Charles pegou o notebook dentro da gaveta e ligou-o.
- Colin disse para... – Tentei explicar.
Ele abriu o Google e as notícias estavam espalhadas como ventania em dia de tempestade...
- “Charlie B. esteve preso por quatro anos acusado de estupro e roubo”... – Minha voz saiu fraca enquanto lia.
- A vagabunda da Mariane me destruiu... – Ele deu um soco na mesa ao lado da cama, estrondando a madeira.
Dei um salto, assustada, meu corpo automaticamente estremecendo de raiva.
- Me... Desculpe... – Olhou para a mão, que avermelhou imediatamente.
- Você disse que não poderíamos jogar as cartas primeiro... – levantei – Isso é injusto. Estão nos destruindo aos poucos... Não vai sobrar nada de nós, Charles.
- Não temos as porras das cartas, Sabrina. Qualquer passo que damos, eles nos têm na mão – Ele levantou, andando de um lado para o outro.
- Ela destruiu não só sua carreira, mas também a sua vida... A nossa vida. – Gritei.
- Porra... Como vamos sobreviver?
- Precisa ir a público, dizer que é tudo mentira.
- Quem vai acreditar em mim? Ela deve ter todo registro em mãos da minha prisão... Isso se não mandar a menina ir para imprensa e mentir de forma mais ardilosa ainda... Eu estou acabado.
Fui até o armário e comecei a me vestir.
- O que você vai fazer? – Charles perguntou.
- Vou fazer qualquer coisa, porra! Só não vou deixar isso barato... Ah, não vou mesmo.
Ouvimos batidas leves na porta. Senti meu coração bater mais forte. Sabia que era Medy.
Charles abriu a porta e ela entrou, jogando-se na cama. Me olhou e perguntou:
- Onde nós vamos?
Respirei fundo e a abracei, deitada preguiçosamente na cama:
- Mamãe vai sair... E já volta.
- Eu vou junto. – Charles afirmou.
- O que aconteceu? É muito cedo... Eu tive um pesadelo.
- Que pesadelo? – Charles perguntou.
- Eu sonhei que jogamos Solitário II no mar, para que ele encontrasse a família... Mas então veio um tubarão e o comeu.
- Isso é horrível. – Ele a pegou no colo, acalentando-a.
Peguei o rostinho dela e a fiz direcionar-se a mim:
- Você não precisa jogá-lo no mar se não quiser. Sabe disto, não é mesmo?
Ela assentiu, os olhinhos tristes.
- Se você quiser que Solitário II seja livre, precisa colocá-lo no mar. Mas sim, vai correr o risco de algum animal maior devorá-lo. Também podemos pensar que ele é esperto e nada bem... E tem grande chance de fugir e não ser pego, até encontrar seus parentes ou mesmo amigos da mesma espécie. – Charles lhe disse.
- Querida, sempre há tubarões... Em qualquer lugar, não só no mar. E eles tentarão devorar os menores sempre. Não podemos nos dar por vencidos, entende? Ou teremos que morrer dentro de nossas casas. Eu estou com vontade de caçar um tubarão. Que acha de vir comigo e com papai?
- Eu quero! – Levantou os braços, já contente, batendo as perninhas para fugir do colo do pai, correndo para seu quarto.
- Vou ajudá-la a pegar uma roupa. Tomamos um café e partimos.
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