Seguimos em silêncio até a cafeteria do Hospital. O local era no terceiro andar e tinha um teto em vidro, de onde podia-se ver a luz do sol e o tempo lá fora. Claro que escolhi sentar sob a luminosidade, sabendo o calor que fazia na rua, com a temperatura ambiente ali dentro.
A atendente veio trazer o menu e enquanto eu escolhia, Colin disse:
- Para mim café expresso, sem açúcar. Para ela chocolate quente e panquecas de chocolate com calda.
- Eu não quero chocolate quente... Tampouco panquecas com calda. – Levantei os olhos na direção dele, o rosto escondido atrás do cardápio que mais parecia um livro de tantas páginas.
- Mas... Você sempre gostou.
- Quero um café com leite. Creio que eu deva começar a beber bastante leite... – falei mais para mim mesma – Um croissant com creme de baunilha... E outro de queijo.
- Não temos croissant com creme de baunilha, senhorita.
- Providencie imediatamente o que ela pediu. – Colin sequer olhou na direção da mulher – Dê um jeito.
- Mas...
- Encontre um creme de baunilha e faça o que minha noiva pediu. – Ele se alterou.
- Eu não sou sua noiva. – Falei imediatamente.
Ela ficou nos olhando, confusa.
- Se não tem creme de baunilha, pode ser qualquer outra coisa... – Dei de ombros, mesmo minha vontade sendo o creme de baunilha.
- Goiabada, doce de leite... – Ela começou a listar.
- Ok, pode ser os dois.
Ela saiu e Colin fez a observação:
- Atendente incompetente.
Enruguei a testa, sabendo que se ainda estivéssemos noivos, talvez eu nem me preocupasse com a forma como ele tratou a atendente. Estava acostumada com ele ditando regras e querendo que se jogassem aos seus pés. Mas naquele momento percebi que a vida era tão difícil para preocupar-se com um simples creme de baunilha.
Olhei para a atendente preparando os cafés e fiquei me perguntando qual a história dela. Porque sim, ela era um ser humano e estava ali por algum motivo. E ela não sabia que eu estava grávida, que Colin era meu ex-noivo e que dormiu com minha irmã... E que eu esperava um filho de um homem que mal conhecia e pelo estava completamente apaixonada.
E se ela também estivesse grávida? E se trabalhasse para sustentar o filho? E se fosse mais de um? O que era um creme de baunilha frente à tudo?
- Seu pai me falou que você está grávida. E acha que o filho é meu.
Respirei fundo e disse:
- Não, ele não acha mais que o filho é seu. Eu contei a verdade.
- Meu Deus, Sabrina, este filho não é meu?
O encarei e ri, debochadamente:
- Como eu teria um filho seu se jamais transamos sem preservativo?
- Mas...
- Não é seu. – Garanti.
- Isso que dizer que você dormiu com outro homem... Sem preservativo? Que tipo de mulher você é?
- O tipo que transa sem camisinha, mas não trai ninguém.
- Este seu papinho está ficando chato.
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