celular.

- Hum, ele tem seu número? Quanta evolução neste relacionamento que até pouco tempo atrás achei que fosse coisa da sua cabeça. – Ela pôs as pernas para cima da cadeira, jogando os cabelos sedosos para trás.

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