- Como assim? – Charles arqueou a sobrancelha.
- Marquei com Colin... Amanhã às 17 horas, no posto de gasolina do centro da cidade.
- O quê? Você vai ver Monaghan?
- Colin é o namorado de Yuna. – Melody explicou.
- Como assim? – Charles ficou confuso.
- Não é namorado de Yuna. Melody que fantasiou isso desde o momento que pôs os olhos nele.
- Ela pôs os olhos nele? Quando?
- Eu gosto de Colin... Ele é legal. – Melody parecia querer me ferrar.
- Você apresentou Colin para Melody? – A voz dele ficou alterada.
Melody olhou para ele, depois para mim, refazendo o movimento repetidas vezes.
- Depois conversamos sobre isso... – Falei.
- Quando? Ela não dorme nunca... E quando fecha os olhos, finge... – Ele começou a fazer cócegas na filha.
- Eu vou dormir agora... Prometo. – Ela garantiu, já quase sem ar de tantas cócegas.
- Ok, então vamos para o seu quarto. – Charles levantou, pegando-a no colo.
- Mas... – Ela tentou argumentar.
- Nada de “mas”... Você entende de Barbies lésbicas e Ken’s gays, o que é muito mais complexo do que dormir sozinha no seu quarto, meu bem.
- Mas minhas Barbies e Ken’s nem estão aqui...
- Eu vou mandar buscar amanhã, sem falta.
Ela me jogou um beijo antes de ser retirada do quarto, nos braços do pai.
Deitei e observei pela janela, sentindo o ar fresco vindo da rua, o cheiro de maresia tomando conta do quarto... Se felicidade pudesse ser descrita, eu usaria o termo “estou vivendo na pele”.
Tentei esperar Charles, mas ele estava demorando. E meus olhos se fechando...
Despertei e espreguicei-me vagarosamente, ainda com os olhos fechados. Assim que os abri, Charles estava sentado na poltrona, as pernas estendidas com os pés no colchão, o tronco nu, usando somente uma cueca boxer preta que moldava perfeitamente suas partes íntimas.
- Ainda gosta de me olhar dormir? – Sorri.
- Sempre...
Ele levantou-se e veio até a cama, sentando-se sobre minhas coxas enquanto imobilizava minhas mãos para cima.
- Se isso é um sonho, não quero acordar nunca mais... – Falei ao ver a claridade do dia entrando no quarto, iluminando o rosto perfeito de “el cantante”.
- Meu beijo de bom dia, garotinha... – Ele curvou-se cuidadosamente até meus lábios, surpreendendo-me com um gostoso beijo de língua.
- Quero casar com você, “el cantante”, Charles, Charlie B. ou seja lá o que for...
- Promete que vou receber beijos todas as manhãs? – Perguntou divertidamente.
- Promete que nunca vai deixar de me amar?
- Como se isso fosse possível...
- Eu marquei com Colin hoje porque quero entrar com processo contra Rachel Roberts e o vídeo que ela fez e mostrou na formatura, acabando com minha reputação, fazendo-me perder o emprego...
- Por que ele, porra? É o advogado que está defendendo Kelly e Gui... E é o seu ex...
- Colin é um profissional excepcional, Charles. Não confiaria isso a nenhuma outra pessoa a não ser ele.
- Golpe baixo, meu amor...
- Vou requerer também a minha herança, antes que a J.R Recording quebre. E usar Colin nisto será fatal para o meu pai... Será pior do que o dinheiro que ele terá que me dar.
- Sabrina... Sobre o vídeo...
Desvencilhei-me dele e troquei a posição, sentando em seu pau que já começava a endurecer. Provoquei:
- Este “el cantante” não resiste a mim...
- Nenhum dos dois, acredite... Nem ele, nem eu. – Ele olhou para a própria ereção.
- Bem, então vamos a uma explicação que talvez não exista. Sim, eu me rendi a Guilherme naquela manhã, na sala de aula. Mas não houve nada além do que você viu... Ele levantou minha saia e retirou a própria calça... E...
- Ok, sem muitos detalhes, por favor.
- Em momento algum fiquei sem calcinha.
- Caralho!
- Ele fingiu que me comia... O que posso dizer em minha defesa? Fiquei mais de cinco anos sem sexo. Aquele momento me deixou vulnerável.
- Me preocupa o fato de ele estar completamente apaixonado por você.
- Vai passar. Ele só tem 18 anos.
- Você só tinha 18 anos quando nos conhecemos...
- E nunca passou. – O olhei seriamente, suspirando.
- É muito importante para mim que Guilherme saiba a verdade, independente se vai me perdoar ou não depois disso.
- Você não fez nada errado, Charles. Fez tudo que estava ao seu alcance para ficar com ele.
- Eu não devia tê-lo levado para os bares, quando ainda era praticamente um bebê.
- Você tinha pouco mais de dezoito anos... Não tinha noção. Enquanto isso, a mãe dele estava longe, em outro país.
- Kelly é extremamente interesseira e egoísta.
- Mas ela tem dinheiro e boa condição social e financeira. O que ela quer mais?
- Status, luxo, mais e mais... Ela não se importa com ninguém a não ser ela mesma. E a família dela, embora tenham criado Gui, são pessoas sem coração.
- Se tivessem um coração, não teriam tirado um filho dos braços do pai.
- Acho que o medo deles foi perder o único neto. Ou que Kelly nunca mais voltasse e eles não pudessem mais ver Guilherme... Ou o menino os esquecesse com o tempo.
- Foram cruéis.
- Sim... E ainda, se não bastasse, devem ter falado mal de mim a vida inteira para o meu próprio filho, sendo que nada do que fiz foi por mal...
- Charles, vai dar tudo certo... Você e Guilherme vão se acertar, eu sei disso.
- Quando?
- Quando for a hora... – Curvei-me, dando um beijo nele.
Ouvimos batidas leves na porta. Sorri, levantando, jogando a coberta sobre ele. Já sabia quem era.
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