Naquela mesma semana, recebi o resultado da auditoria que havia contratado para a J.R Recording. E decidi ir pessoalmente dar o resultado ao dono da empresa, no caso, meu pai. Marquei com ele no final da tarde, na sala da diretoria, da qual Mariane havia se apossado.
- Você não vai sozinha. – Charles avisou.
- Eu não tenho medo de meu pai... Não mais, Charles. Ele não pode mais me fazer mal. E qualquer coisa que me aconteça, todos saberão que ele é o responsável.
- Então admite que é arriscado.
- Não... Não quis dizer isso. Pelo contrário, quis confirmar que estou segura.
- Nem pensar. Eu vou junto. Se preferir, eu não entro na conversa. Mas sozinha você não irá até a J.R Recording. Principalmente depois da entrevista que demos contra o seu pai.
Suspirei, vencida:
- Tudo bem.
Melody desceu as escadas, vindo de seu quarto, com a mochila nas costas:
- Hoje a mamãe e o papai vão me levar na escola. – Vibrou.
- Exatamente. – Apertei a mãozinha dela quentinha entre a minha.
- Mamãe, será que vai se menino ou menina este bebezinho? – Tocou na minha barriga.
- Independente do que for...
- Nós vamos amar. – Ela completou, sorrindo.
Antes de levá-la na escola, iríamos todos juntos na ecografia. Certamente descobriríamos o sexo do bebê. E estávamos ansiosos.
Charles dirigiu até a Clínica, que ficava no Hospital onde eu fazia o pré-natal. A escola de Melody não ficava muito longe dali.
Assim que entrei na sala para o procedimento, me senti tranquila e feliz. Ver meu bebê era sempre uma das melhores coisas que acontecia na minha vida. E dizer que eu não estava ansiosa, seria mentira. Meu palpite era de que viria um menino, mas sabia que poderia estar errada.
A enfermeira me preparou, abrindo a camisa e protegendo minha roupa com plásticos, para que não umedecessem por causa do gel. Assim que saiu, desligou a luz principal.
O médico entrou logo em seguida, tomando seu lugar em frente à máquina.
- Olá, senhorita Rockfeller.
- Olá, doutor.
Uma leve batida na porta e Charles e Melody entraram, ainda mais ansiosos do que eu.
- Bem-vindos – cumprimentou o doutor – Devem ser o papai e a maninha, estou certo?
- Sim – Melody respondeu mais que depressa – Sou a irmã do meio agora.
- E aposto que está ansiosa para saber se vai ser “o” ou “a” caçula. – Ele disse para ela em tom de brincadeira.
- Muito ansiosa.
Charles pegou uma das minhas mãos e Melody a outra.
- Querem sentar? – O doutor ofereceu um dos sofás que ficava mais adiante.
- Não, preferimos ficar junto de Sabrina. – Charles afirmou.
- Então, vamos ver como está este bebê.
O doutor derramou o gel gelado na minha barriga e pôs o aparelho sobre ela, explorando o útero, sob a minha barriga saliente.
Logo avistamos a tela com aquele serzinho já completamente formado. Olhei para Charles e Melody e imediatamente as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto.
- Mamãe... O bebê é tão lindo! – Melody apertou minha mão, sem mover os olhos da tela.
O olhar de Charles encontrou o meu e percebi toda sua emoção na lágrima que caía do seu olho, a qual ele limpou rapidamente.
- Como podem perceber, está tudo certo com este bebezinho – o doutor falou de forma tranquila – E por sorte temos pernas abertas e a certeza do sexo. Alguém aí quer saber?
- Eu! – Melody quase gritou, ansiosa, os olhinhos brilhando.
- Melody, você será a irmã do meio de... Outra menina. – Ele revelou.
- Menina? Você errou, amor! – Charles começou a rir, emocionado.
- Menina? Papai, Gui vai ser o único menino.
- Sim, meu amor... Gui continuará sendo o único menino nas nossas vidas.
- Estou com saudade de Gui. – Ela confessou.
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