Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 162

- O que vamos fazer agora? – perguntei a Charles enquanto ele saía do banho, passando a mão nos cabelos, sem secar – Não podemos morar num Hotel para sempre.

- Não tenho pressa, garotinha... Está ótimo ficar aqui trancado com vocês. – Me deu um beijo leve nos lábios, indo procurar uma roupa na mala, que não havia desfeito.

- Hotéis são muito impessoais... E frios.

- Podemos ligar a calefação... – Ele riu e joguei-lhe um travesseiro.

Charles pôs uma camiseta branca e uma calça jeans, com a jaqueta de couro por cima. Olhou-se no espelho e observou, falando sobre a jaqueta:

- Parece que ela fica melhor em você do que em mim...

- Jamais... É sua marca registrada.

- Tenho várias... Mas esta é a mais especial.

- Eu sei... – Sorri, jogando-me de volta na cama, ainda de pijama.

- Juro que é complicado deixar vocês. – Me olhou seriamente.

- Eu até iria junto... Mas é longe. Acordei um pouco enjoada hoje.

- Eu sei, garotinha. Minha vida é complicada agora. Dificilmente paro em algum lugar.

- Por isso a preferência por Hotéis?

- Talvez... Embora eu nunca tenha sido um homem com moradia fixa durante a minha vida. Sempre procurando os lugares mais baratos, até encontrar outro mais em conta e pegar minha mochila e partir de novo...

- Comprei uma casa para mim e Medy. Morei quase cinco anos com Do-Yoon e Yuna. E sabia que nós duas precisávamos do nosso cantinho. E acredite... Parcelei, pois não tinha dinheiro para pagar à vista. Foram tantas vezes que nem tenho coragem de lhe contar... Inclusive brinquei com Medy que ela vai terminar de pagar a nossa casa. – Comecei a rir da minha loucura.

- Sabe que agora eu estou aqui, não é mesmo? E posso lhes dar tudo que quiserem.

- Eu já tive tudo que quis, em questão de bens. Hoje eu não me importo com isso... E não tenho sonhos quanto à casa, carro... Só almejo ser feliz, não importa onde.

- Eu nunca tive nada... E sinceramente, pouco me preocupo com o dinheiro. Por este motivo não me importei quando Guilherme entrou na Justiça contra mim, querendo parte do que eu tenho.

- Mas a família dele tem boas condições financeiras.

- Creio que não seja pelo dinheiro... E sim por me verem passando por esta situação.

- Como isso ainda não caiu na mídia?

- Mariane... Ela contém tudo e não deixa nada vazar.

Suspirei, revirando os olhos. Fui até ele e toquei seu rosto com o hematoma causado pelo soco de Guilherme:

- Precisa esconder isso muito bem com maquiagem.

- Eu sei... As maquiadoras sempre dão um jeito...

- Gosto da forma como elas fazem o traçado preto nos seus olhos... – Mordi o lábio.

Ele me puxou contra si, o sorriso perfeito me deixando de pernas bambas.

- Vou voltar exatamente como estiver depois do show... Para você. – Beijou meus lábios.

A língua de Charles invadiu minha boca. Passei os braços sobre seu pescoço, enquanto ele me tirava do chão, intensificando nosso toque.

Ouvi o choro de Melody e desvencilhei-me rapidamente dele, correndo até o quarto dela. Assim que liguei a luz, percebi que ela ainda estava com os olhos fechados. Talvez fosse um pesadelo que a fez chorar.

Sentei ao lado dela na cama e toquei seu rosto, extremamente quente. Pus a mão na testa e não tive dúvidas de que ela estava com febre.

- Tudo bem? – Charles perguntou quando me viu levantando.

- Ela está com febre.

- Como você sabe?

- Porque convivo com ela há cinco anos, Charles.

- Precisamos de um termômetro? – Ele perguntou.

- Sim, para confirmar quantos graus. Eu vou pegar com Yuna. Ela deve ter... Cuide dela, por favor.

Ele sentou-se ao lado de Melody enquanto eu corri ao quarto de Yuna. Bati na porta e ela logo atendeu:

- Me diga que você trouxe um termômetro e seus aparelhos de médica. – Falei rapidamente.

- Não... Nem o termômetro.

- Droga! – Esbravejei.

- O que houve?

- Medy está com febre.

- Deixe-me vê-la.

Fomos para o meu apartamento. Quando entramos, Melody estava no colo do pai, os olhos avermelhados, prostrada.

Yuna tocou a testa dela:

- Vou ligar para a recepção e pedir que providenciem um termômetro. Enquanto isso, vamos fazer umas compressas para baixar esta febre.

- Como fazemos isso? – Charles perguntou.

- Panos úmidos, a fim de refrescá-la e consequentemente dar a queda na temperatura. Está doendo alguma parte do corpo, Medy?

- Não... Só estou cansada. – Ela fechou os olhos novamente, se aconchegando ao pai.

Yuna foi providenciar o termômetro. Toquei as mãos geladas da minha filha e perguntei:

- Você quer a mamãe?

Ela abriu os olhos:

- Quero mamãe e papai... Medy quer os dois. E o bebê também... – Sorriu, de forma cansada.

- Acha que pode ter sido a água gelada da piscina de ontem? – Charles perguntou.

- Eu... Não sei... Talvez não.

- Você avisou... Eu tinha que ter escutado você.

- Não é culpa sua, Charles. Febre é comum em crianças. Ela já teve outras vezes... Embora poucas.

- E se for algo grave.

- Não há de ser... – Peguei a mão dele, trêmula.

Yuna conseguiu o termômetro e constou 39 graus.

- Febre alta. – Ela disse, preocupada.

- O que fazemos? – Perguntei, agoniada.

- Vamos esperar... Faremos as compressas, se não abaixar vou medicá-la com antitérmico. Se persistir pelas próximas 24 horas, teremos que consultar.

- Quando não é uma coisa, é outra... – Reclamei, levantando, andando de um lado para o outro.

Yuna fez as compressas, nos ensinando como continuar. O telefone de Charles tocou e ele saiu do quarto.

- Precisamos de mais panos. – Yuna pediu.

- Vou solicitar na recepção. – Falei, saindo do quarto.

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