- Com tantos advogados no mundo, por que ele?
- Para quebrar a cara do meu pai. – Sorri.
- Como assim?
- Ser processado é horrível. Mas ser processado pela filha, tendo como advogado o homem que você admirou a vida inteira, é pior ainda. Colin sempre foi o filho que ele não teve. A ferida tem que ser profunda.
- Eu não sei se entendo você.
- Nem queira. Só quem passou tudo que passei entenderia.
- Sair daquela casa de praia foi como tirar um peso de cima de mim. Confesso que o Hotel era melhor que aquele lugar. Mariane e J.R Rockfeller são tóxicos.
- Sim, são. E não é sobre vingança... É sobre justiça. Sobre fazer uma pessoa perder quase cinco anos trancafiada numa cela por um crime que não cometeu. Não posso deixar os culpados impune. É um dos dois... Eu tenho certeza.
- Colin lhe ajudará com isso também?
- Não sei... Mas sobre o processo de requerer minha herança, sei que sim.
- Estou pensando em tirar minha mãe do convívio dos Rockfeller, Sabrina.
Olhei-a surpresa:
- Como assim?
- Ela não precisa ficar naquela casa. Eu e Do-Yoon estamos crescidos e nos sustentamos. Se eu me senti mal em alguns dias junto deles, imagino ela a vida inteira.
- Eu nem sei como ela aguentou tanto tempo.
- Por você... Ela sempre foi muito apegada à caçula dos Rockfeller – ela sorriu – Mas você não está mais lá.
- Acho que vale a pena fazer isso. Min-ji merece um descanso... Uma bela aposentadoria. Trabalhou a vida inteira na casa dos Rockfeller. Merecia um prêmio por aturar meu pai quase tanto tempo quanto minha mãe.
- Fico a imaginar sua mãe no meio disso tudo. Como ela consegue ser neutra?
- Eu sinceramente não sei. Agora vamos descer... Enquanto isso você pensa se realmente vai deixar eu e Melody e voltar para Noriah Sul para viver sozinha, sem a melhor companhia do mundo, que somos nós duas.
- Agora começo a entender de onde Melody tirou tanto convencimento.
- Não tenho culpa se é verdade, amiga. – Comecei a rir.
Passamos um restante de dia agradável, os quatro. Saber que me despediria de Yuna em breve já me deixava triste. Ela e Do-Yoon tinham uma participação enorme na criação de Melody e também na minha vida.
Yuna optou por um quarto e Melody por outro. Medy inclusive escolheu o quarto do bebê, que ainda nem havia nascido. Eu e Charles ficamos com a suíte principal.
Tomei um banho demorado antes de deitar. Estava exausta. Deixei o banheiro enrolada na toalha branca e me peguei observando o mar, iluminado pela lua cheia.
Charles me abraçou por trás, beijando meu pescoço:
- As estrelas estão nos observando.
- Sim... Aqui tem muitas estrelas. – Toquei as mãos dele que estavam no meu corpo.
Ouvimos uma batida leve na porta. Charles abriu e lá estava Melody, de pijama:
- Posso dormir com vocês?
- Se pode? Não só pode, deve! – Charles a pegou no colo, jogando-a na cama, enquanto a enchia de cócegas, que ela amava.
Pus meu pijama e mirei-me no espelho, de lado. A parte de baixo estava apertada e minha barriga saliente.
- Você está linda, mamãe! – Charles observou.
- Sim, linda... Muito linda. – Melody confirmou.
- Acho que precisamos procurar um médico... E quero saber o sexo. Vocês não estão curiosos?
- Eu voto num menino. – Charles disse, levantando a mão.
- Um maninho – Melody confirmou – Como Gui...
Fiquei em silêncio, lembrando dele. Por mais idiota que Guilherme se mostrou, ainda me sentia mal com relação a tudo que aconteceu. Porque sim, eu tinha sentimentos por ele. E queria, do fundo do coração, que Charles e o filho se entendessem.
Em pouco tempo, Melody dormiu, entre nós dois. Alisei seu rostinho e disse:
- Ela é o amor da minha vida...
- Das nossas vidas. – Ele sorriu, tocando meu rosto carinhosamente.
- Charles, você gastou todo seu dinheiro aqui nesta casa?
- Praticamente todo.
- E... Como vai fazer agora?
- Outros shows... Há uma nova turnê sendo preparada, por outros países. Acho que vamos ter que viajar.
- Você gosta disto?
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