- Eu penso que... Não quero os presentes. Eu pedi para o Papai Noel o meu papai e ele trouxe. Não preciso de mais nada... Não ouviram a minha mamãe? Ela disse “não”. E “não” é “não”.
- Mas diga a ela que você quer ver o vovô e a vovó... Por favor. – Ele quase implorou.
- Eu não quero mais ver vocês – ela foi firme – Nunca mais.
- Não pode dizer “nunca”. Você só tem cinco anos. – Ele balançou a cabeça, confuso.
- Jordan, deu! Ela já lhe deu a resposta que você queria. Agora vamos embora. – Calissa tentou puxá-lo.
Ele me encarou e depois olhou para Melody, os olhos um pouco menos raivosos. Acenou para ela e virou as costas, indo com Calissa para o carro.
Fechei a porta e fui até Melody, abraçando-a, não contendo as lágrimas. Ela estava alguns degraus acima de mim e alcançou meus cabelos, alisando-os:
- Não chore, mamãe. Eu amo você.
- Eu também amo você. – Limpei as lágrimas.
- Vamos pedir pizza? – Sugeriu, talvez para tentar me alegrar.
- Pode ser... – examinei seus olhinhos verdes, preocupada – O que você ouviu da conversa.
- Um pouco – confessou – E não quero mais ver os dois, mamãe.
- Mas... Por quê?
- Vovô é muito rude com você. E quem fala assim com a minha mamãe... Eu não devo gostar.
- Melody, você é o que eu tenho de mais importante na vida. Não há um só dia que eu não agradeça aos céus por você. Obrigada... Por ser a minha filha.
- Obrigada por ser a melhor mamãe do mundo. – Ela gritou, levantando os braços, rindo, os dentinhos minúsculos e brancos perfeitamente enfileirados na boca carnuda.
A enchi de beijos:
- Agora vamos pedir uma pizza. E deixo você escolher os sabores.
- Vamos ligar para o papai?
- Vamos. Mas primeiro... Eu preciso de um banho. E acho que comida. – Comecei a rir, sentindo meu estômago roncar.
- Mamãe, o bebê está com fome. – Ela começou a rir do som produzido pela minha barriga.
Subimos e tomei um banho rápido, enquanto ela me esperava no quarto. Pedimos a pizza e durante o tempo que eu penteava os cabelos, fizemos chamada de vídeo para Charles.
- Olá, garotinhas. – Ele estava dentro de um carro, mas não dirigindo.
- Papai! – Ela gritou.
- Olá...
- Tudo bem, Sabrina? – Ele pareceu perceber minha tristeza imediatamente.
- Tudo certo. – Menti.
- Nós pedimos pizza. E mamãe me deixou escolher os sabores. O bebê está com fome. – Melody o pôs a par de tudo.
- Que ótimo. Eu tenho uma surpresa para vocês.
- Surpresa? Eu amo surpresas! Mas não vou perguntar o que é. Porque senão não é surpresa. – Ela disse ao pai.
- Exato. Estou morrendo de saudades. – Ele me olhou.
- Nós também.
- Eu preciso desligar. Assim que der, ligo de volta.
- Sua cara está péssima. – Observei.
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