Eu e Yuna descemos do carro exatamente 17 horas, o horário combinado, no ponto de encontro com Colin.
Ele já nos esperava, na porta da loja de conveniência, ansioso. Quem ia para um encontro informal com a ex, numa cidade do litoral, num calor de quase 30° usando terno e gravata? Colin.
Assim que viu, o sorriso irradiou nos lábios dele. Colin Monaghan sempre foi um homem bonito e chamava a atenção das mulheres, não só pela beleza, mas também pelo sobrenome que carregava. Poderia viver com todo luxo que o cercava de nascença, sem fazer nada da vida. Ainda assim optou por seguir a carreira que o pai projetou para ele e hoje comandava todos os negócios da família. E muito bem, por sinal.
- Que bom revê-la, Sabrina.
Dei um beijo no rosto dele e apresentei:
- Esta é Yuna, minha amiga.
Os dois apertaram as mãos, polidamente:
- É um prazer conhecê-la, Yuna.
Ela não disse nada. Típico de Yuna: sem conversa, só analisando.
- Bem... Vamos ficar por aqui? – Colin olhou para os lados, certamente pensando num lugar onde poderíamos ficar.
- Quem sabe damos uma volta e encontramos uma cafeteria ou algo do gênero? – Sugeri.
- Ótimo. – Concordou.
Ele pôs os óculos escuros e nos levou até o seu carrão importado, que valia mais que a minha casa parcelada a perder de vista.
- Colin abriu a porta da frente para mim, mas acomodei-me atrás, acompanhada de Yuna. Ele ficou confuso e sentou-se no banco do motorista, ligando o carro enquanto nos observava pelo espelho retrovisor.
Não sei exatamente o motivo, mas nunca consegui sentir ódio de Colin pelo que ele fez no dia anterior ao casamento. Talvez porque nosso passado tenha sido tranquilo e de muito carinho, apesar do que houve.
Fiquei a lembrar que compramos uma casa sem sequer perguntar o preço, pois aquilo não nos importava. Contratamos uma pessoa para decorá-la, e ele escolheu os móveis e eletrodomésticos da melhor qualidade... E em momento algum eu pensei que tudo custava dinheiro. Jamais perguntei o preço de cada item que escolhi para o lugar. Ele nunca me cobrou nada, absolutamente nada.
Rodamos por duas quadras e encontramos uma pequena cafeteria. Tinha mesas na calçada e na parte interna, a qual Colin escolheu em função do ar condicionado. O lugar era bem pequeno, mas aconchegante.
Assim que sentamos, observando o pouco movimento pelas grandes janelas envidraçadas, Colin falou:
- Não sei como você encontrou esta praia... É estranha.
- Estou morando aqui.
- Morando?
- Sim... Com Charles. Ele é o pai de Medy... E do filho que eu espero. – Pus a mão na barriga, percebendo a decepção imediata dele.
- Você... Casou?
- Não. Estamos morando juntos. Afinal, casamento não significa muito, não é mesmo?
Ele suspirou:
- O que você quer de mim, Sabrina?
- Eu quero três coisas de você, Colin: processar uma garota que jogou meu nome na lama com um vídeo, requerer minha parte por direito na J.R Recording e nas propriedades de J.R Rockfeller... E que você não siga sendo o advogado de Guilherme Bailey e Kelly contra Charles Bailey, conhecido como Charlie B.
- Charles Bailey... É... – Ele enrugou a testa.
- É ele.
- Charles... Eu nunca esqueci o nome quando você falou, anos atrás. Mas jamais pensei que pudesse ser... O homem contra o qual eu movia o processo.
- Ele é inocente... Ele só quer o filho.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Lembranças das noites quentes de verão