Senti saudades do meu amigo Do-Yoon e seus maravilhosos pratos. Lianna certamente estava muito feliz ao lado dele.
O jantar foi tranquilo e Colin e Charles foram polidos um com o outro. Na verdade, eu não esperava menos deles. Ambos eram homens maravilhosos, cada um do seu jeito. E eu não podia fingir que nunca gostei de Colin, porque estaria mentindo. Ele foi importante na minha vida e fazia parte dela. Foi o primeiro homem que beijei e com o qual perdi minha virgindade. E ficaria marcado para mim eternamente.
Apesar de ter dormido com Mariane na noite antes do casamento, ele sempre me tratou bem e respeitosamente. Fazia minhas vontades, era gentil e eu adorava a mãe dele.
O que me incomodava é que Colin era respeitoso demais. Tinha transtorno obsessivo compulsivo por limpeza, o que a meu ver parecia ter superado um pouco. Só transava numa cama, limpa, confortável e que se sentisse seguro quanto a eu não engravidar. Respeitava horários fielmente e não fazia nada de errado, nunca. Era o tipo de homem que mesmo que todos ao seu redor desobedecessem a uma regra, ele não o faria.
Como passei praticamente toda a adolescência com ele, comecei a querer me arriscar mais, principalmente com relação ao sexo. Mas ele não me deixava transpor a barreira que havia criado entre o sexo seguro e rotineiro.
Também passava muito tempo em reuniões de negócios e mesmo nas festas, se encontrava um conhecido do meio dele, me esquecia e priorizava o assunto de sempre: trabalho.
Um homem que não tinha um fio de cabelo fora do lugar, que se vestia de forma impecável, fazia a barba diariamente, não gostava de beijar pela manhã nem durante as refeições.
Olhei para “el cantante”, que comia enquanto falava com Melody, tentando se adaptar à comida que talvez nunca tivesse provado antes. Sorria o tempo todo e parecia feliz.
Ele me olhou e flagrou-me encarando-o. Sorriu e deu-me um beijo nos lábios. Fechei os olhos e estendi um pouco o contato, embora não tivesse posto minha língua dentro da boca dele. Eu era completamente louca por aquele homem.
- Sua comida é muito boa, Medy. – Colin elogiou.
- Mas eu só ajudei. Quem fez quase tudo foi a tia Yuna.
Colin olhou-a, timidamente:
- Adoro a culinária coreana e confesso que me senti num restaurante típico.
- Obrigada. Mas não sou muito boa na cozinha. O especialista é meu irmão.
- Sim, Do-Yoon é maravilhoso na cozinha. Mas Yuna se saiu muito bem. – Elogiei.
- O que você faz? – Colin perguntou à ela.
- Pediatra.
- Ela é minha pediatra... E dinda. – Melody explicou, orgulhosa.
- Pretende arranjar um trabalho por aqui?
- Na verdade, não sei. Pretendo voltar para Noriah Sul. Estava planejando montar um consultório só para mim. Fui demitida de um hospital infantil no qual trabalhei por anos.
- Foram cruéis com ela. Yuna se dedicava 100% ao trabalho e simplesmente decidiram que não a queriam mais. Duvido conseguirem alguém que não falta nunca, comprometida, com um currículo impecável, melhores notas na faculdade... – Falei.
- Faz parte – Colin disse – Dedicar-se ao trabalho é algo que eu faço com prazer, pois sou apaixonado pelo que faço.
- Eu também... Por isso nunca me importei em dar mais do que me pediam. Doei-me de corpo e alma e acredito que isso é o correto. Ame o que faz e não terá um trabalho... – Ela sorriu.
- O hábito de tirarem os calçados na cozinha é muito higiênico. Estou pensando inclusive em usá-lo na minha casa. E percebi que não se importa em solicitar isso, mesmo aos estranhos, pois é o correto a fazer. – Admirou-se Colin.
- Não, não me importo mesmo. Você sabe quanto de bactérias pode ter num único pé de sapato?
- Não... – Colin olhou-a curioso.
- 421 mil bactérias, incluindo as causadoras da meningite, diarreias, infecções respiratórias e de sangue.
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