Beijei Charles imediatamente, como desejei desde o primeiro momento que o vi, ali, naquele mesmo lugar, afinando sua guitarra. Senti seus lábios consumindo os meus, o desejo tão forte e intenso quanto o que me atormentava nas últimas horas.
Puxei seu pescoço ainda mais, sentindo sua língua exigente, pedindo passagem em cada canto da minha boca sedenta. Ele tinha um gosto inexplicável de quero mais, com se eu pudesse ficar ali para sempre naquele beijo. As mãos de Charles passeavam pelas minhas costas e nossos corpos estavam tão juntos que mais pareciam um só para quem nos visse de longe.
Nem as palmas e gritos enlouquecidos nos fizeram parar. Aquele era o melhor beijo da minha vida. Minha língua entrou no interior da boca dele, explorando seu gosto, sentindo imediatamente seu membro endurecido dentro da calça.
Eu não queria que aquele momento acabasse nunca. Era uma mistura de sentimentos e sensações que eu jamais havia experimentado antes.
Nos largamos quando estávamos quase sem fôlego, ainda assim enquanto ele andava de costas, segurando minhas mãos, nossos lábios seguiam se tocando, como se separar-se fosse algo impossível.
Descemos quatro degraus laterais, enquanto eu seguia guiada pelas duas mãos dele, tentando em vão caminhar prestando atenção nos passos e não nos repetidos beijos que eu não queria deixar de receber.
Assim que percebi que passaríamos pela porta ao lado do bar, pedi:
- Pode me emprestar um dinheiro para eu pagar o táxi, senhor vocalista? – Pedi, em tom de brincadeira.
Ele me encarou:
- Quer dizer que a garotinha me procurou só para pagar sua conta com o taxista?
- Claro... Dentre tantas pessoas a quem procurar, eu sabia que só você teria o dinheiro para pagar a conta.
Ele riu e falou a um dos barman’s:
- Caio, pague o taxista lá fora, por favor.
- Ok. – O homem concordou.
- Ninguém entra aqui... – falou, pegando a chave do lado de fora da porta e colocando para o de dentro – Nem que pegue fogo neste lugar quero ser interrompido.
- Acho que é mais fácil o fogo vir daí... – O rapaz riu, deixando o bar com as notas de dinheiro, em direção à porta.
Charles entrou e eu o segui, esperando que ele trancasse a porta com a chave. Passamos pelo corredor que continha as garrafas e caixas com bebidas e antes que ele me levasse para outro lugar, o empurrei contra a parede, encarando-o:
- Não consigo ir mais longe... – confessei – Minhas pernas estão trêmulas...
Sim, eu não queria seguir adiante. Eu queria continuar beijando-o ali mesmo, como se não fizesse aquilo naquele momento, pudesse morrer.
- Espero que eu a tenha deixado assim... – Ele alisou meu rosto, descendo pelo pescoço, os olhos fixos nos meus.
- Sim, foi você... – Admiti.
- Esta é a última despedida? Você vai casar em algumas horas, minutos... Ou...
- Eu não vou mais casar. – Falei, como se aquilo não fosse mais uma tragédia e sim o melhor acontecimento da minha vida.
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