- Não é sobre perdão, Colin. É sobre não haver mais casamento... Nunca mais.
- Isso não pode, entende? Eu me arrependi. Eu pedi desculpas... Me diga qualquer coisa que queira que eu faça e juro que farei.
- Quero que pare de me ligar. E me deixe em paz.
- Sabrina...
- Eu estou apaixonada por outra pessoa, Colin. – Me ouvi falando.
- Apaixonada por outra pessoa? Como assim? Isso não é possível.
- Sim, é possível, Colin. Acabou.
Dizendo isso eu deixei a sala, fechando a porta e subindo para o meu quarto.
Sentia-me um pouco tonta e por isso deitei na cama, imediatamente, enquanto via o teto rodar. Não sei porque, mas tinha um sorriso bobo nos meus lábios.
- Ele é um idiota!
Fiquei ali um tempo, esperando que tudo girasse mais devagar para eu conseguir levantar. Ouvi uma batida na porta e vi duas Min-Ji na minha frente.
- Min... Você duplicou?
- Não... Você bebeu algo muito forte. Eu trouxe um chá. – Ela ajudou-me a sentar na cama, recostando-me sobre a cabeceira.
- Não é tontura da bebida... É estranho... Diferente.
Bebi o chá quente, sem açúcar.
- O senhor Monaghan vai ficar para o jantar. – Ela disse.
- Então retire meu lugar à mesa, por favor.
- Já retirei. Imaginei que diria isso. Expliquei que não se sentia bem.
- E... Minha irmã?
- Alegou indisposição e enxaqueca. Sua mãe recebeu uma ligação de uma amiga e saiu. Então será seu pai e seu ex noivo no jantar.
- Posso apostar que minha mãe mandou alguém ligar para ela.
- Eu também. – Min sorriu.
- Pode me dar um analgésico? – pedi.
- Claro. Vou buscar.
Ela foi até o closet e voltou com dois comprimidos. Engoli com o restante do chá.
As próximas quatro semanas que passaram eu fui para a faculdade todos os dias. Porém não assisti as aulas, pois nem matriculada estava mais.
Claro que eu contaria ao meu pai. Isso se não tivesse dado um grande problema com a J.R Recording, onde um grande astro do pop processava meu pai e exigia o rompimento do contrato de gerenciamento de carreira. A questão envolveu também os Monaghan. Isso me deixou um pouco tranquila e me sentindo menos vigiada.
Ao final da quarta semana, J.R precisaria viajar para encontrar o tal artista, a fim de chegarem a uma trégua e os nomes de ambos sairem da imprensa.
Aproveitei a viagem dele e na noite de sexta-feira pedi para o motorista fazer o trajeto do Cálice Efervescente.
Me senti uma prisioneira nas últimas semanas e assim que achei que estava segura, decidi procurar o amigo de Charles e pegar qualquer informação nova. Sabia que certamente ele havia passado pelo bar. O amigo que emprestou a casa para nós deveria ter o número novo dele.
Quando o motorista estacionou na frente do bar, não havia nenhum carro próximo. E as letras em neon estavam apagadas. Desci e ele veio atrás de mim:
- Senhorita, sinceramente, não quero confusão com o seu pai. Eu preciso deste emprego.
- Se precisa deste emprego, venha comigo e seja cego, surdo e mudo. Porque só eu posso mantê-lo nesta função e sabe muito bem disto. – Falei, sem me preocupar muito.
A porta do Cálice Efervescente estava com várias fitas adesivas amarelas coladas.
- Acho que alguém morreu aqui. – Falei, assustada.
- O local está restrito. Não pode ser acessado.
Tentei encontrar alguma placa ou aviso escrito, mas não havia nada.
Me dirigi à lanchonete onde a atendente não costumava ser muito simpática. A parte boa é que tinha mais pessoas frequentando o lugar do que da última vez que estive ali. Talvez isso a deixasse um pouco mais sorridente e feliz.
- Oi... – Falei, vendo o segurança quase grudado do meu lado.
- O que quer? – Ela levantou os olhos do celular, me encarando.
- Quero... – olhei para o cardápio que estava exposto na parede – Quero um milk shake de chocolate com calda dupla...
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