- Nós... Nos falamos vez ou outra por telefone.
- E você gosta de conversar com ele?
- Eu... Gosto. Mas tentei muito fugir deste jantar. Só aceitei porque ele insistiu muito. E garantiu que iremos num restaurante Coreano que tem na capital. Como estou com muita saudade da minha culinária, acabei aceitando.
Eu ri:
- Fez muito bem. A vida está te dando um presente... Receba, amiga.
- Como estou? – Ela girou, o vestido preto meio folgado, o decote comportado.
- Está... Parecendo uma mulher que só quer comer comida coreana.
Começamos a rir. Eu sabia que Yuna não gostava de se exibir, especialmente o corpo. E sinceramente, Colin não se importaria. Ele curtia muito mais conversar do que “trepar”. Para ele sexo era consequência. Para mim era causa. Por este motivo eu meio que sempre ficava um pouco frustrada depois das nossas transas. Ele seguia sempre um roteiro e o sexo vinha depois de tudo. E caso não desse tempo, a gente não fazia.
Yuna era uma mulher viciada em trabalho e família. Para ela também nada poderia sair da rotina. Ela curtia a noite algumas vezes porque eu insistia muito. Achava que ela era linda e inteligente demais para ficar trancada dentro de casa. Por sorte ela me ouvia. Mas não tenho certeza se transava com os homens que conhecia, embora soubesse que ela não era virgem.
Os dois eram muito parecidos. Mas não tinha como ter certeza se dariam certo. Mas eu poderia apostar que sim.
Ouvimos a buzina há quilômetros de distância e ela saiu correndo pela casa, abrindo a porta e pondo do sapato quando já estava na varanda.
- Tenha um bom jantar – gritei enquanto a via andar com dificuldade pelas pedras até o carro – E não tenha pressa para voltar.
Ela fingiu não me ouvir. Fechei a porta quando vi que ela entrou no carro de Colin.
Levei Melody para o banho e disse, enquanto a secava, antes de tomar meu próprio banho:
- Vou preparar o jantar para nós duas.
- E papai?
- Ele volta depois de amanhã. Você sabe.
- Eu estou com saudades. – Ela reclamou, dengosa.
- Nós também. – Referi-me a mim e ao bebê, tocando a barriga.
Melody tocou minha barriga e falou com o irmãozinho ou irmãzinha:
- Nosso papai é muito legal. Você vai gostar dele. E nossa mamãe... – me mirou, os olhinhos verdes brilhando e um sorriso travesso nos lábios – Ah, nossa mamãe é uma rainha... E eu vou ajudar a cuidar dos seus animaizinhos, porque ela não consegue fazer isso muito bem.
- Lá vem você! – Comecei a rir.
Ouvimos batidas fortes na porta. Não costumávamos receber visitas, até porque morávamos ali há pouco tempo. Como Colin e Yuna já haviam saído e Charles tinha a chave e não bateria na porta, fiquei um pouco temerosa:
- Espere aqui que vou atender, ok?
- Eu quero ir junto.
- Obedeça a mamãe... Por favor. – Pedi, encarando-a de forma séria.
- Está bem.
Desci as escadas e fui até a porta. Antes de abrir, perguntei:
- Quem é?
- Somos nós, filha! – Ouvi a voz de Calissa do outro lado.
Senti meu coração bater forte e fiquei incerta de abrir ou não. Mas era ela... Já fazia mais de um mês que não nos falávamos.
Abri a porta e dei de cara com Calissa e... J.R. Sim, eu fui ingênua. Não esperava que ele estivesse junto.
- O que... Vocês estão fazendo aqui? – Olhei para ele.
Como ele tinha coragem? Visitar a casa onde um dia armou para que prendessem o pai da minha filha? Que sangue frio aquele homem tinha, capaz de ir ao lugar onde destruiu a vida da própria filha e o homem que ela amava?
- Podemos entrar? – Ela perguntou, os olhos avermelhados.
A encarei, confusa. Minha mãe havia chorado?
- Não. – Respondi com firmeza.
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