Melody apareceu na sala, andando com os olhinhos caídos, mas curiosa com o homem sentado próximo a mim. Veio diretamente para o meu colo. Toquei sua testa e percebi que a febre havia baixado.
- Está sentindo alguma coisa, docinho?
- Sono... – Ela sorriu.
A abracei com força. Ela olhou para Otávio:
- Oi.
- Olá. – Ele sorriu para ela.
- Sou Melody, mas pode me chamar de Medy. – Falou, sem mexer a cabeça, ainda escorada a mim.
- Você é muito parecida com o seu pai, sabia?
Ela sorriu, antes de dizer:
- Tenho os olhos iguais ao dele – olhou para os lados – Onde está papai?
- Ele foi fazer uma coisa... Já volta.
- Acha que ele demorará muito? – Otávio me perguntou.
- Eu... Não tenho certeza.
- Se importa se eu esperar? Realmente preciso falar com ele.
- Já tentou o celular?
- Cai na caixa... Desligado.
- Pode esperar. – Dei de ombros.
Otávio ficou esperando até o início da noite. Tentamos ligar para Charles várias vezes, mas sem sucesso. O telefone seguia desligado.
Yuna ficou comigo e Melody. E o homem permaneceu ali, até que Charles chegasse. Isso aconteceu em torno das vinte horas.
Assim que Charles entrou, ficou surpreso ao ver Otávio:
- O que... Você está fazendo aqui?
- Boa noite para você também, Charles. – Ironizou.
Charles veio até mim e deu-me um beijo nos lábios:
- Tudo bem por aqui?
- Sim...
- Como me encontrou?
- Por acaso não queria ser encontrado? – ele levantou – Acaba de cancelar um show muito importante. O que você está pensando?
- Eu... Vou ver Melody. – Falei, mencionando sair da sala.
- Como ela está? – Charles perguntou.
- Sem febre, mas ainda cansada e sonolenta.
- Yuna está com ela?
- Sim. Mas vou ver como estão.
- Ok.
Sai da sala e fui até o quarto. Yuna estava deitada na cama com Melody. Ambas estavam dormindo. Desliguei a luz e as cobri com uma manta. Verifiquei a febre de Melody, que seguia sem subir. Dei um beijo em cada uma delas e fechei a porta.
Estava me dirigindo ao outro quarto quando ouvi as vozes alteradas dos dois.
- Você é um irresponsável. E mau agradecido. Mariane fez tudo por você e é assim que paga?
- Eu não devo nada a ela. Foi mérito meu: trabalho, voz, letra, música.
- Mariane levou você ao topo. Se não fosse ela, ainda estaria cantando no bar de beira de estrada, bebendo cerveja barata no gargalo, vendendo bebidas entre uma música e outra, cantando covers, porque não lhe davam chance de tocar suas músicas.
- Eu paguei o preço pela fama. Fui obrigado a dormir com ela, várias vezes, e você sabe disto.
- Não deve ser tão difícil dormir com duas Rockfeller, meu caro. Ambas são gostosas e ricas. Então não se faça de coitado e azarado, porque você não é.
Corri imediatamente para a sala, sabendo o que aconteceria. Me pus no meio de Charles e Otávio, impedindo que “el cantante” o acertasse.
- Charles, não... – Pedi.
- Seu desgraçado. Está demitido. Não o quero mais comigo, com minha equipe, nos meus shows. Nunca mais quero vê-lo na minha frente.
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