Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 175

- Corra, Colin! Eles não podem escapar. – Gritei.

- Meu Deus, estou dirigindo o máximo que posso.

Olhei para o velocímetro e ele estava a 100km/h.

- Está de brincadeira, Colin! Acelera esta porra.

Ele me olhou de soslaio, começando a ficar vermelho, só não sei de raiva ou medo:

- Você está louca... Completamente louca.

- Pode acelerar só um pouquinho mais, senhor traidor? – Yuna cutucou o ombro dele com o dedo indicador.

- Traidor? Como assim?

- Quem fica com a irmã da noiva um dia antes do casamento é chamado do que? Na minha terra, isso se chama traidor, infiel, dentre tantas outras palavras que não vou falar neste momento, pois é inoportuno. – Ela justificou.

Creio que Yuna sempre quis falar aquilo para Colin. Afinal, ela sabia exatamente tudo que passei ao longo dos anos junto dela e Do-Yoon. E Colin, apesar de mero coadjuvante na minha vida depois que apareceu “el cantante”, foi o primeiro a destruir meu coração e me fazer sentir o gosto da dor e traição.

- Estou andando a 100km/h numa estrada com limite de 80km/h e vocês ainda acham que sou o ruim na história? Sendo que estou quebrando regras por um homem que sequer conheço. – Justificou.

- Mas conhece a mim... – o olhei – Agora, acelera esta porra que eles estão tomando distância.

Vi o carro preto deles bem na frente, já na autoestrada e fiquei com medo de Colin não conseguir segui-los, tamanha sua lerdeza e temor.

- Sabrina, é perigoso... E se forem ladrões? – Yuna questionou.

- Eles “são” ladrões... Tenho certeza que foram eles que roubaram as coisas de Charles.

Percebi que Colin já conseguia passar dos 120km/h e fiquei mais tranquila.

- O que vamos fazer quando alcançarmos eles? Bater na traseira? Eu não posso fazer isso. Pode ocorrer um acidente e...

- Eu não pensei ainda no que fazer, Colin. Mas uma hora eles terão que parar... Nem que seja pela Polícia. E se isso acontecer, vou denunciá-los.

- Por um crime de cinco anos atrás? Fizeram registro?

- Não...

- Então esqueça... Não acontecerá nada a eles.

- Talvez você tenha visto errado... Confundido. Já faz muito tempo, Sabrina. – Yuna falou.

- Não estou confundindo. Eu lembro deles. Estão exatamente como eram há cinco anos atrás. Só mudaram o carro.

Na autoestrada, de via rápida, apareceram mais carros pelo caminho. Eles precisaram diminuir a velocidade e enfim Colin os alcançou, andando lado a lado.

O homem, dentro próprio carro, não olhava para mim, fixo na direção. Mas a mulher me encarava de forma apavorada. O vidro do carro deles não era escuro, o que dava grande visibilidade para a parte interna.

- Vai fazer o que? Mandá-los parar? – Colin perguntou, nervoso.

Fiz sinal com a mão para que parassem, mas isso só resultou no motorista acelerando ainda mais.

- Tem um posto de Polícia há alguns quilômetros daqui. Ou eles param antes, ou serão perseguidos não só por nós.

- Neste caso, não seremos perseguidos pela Polícia também? – Yuna perguntou, preocupada.

- Talvez... – Colin nem olhava para os lados, focado na direção.

- Se eles são daqui, certamente sabem do posto da Polícia adiante. É minha esperança... Pois sei que vão parar por vontade própria.

- Claro que não. Pensou que sim? Simplesmente perseguiu-os, sem saber se realmente são quem você procura? – Colin recriminou-me.

- Eu não estou incerta sobre serem eles ou não, Colin. Eu sei que “são” eles. – Gritei.

Andamos por cerca de mais cinco minutos e eles reduziram a velocidade, assim que viram a placa anunciando o Posto de Polícia Rodoviária à frente.

Tive com um pingo de esperanças de que conseguisse conversar com eles.

E acho que, pela primeira vez na vida, a sorte sorriu para mim. O automóvel preto estacionou no acostamento da via.

- Pare, Colin! – Gritei, antes que ele conseguisse estacionar na via.

Imediatamente Colin foi desacelerando, enquanto tentava encontrar um lugar para estacionar de forma correta.

Saltei de dentro do carro, ainda em movimento. Impedi a queda no chão com as mãos no asfalto, levantando imediatamente, já começando a correr.

A mulher e o homem saíam do interior do carro, visando entrar na mata que havia à direita.

Enquanto tentavam subir o barranco, consegui puxar a mulher pela blusa, fazendo-a cair no chão. Alguns carros foram diminuindo a velocidade, curiosos com o que estava acontecendo.

- É melhor tentarem parar de fugir. Certamente vão avisar a Polícia ali na frente. E vocês estarão fodidos. Podem resolver isso por bem... Ou por mal.

- Eu não conheço você, sua louca! – Ela alegou, tentando levantar, enquanto eu a empurrava para o chão novamente.

- Se não me conhece, por que fugiu de mim?

- Ficamos com medo... Porque você estava nos encarando feito uma louca. – O homem tentou me puxar.

Colin pegou os braços dele por trás, imobilizando-o:

- Estão fugindo... É porque são culpados, sim. – Acusou-os.

- Não fizemos nada... Somos inocentes. – Ele argumentou.

- Ok – Yuna pegou o celular – Vamos ligar para a Polícia, mandá-los virem até aqui e então poderão provam sua inocência. Só que minha amiga aqui tem um vídeo de uma câmera de segurança, de um tempo atrás... E nele vocês não parecem nada inocentes.

- Vamos conversar... Mas sem violência, por favor. – A mulher pediu, levantando-se, enquanto limpava a roupa suja de poeira do chão.

- Enfim, a verdade. – Levantei as mãos para o céu.

Nos encaminhamos para próximo do carro deles, posicionando-nos entre o automóvel e a mata.

- O que você quer? – A mulher perguntou.

- Há cinco anos atrás... – Comecei.

- Você não ficou ferida... Nenhum hematoma – o homem disse – Não havia munição na arma.

Arqueei a sobrancelha, confusa. Do que ele estava falando?

- Não, não fiquei ferida... – Fingi saber do que se tratava.

- Era para ser rápido... E foi. Ele nos fez prometer que nada aconteceria com você. O plano era só pegar o seu carro e celular...

Minha respiração acelerou. Sim, eu sabia do que ele estava falando. Era da noite em que meu carro foi roubado no centro da cidade.

- Sim... “Ele”... Se preocupou comigo, apesar de tudo.

- Sim.

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