- Sou curiosa... – Não lhe dei ouvidos, pondo o roupão branco atoalhado do Hotel, que estava no chão.
Charles procurou a roupa, jogada um pouco em cada canto. Achei a cueca dele, mas o vi enrolado na toalha branca, já saindo.
Fui atrás dele, que rapidamente abriu a porta. Guilherme entrou, arregalando os olhos ao nos ver, a raiva nítida em cada músculo do seu rosto.
- Bom dia, família! – Disse de forma irônica.
- Gui? – Foi o que consegui pronunciar.
- Onde está Melody? – Ele perguntou.
- No... Quarto.
- Ela sabe que ele está aqui? – Perguntou diretamente para mim.
- Sim... – Respondi, confusa.
- Quer... Tomar café conosco? É Natal! – Charles falou, enquanto ele não deu ouvidos ao pai, vindo na minha direção.
Seguiu, passando direto por mim, indo ao sofá, onde pegou um celular:
- Vim buscar isso... – Levantou o aparelho – Liguei umas vinte vezes, mas vocês estavam muito ocupados para atender, não é mesmo?
- Guilherme, eu acho que devemos conversar seriamente, nós três. – Charles sugeriu.
- Vai me dizer o quê? Que ficou com a minha namorada? – riu de forma irônica – Engraçado que Sabrina se preocupava que eu era muito novo para ela... E ele é extremamente velho para você. Isso não a incomoda?
Cruzei os braços, como se aquilo fosse impedir a mágoa e raiva dele de me atingir.
- É Natal, meu filho! Se dê uma chance... Me dê uma chance... Por favor. – Charles tentou mais uma vez.
- Eu tenho um presente de Natal para você, “papai”. Espero que goste.
Charles olhou-o e Guilherme deu um soco na cara dele, fazendo-o cambalear, tamanha força e violência que usou.
Dei um grito e me dirigi a eles. Charles pegou o filho pela roupa, aproximando-o de si. Ambos tinham quase a mesma altura e creio que Guilherme possuísse alguns poucos quilos menos que o pai.
Temi que Charles fosse revidar, mas não. Soltou Guilherme, afastando-o de si, e pôs a mão no rosto, gemendo de dor.
Abri a porta e ordenei:
- Vá embora!
Guilherme me encarou antes de sair furioso, sem dizer nada, sequer desculpando-se pelo que fez no próprio pai.
Charles sentou-se no sofá e toquei seu rosto vermelho:
- Este menino não tem noção... É bruto... Ríspido, irônico... Até quando ele vai fingir que você não é o pai dele?
- Até Kelly parar de encher a cabeça do garoto contra mim.
Fui até o frigobar e providenciei gelo, colocando no rosto dele, que reclamou:
- Ai... Está doendo!
- Sinto muito, meu amor... – Enchi de beijos o rosto dele, especialmente a parte que estava machucada, gelada.
Charles puxou meu rosto em direção ao seu e encarou-me:
- Eu amo você, garotinha... E levaria mil socos por sua causa.
- Assim como enfrentou quatro anos preso por minha culpa?
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