- Demitida? Mas como assim? Você trabalha lá a sua vida inteira. Ele... Não pode fazer isso. – Fiquei incrédula.
- Meu salário começou a atrasar nos últimos meses...
- Atrasar? Por que você não me disse nada? – Yuna olhou-a seriamente.
- Não queria preocupá-la, minha filha. Sem contar que você já estava querendo que eu saísse de lá.
- Yuna só estava preocupada com você, Min-ji. Meu pai é o tipo de homem que não tem escrúpulos. Não consigo entender o que a fez ficar lá por tanto tempo.
- Você... E Calissa.
- Como minha mãe reagiu frente a tudo: o programa de TV, sua demissão... Ou melhor, minha mãe “reagiu” ou simplesmente ignorou a verdade?
- Calissa é uma boa pessoa, Sabrina.
- Não consigo aceitar a passividade dela frente a tudo que meu pai faz.
- Ela tentou contestar minha saída.
- Mas preferiu ficar lá, com ele... Como sempre.
- Não julgue, querida... Não é fácil para ela, também.
- Como não julgar, Min? É inaceitável a forma como ela age, como se nada a abalasse.
- Tenho medo do que seu pai pode fazer com você. – Ela olhou para mim e depois para Charles.
- Pior do que ele já fez, só matar a um de nós. – Charles disse, indignado.
- Qual o motivo da demissão? O que ele alegou? – Yuna perguntou.
- Falta de dinheiro para me manter na mansão.
- Isso deve ser verdade – falei – Eu não sei como ele conseguiu manter os empregados, ou pelo menos boa parte deles, por tanto tempo, sendo que a empresa já não gera mais lucros.
- Só você foi demitida? Ou mais alguém? – Yuna quis saber.
- Eu era uma das últimas funcionárias da casa.
- Min, por que não nos disse isso antes? – Fiquei confusa.
- Eu... Não queria incomodar. Vocês já têm seus próprios problemas.
- Min-ji, você não é um problema, nem nada que acontece com você, entende? Faz parte da nossa família, porque Yuna é minha família, assim como Do-Yoon. Além do mais, certamente já pode aposentar-se. Já tem tempo para isso, não é mesmo?
- Sim... Poderia. Mas ficar sem fazer nada não está nos meus planos. Eu não conseguiria.
- Eu gostaria muito de contratá-la, mas sinceramente, não tenho poder aquisitivo para isso. Também estamos passando por uma fase financeira ruim. – Expliquei.
- Mas isso não significa que não possa ficar aqui conosco, Min-ji – Charles deixou claro – Até porque a situação caótica é provisória.
- Quando você acha que voltará a fazer shows? – Yuna perguntou.
- Não vou voltar – ele olhou-a seriamente – Meu plano agora é comprar o Cálice Efervescente.
- Mas... Vai abrir mão de tudo? – Min-ji impressionou-se.
- Não é sobre abrir mão... É sobre prioridades. – Explicou ele.
- Bem... – levantei – Eu preciso deitar e tentar descansar. Foi um longo dia... E cheio de surpresas. E espero que amanhã comecemos a colher os frutos do que plantamos: provar que Charles é inocente e virar o jogo contra Mariane e Jordan Rockfeller.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Lembranças das noites quentes de verão