- Corra, Colin! Eles não podem escapar. – Gritei.
- Meu Deus, estou dirigindo o máximo que posso.
Olhei para o velocímetro e ele estava a 100km/h.
- Está de brincadeira, Colin! Acelera esta porra.
Ele me olhou de soslaio, começando a ficar vermelho, só não sei de raiva ou medo:
- Você está louca... Completamente louca.
- Pode acelerar só um pouquinho mais, senhor traidor? – Yuna cutucou o ombro dele com o dedo indicador.
- Traidor? Como assim?
- Quem fica com a irmã da noiva um dia antes do casamento é chamado do que? Na minha terra, isso se chama traidor, infiel, dentre tantas outras palavras que não vou falar neste momento, pois é inoportuno. – Ela justificou.
Creio que Yuna sempre quis falar aquilo para Colin. Afinal, ela sabia exatamente tudo que passei ao longo dos anos junto dela e Do-Yoon. E Colin, apesar de mero coadjuvante na minha vida depois que apareceu “el cantante”, foi o primeiro a destruir meu coração e me fazer sentir o gosto da dor e traição.
- Estou andando a 100km/h numa estrada com limite de 80km/h e vocês ainda acham que sou o ruim na história? Sendo que estou quebrando regras por um homem que sequer conheço. – Justificou.
- Mas conhece a mim... – o olhei – Agora, acelera esta porra que eles estão tomando distância.
Vi o carro preto deles bem na frente, já na autoestrada e fiquei com medo de Colin não conseguir segui-los, tamanha sua lerdeza e temor.
- Sabrina, é perigoso... E se forem ladrões? – Yuna questionou.
- Eles “são” ladrões... Tenho certeza que foram eles que roubaram as coisas de Charles.
Percebi que Colin já conseguia passar dos 120km/h e fiquei mais tranquila.
- O que vamos fazer quando alcançarmos eles? Bater na traseira? Eu não posso fazer isso. Pode ocorrer um acidente e...
- Eu não pensei ainda no que fazer, Colin. Mas uma hora eles terão que parar... Nem que seja pela Polícia. E se isso acontecer, vou denunciá-los.
- Por um crime de cinco anos atrás? Fizeram registro?
- Não...
- Então esqueça... Não acontecerá nada a eles.
- Talvez você tenha visto errado... Confundido. Já faz muito tempo, Sabrina. – Yuna falou.
- Não estou confundindo. Eu lembro deles. Estão exatamente como eram há cinco anos atrás. Só mudaram o carro.
Na autoestrada, de via rápida, apareceram mais carros pelo caminho. Eles precisaram diminuir a velocidade e enfim Colin os alcançou, andando lado a lado.
O homem, dentro próprio carro, não olhava para mim, fixo na direção. Mas a mulher me encarava de forma apavorada. O vidro do carro deles não era escuro, o que dava grande visibilidade para a parte interna.
- Vai fazer o que? Mandá-los parar? – Colin perguntou, nervoso.
Fiz sinal com a mão para que parassem, mas isso só resultou no motorista acelerando ainda mais.
- Tem um posto de Polícia há alguns quilômetros daqui. Ou eles param antes, ou serão perseguidos não só por nós.
- Neste caso, não seremos perseguidos pela Polícia também? – Yuna perguntou, preocupada.
- Talvez... – Colin nem olhava para os lados, focado na direção.
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