- Não... Comprei uma nova, ao menos. Mas creio que agora vou precisar comprar um carro. A família está aumentando. Será que você também vai precisar de cadeira de contenção, Yuna? – Debochou.
- Acho que você vai precisar. Afinal, Sabrina tem carro e quem anda na frente com ela sou eu.
- Você tem um carro, meu amor?
- Um carro, uma casa, um peixe Beta...
- Que Do-Yoon está cuidando. – Melody explicou.
- Mas não tenho mais meu emprego em Noriah Sul. Em função do... Vídeo. – Abaixei os olhos, envergonhada.
- Vai encontrar outro.
- Já encontrei. Vou para J.R Recording.
Ele suspirou:
- Você é cabeça dura.
- Sou mesmo.
Fiquei impressionada quando o carro parou em frente ao Cálice Efervescente. Senti meu coração bater descompassadamente. Descemos e ficamos olhando a fachada, que estava exatamente do mesmo jeito, de anos atrás, como se nunca tivesse sido fechado.
- Um bar de beira de estrada... – Ele me olhou.
Peguei sua mão e apertei-a contra a minha:
- Pelo menos o cantor não é mais decadente. – Sorri.
- O que é isso? O Cálice Efervescente? – Melody perguntou, curiosa.
- Sim... Eu gostaria de lhe mostrar onde papai e mamãe se conheceram. – Ele pegou-a novamente no colo, como se ficar separado dela fosse impossível.
Abracei-os, sentindo toda a emoção daquele momento.
- Isso foi legal, Charles. – Yuna disse, observando atentamente o local.
- Obrigado.
- Podemos entrar, papai?
- Não... Não podemos. Ainda está fechado e não podemos entrar sem autorização. Mas o papai sonha em um dia comprar este lugar.
Olhei para ele:
- Isso é sério?
- Sim. – Confessou.
- Mas... Não há dinheiro suficiente ainda?
- Na verdade, tinha... Mas precisei fazer uma escolha.
- Uma escolha? – Arqueei a sobrancelha.
- Sim... Escolhi a surpresa.
- Esta não é surpresa? – Yuna perguntou, confusa.
- Não.
- Qual é a surpresa? – Melody perguntou.
- Bem, aqui sua mamãe apareceu pela primeira vez na vida do papai... Numa noite de sexta-feira, usando um véu de noiva na cabeça.
- Ela ia casar? – Melody ficou confusa.
- Sim... Com o papai... Acontece que ela ainda não sabia. – Ele riu, enquanto a levava de volta para o carro.
Balancei a cabeça, sentindo como se andasse em nuvens.
- Eu vou na frente. – Yuna ocupou o banco onde Charles havia vindo.
- Não precisa, Yuna... – Falei.
- Vocês merecem cada momento que estão vivendo. – Ela fechou a porta, sorrindo.
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