O restante da semana eu me dividi entre a faculdade, fugir de Colin e tentar encontrar meu cantor na internet.
Charles tinha algumas fotos, uns poucos vídeos gravados por fãs... Mas nada além do Cálice Efervescente. Não tinha rede social ou perfil pessoal. O que eu queria? Encontrar o endereço e telefone dele num acesso mundial? A parte boa é que descobri que na quinta-feira o Cálice Efervescente abria.
E até quinta eu não vivi... Sobrevivi.
Recusei o motorista naquele dia e fui para faculdade no meu próprio carro. E não assisti a aula da noite. Fui para o bar de beira de estrada, com o nome escrito em letras neon.
Assim que estacionei meu carro na frente, chamando a atenção de todos que estavam próximos, meu coração acelerou.
Tentei fingir naturalidade e não me preocupei com os olhares curiosos da mulher saindo da Ferrari num bairro suburbano. Saber que eu veria o amor da minha vida fazia com que nada mais tivesse importância naquele momento.
Entrei no bar, sentindo o aroma já não mais tão estranho, de certa forma até familiar. Fui diretamente até o palco e não havia nenhum instrumento ali. Confusa, me dirigi até o bar, tentando identificar o barman que havia emprestado a casa para nós naquela noite.
- Sabrina?
Olhei para o homem claro, alto, de olhos mel, que sorria para mim. Sim, era um dos barman’s.
- Oi... Sou eu.
- Charles pediu para lhe entregar uma coisa.
Ouvir o nome dele me fazia acreditar que não havia sido um sonho e que ele realmente existia.
Enquanto o homem andava e eu o seguia, perguntei:
- Onde ele está? Não vai tocar hoje?
- Não... Ele foi demitido. Não toca mais no Cálice Efervescente.
Parei, sentindo meu coração bater descompassadamente e o chão como se estivesse abrindo naquele momento, me engolindo.
- Como assim demitido? – Gritei, para ser ouvida.
- Ele discutiu com o dono.
Fiquei muda, sem conseguir pronunciar uma palavra sequer. Ele me entregou um papel dobrado:
- Guardei... Ele tinha certeza que você viria.
- Sim, mas... Por que ele não veio? Tudo bem que não toca mais, mas poderia...
Enquanto ele me olhava eu percebi que de nada adiantava questioná-lo. Balancei a cabeça e sorri:
- Obrigada.
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