Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 192

- Qual o problema dela com você?

- O problema dela é que eu consegui ganhar dinheiro. É só isso que ela quer. Kelly é uma mulher que não se preocupa com nada a não ser ela mesma. Não criou sequer o próprio filho e ainda foi capaz de me destruir perante ele.

- Eu... Não sei o que dizer.

- Que sou um azarado? Um idiota, burro, por ter colocado a casa no meu nome? Porque é isso que sou, Sabrina.

- Não... Você é só um cara que tenta ver o lado bom das pessoas, mesmo elas não tendo.

- O dinheiro é uma coisa muito louca... – ele riu de forma triste – Eu não falo com minha mãe há anos... Na verdade, desde que saí com Guilherme ainda bebê da casa dela, procurando um lugar para nós dois. Acredita que ela me ligou na semana passada?

- Isso... É bom ou ruim?

- Seria bom se ela se preocupasse de verdade com o que aconteceu comigo durante todos estes anos. Mas acredite, minha mãe me chamou de Charlie... Eu nem me chamo Charlie, entende? É o nome que criaram para mim, para diferenciar um pouco do meu. Imaginei se ela sabe que eu me chamo Charles...

- Claro que ela sabe... – Toquei a mão dele, incerta sobre o que pensar sobre a mãe dele.

- Sabe o que mais ela falou?

- O quê?

- Que a casa dela está caindo aos pedaços. Se por acaso eu poderia dar um jeito nisso.

Engoli em seco, tentando conter o choro.

- Mal ela sabe que meu próprio filho me tirou o pouco que eu tinha. Agora você entende por que às vezes eu demoro para tomar decisões? Porque tem coisas que não parecem reais. Nunca esperei muito das pessoas... Até conhecê-la, Sabrina. Se entregou a mim... Confiou em mim, sem sequer saber quem eu era.

- Talvez tenha sido a primeira loucura da minha vida... – Eu ri.

- Lembro do seu boquete mal feito... – Confessou divertidamente.

- Mal feito? – Arqueei a sobrancelha, surpresa.

- Me machucou... Estava completamente sem jeito.

- Mas você gozou.

- E doeu pra caramba os seus dentes no meu pau.

- Meu Deus! – Pus as mãos na frente do rosto, envergonhada.

- A segunda vez foi perfeita... – Ele alisou minha perna, sorrindo.

Depois de um tempo, eu disse:

- As pessoas podem ser horríveis, Charles. E não precisa haver uma explicação para isso. Colocam dinheiro, status, inveja... Tudo acima do amor.

- Por isso eu sou tão grato por “nós”, entende?

- Sim, eu entendo. Mas se deixarmos tudo como está, seguirão nos atacando.

- Eu sei, meu amor. Isso encerra hoje.

- Eu... Posso saber o que você tem em mente?

- Não. – Falou seriamente.

Chegamos na capital e Charles estacionou o carro em frente à sede do maior canal de TV aberta de Noriah Norte.

Pegou-me pela mão e entramos no edifício, onde ele foi recebido pela recepcionista:

- Senhor Bailey... É um prazer tê-lo no nosso canal, com exclusividade.

- Obrigado.

- Seja bem-vinda, senhora Bailey.

Eu sorri, acenando com a cabeça. “Senhora Bailey”? Meu Deus, aquilo soou como uma canção aos meus ouvidos.

Apertei a mão de Charles, enlaçada na minha, enquanto seguíamos a recepcionista, caminhando pelo piso limpo, brilhante e escorregadio, até um dos inúmeros elevadores.

Para minha surpresa, paramos no último andar: vigésimo. Ingressamos diretamente numa porta de vidro automática, que ficava logo em frente. Descemos dois degraus largos, feitos do mesmo piso que parecia vidro, chegando à plataforma de onde eram apresentadas as principais notícias.

Quando vi Rosy Strassbaum, a apresentadora do telejornal mais assistido no país, fiquei imóvel, sentindo meu coração bater intensamente.

Ela veio até nós, sorrindo. Usava um conjunto de terno e calça cinza escuro, com uma camisa branca por baixo. Os cabelos estavam presos num coque impecável e o rosto adornado por óculos de grau com armações finas em prata.

- Charles Bailey, meu querido Charlie B... – Abraçou-o com intimidade.

- Bom revê-la, Rosy.

“Bom revê-la?” Como assim, “el cantante”?

Ela se afastou um pouco dele, que me apresentou:

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