- Se você foi um bom garoto, creio que sim.
- Você é ridículo.
- Guilherme, não! – Falei seriamente.
Ele me olhou e percebi que estava nervoso. Achei que bater de frente e enfrentá-lo poderia ser pior. E eu não queria que ele dissesse aos demais sobre a paternidade de Charles com relação à Melody, pois não sabia se J.R e Calissa estavam a par da verdade.
- É Natal! – Tentei fazê-lo ao menos ter um pingo de sentimento.
- O nosso primeiro Natal em família... – encarou novamente o pai – Posso apostar que vai querer levar sua linda mulher à nossa casa nas demais datas festivas, afinal, vão querer ver Melody, não é mesmo? – Olhou na direção de Mariane.
- “Nossa casa” quer dizer de você e Sabrina? – Charles pôs as mãos no bolso da jaqueta preta, fingindo desinteresse pela conversa.
- Óbvio que sim. – Respondeu Guilherme.
- Chegou tarde, garoto! Eu e Sabrina já temos “nossa casa”. Mas quero que saiba que sempre haverá lugar para você lá... Independente das coisas que falar para me ferir...
- Você é patético.
Retirei o braço de Guilherme do meu ombro e subi as escadas, deixando os dois para trás.
Quase corri em direção ao quarto e assim que abri a porta, retirei o presente do bolso. Ri sozinha quando deparei-me com um teste de gravidez.
Fui até o banheiro e levantei com dificuldade o vestido com excesso de tecido. Bastava urinar sobre o objeto e saberia se estava grávida ou não. Embora eu sentisse no meu corpo que tudo estava mudando, não tinha certeza absoluta.
Dois minutos depois e vi os dois traços, confirmando que tinha mesmo um bebê dentro de mim... Fruto de uma noite num show de um cantor que compôs uma música para mim.
Balancei a cabeça, rindo de mim mesma... Fui até aquele show para contar a Charles que ele tinha uma filha, gerada naquelas noites de verão na “nossa casa” de praia. No entanto saí de lá carregando outro bebê dele no ventre. E quando ele soube de Melody, junto recebeu a notícia da possível nova gravidez.
Pus o teste no bolso da jaqueta e desci, sem conseguir conter o sorriso no meu rosto.
Charles estava com Melody sentado no sofá, com Mariane tentando encontrar um espaço junto deles. Guilherme conversava com meu pai e não consegui decifrar se era algo bom ou ruim. Minha mãe olhava pela janela, parecendo longe. Yuna estava ao telefone.
Fui até Calissa e tentei acompanhar seu olhar, tentando ver algo dentro da escuridão da noite, fora do vidro da janela.
- Onde está seu pensamento? – Perguntei, de forma delicada.
- Infelizmente aqui... Tentando entrar na mente de todos e desvendar o que está acontecendo.
- Mamãe, acho que você é a única que não sabe... Mas vai saber em breve. Só não tenho certeza se isso é bom ou ruim.
- Por vezes me acho uma sortuda por não saber de algumas coisas.
- Com certeza. – A abracei por trás, sentindo o cheiro do seu perfume caro e de bom gosto.
Calissa Rockfeller não era uma pessoa que eu admirava. Mas a amava. Não via maldade nela, por mais que tentasse. Havia grandes chances de ela não saber nada sobre a prisão de Charles, mesmo apostando que ele poderia ser o pai de Melody.
Um dos garçons me ofereceu uma taça de Champagne, que peguei. A Vueve Cliqcuot sempre foi minha bebida favorita.
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