Colin limpou-as e pegou o telefone, digitando os números:
- Carlos, poderia providenciar o jato por favor?
Ele me olhava enquanto ouvia a voz do homem do outro lado da linha:
- Imediatamente... Destino: Noriah Sul.
Respirei aliviada. Enfim, eu estava a salvo.
- Vamos para o carro. Vou levá-la... Mesmo achando que eu não deveria fazer isso.
- Prometo avisar quando eu chegar e dizer se estou bem.
- Eu... Não consigo entender isso.
Entrei no carro, sentando no banco ao lado do dele, num lugar onde dividimos por anos a companhia um do outro.
- Pode... Me emprestar seu celular?
Ele me entregou o aparelho e ligou o automóvel, fazendo a volta e retomando o caminho ao centro de Noriah Norte.
Olhei para a casa, com as luzes completamente apagadas. Meu coração doía. Abri a janela e senti a brisa vinda do mar, o cheiro de maresia. Apertei a concha no meu bolso. Eu sabia que reencontraria Charles um dia. E não importava quanto tempo passasse, jamais esqueceria o tempo que ficamos juntos naquela casa. E eu carregava uma lembrança eterna: nosso bebê. Parece que a criança vinha para me provar que não foi um sonho... Que tudo havia sido real, verdadeiro.
Vou encontrá-lo, Charles, não importa quanto tempo demore.
Peguei o número que Min-Ji havia me dado e liguei. Fui atendida na primeira chamada.
- Alô? – Falou a voz masculina do outro lado da linha.
- Oi... É... Do-Yoon?
- Sim, sou eu. Você deve ser Sabrina.
- Sim. – Me senti bem ao perceber que ele sabia quem eu era.
- Minha mãe falou sobre você. Está vindo?
- Eu... Vou embarcar agora. Mas não conheço absolutamente em Noriah Sul. E...
- Onde a busco? – Ele entendeu o que eu queria dizer.
- Estarei num jato particular – olhei para Colin, que prestava atenção na conversa – Onde vou aterrissar, Colin?
- Ao lado do aeroporto de Noriah Sul. Na pista privada.
- Ao lado do aeroporto... Pista privada. – Repeti.
- Quanto tempo levará para chegar?
Olhei para Colin, que respondeu antes de eu perguntar:
- No máximo duas horas.
- Duas horas. – Respondi.
- Estarei esperando lá, Sabrina. Faça uma boa viagem.
- Obrigada, Do-Yoon.
- Do-Yoon... Não é Charles. Ou Charles e Do-Yoon são a mesma pessoa? – Colin me olhou de relance.
- Do-Yoon e Charles não são a mesma pessoa. E não tem nenhuma ligação um com o outro.
- Há algo que eu possa fazer para convencê-la a mudar de ideia?
- Não. Eu vou embora daqui. E não tenho certeza se voltarei algum dia.
Seguimos o restante do caminho em silêncio. Eu não sei o que se passava na cabeça de Colin. Mas na minha, era só tristeza e pensamentos desconexos. E a dor de talvez estar me afastando para sempre do único amor de toda a minha vida: Charles.
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