Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 59

Seguimos em silêncio até a cafeteria do Hospital. O local era no terceiro andar e tinha um teto em vidro, de onde podia-se ver a luz do sol e o tempo lá fora. Claro que escolhi sentar sob a luminosidade, sabendo o calor que fazia na rua, com a temperatura ambiente ali dentro.

A atendente veio trazer o menu e enquanto eu escolhia, Colin disse:

- Para mim café expresso, sem açúcar. Para ela chocolate quente e panquecas de chocolate com calda.

- Eu não quero chocolate quente... Tampouco panquecas com calda. – Levantei os olhos na direção dele, o rosto escondido atrás do cardápio que mais parecia um livro de tantas páginas.

- Mas... Você sempre gostou.

- Quero um café com leite. Creio que eu deva começar a beber bastante leite... – falei mais para mim mesma – Um croissant com creme de baunilha... E outro de queijo.

- Não temos croissant com creme de baunilha, senhorita.

- Providencie imediatamente o que ela pediu. – Colin sequer olhou na direção da mulher – Dê um jeito.

- Mas...

- Encontre um creme de baunilha e faça o que minha noiva pediu. – Ele se alterou.

- Eu não sou sua noiva. – Falei imediatamente.

Ela ficou nos olhando, confusa.

- Se não tem creme de baunilha, pode ser qualquer outra coisa... – Dei de ombros, mesmo minha vontade sendo o creme de baunilha.

- Goiabada, doce de leite... – Ela começou a listar.

- Ok, pode ser os dois.

Ela saiu e Colin fez a observação:

- Atendente incompetente.

Enruguei a testa, sabendo que se ainda estivéssemos noivos, talvez eu nem me preocupasse com a forma como ele tratou a atendente. Estava acostumada com ele ditando regras e querendo que se jogassem aos seus pés. Mas naquele momento percebi que a vida era tão difícil para preocupar-se com um simples creme de baunilha.

Olhei para a atendente preparando os cafés e fiquei me perguntando qual a história dela. Porque sim, ela era um ser humano e estava ali por algum motivo. E ela não sabia que eu estava grávida, que Colin era meu ex-noivo e que dormiu com minha irmã... E que eu esperava um filho de um homem que mal conhecia e pelo estava completamente apaixonada.

E se ela também estivesse grávida? E se trabalhasse para sustentar o filho? E se fosse mais de um? O que era um creme de baunilha frente à tudo?

- Seu pai me falou que você está grávida. E acha que o filho é meu.

Respirei fundo e disse:

- Não, ele não acha mais que o filho é seu. Eu contei a verdade.

- Meu Deus, Sabrina, este filho não é meu?

O encarei e ri, debochadamente:

- Como eu teria um filho seu se jamais transamos sem preservativo?

- Mas...

- Não é seu. – Garanti.

- Isso que dizer que você dormiu com outro homem... Sem preservativo? Que tipo de mulher você é?

- O tipo que transa sem camisinha, mas não trai ninguém.

- Este seu papinho está ficando chato.

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