Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 185

Um mês depois que iniciei na J.R Recording, contratei uma empresa terceirizada para uma auditoria na gravadora.

No dia seguinte, assim que cheguei à minha sala, nem sequer havia tirado minha bolsa e a porta abriu-se de forma violenta, batendo na parede com um estrondo e Mariane entrou, sem pedir licença:

- O que você está pensando? – Vociferou na minha direção.

- Eu... Não sei do que você está falando. – Guardei minha bolsa no armário próximo da janela, tentando ficar calma.

- Como assim você contratou uma empresa de fora para auditoria? Por acaso duvida das contas que apresentei até agora?

- Sim, duvido. – Falei com tranquilidade, sentando-me na minha cadeira confortável e ligando o computador.

- Vou falar para o nosso pai. Ele não vai aceitar isso. Eu tenho certeza.

- Ele me deixou responsável pela parte financeira da J.R Recording, “irmã”. Estou fazendo o que acho correto. Lembre-se que esta empresa não é minha, nem sua... É “nossa”.

- Auditorias podem ser feitas internamente. Não confia nos seus funcionários?

- Ainda não. Mas com o tempo talvez passe a confiar. Por hora, as contas devem ser feitas por alguém de fora.

- Não há dinheiro para arcarmos com isso.

- Eu estou cuidando da parte financeira agora e digo que há sim. Pelo menos para isso.

- Vou acabar com você. – Apontou o dedo indicador na minha direção, em forma de ameaça.

Eu sorri e virei a cadeira em direção a ela, falando de forma lenta e gentil:

- Eu estou tão feliz que a sua máscara de boa irmã finalmente caiu. Prefiro você assim, sem mentiras, falsidades... Simplesmente sendo o que consegue ser: uma vagabunda despeitada, invejosa, ladra e ciumenta.

- Não tenho culpa se seus homens preferem a mim.

Eu gargalhei:

- Meu Deus, em que mundo você vive? Por que quer tanto o que eu tenho? O que lhe falta para ser feliz e viver a sua vida, afinal?

- Está tentando acabar com a minha reputação frente ao nosso pai.

- Qual seu medo? Se está tudo certo, não há o que temer.

- Não temo nada. Fiz tudo de forma correta. O que me irrita profundamente é que “você” está duvidando de mim. E acho, inclusive, que pode mentir que eu tentei roubar a empresa.

Eu ri:

- Por isso mesmo contratei uma empresa terceirizada: para que não haja nenhum tipo de ligação entre eles e você. Eu tenho uma coisa que se chama honestidade, mas infelizmente você não sabe o que é.

- Por que não vai viver a sua vidinha mais ou menos ao lado de Charles e a pirralha de vocês? Me deixe em paz, porra!

- Em paz... Como você me deixou? – Debochei.

Ela dirigiu-se para a porta e antes de sair, falou:

- Cuidado quando entrar no elevador, passar sobre um tapete, beber café, água, entrar no seu carro... Afinal, sou uma irmã cruel e capaz de tudo. – Tentou me amedrontar.

Assim que ela saiu, senti meu coração bater mais forte. Mariane tentou fingir que não era uma ameaça as últimas palavras, mas me feriram em cheio. Fiquei amedrontada.

Uma pessoa que foi capaz de fazer tudo que ela fez não conhecia limites.

Charles estava viajando já fazia quase uma semana. Nos falávamos várias vezes ao dia, por chamada de vídeo ou voz. Ainda assim parecia que ele estava longe há meses, tamanha saudade que eu Melody sentíamos.

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