Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 70

Resumo de Uma vida com estranhos (II): Lembranças das noites quentes de verão

Resumo do capítulo Uma vida com estranhos (II) do livro Lembranças das noites quentes de verão de Roseanautora

Descubra os acontecimentos mais importantes de Uma vida com estranhos (II), um capítulo repleto de surpresas no consagrado romance Lembranças das noites quentes de verão. Com a escrita envolvente de Roseanautora, esta obra-prima do gênero Romance continua a emocionar e surpreender a cada página.

A semana que se passou foi difícil. Lavar louça era bom, desde que não fosse todos os dias. Fiquei enjoada de esfregar pratos e ao final a brincadeira de serem pessoas na fila do banho já nem deu tão certo, porque elas já não queriam mais tomar banho; pelo contrário, fugiam. Tentei cozinhar, mas definitivamente não tinha habilidade. Optei por não estender a minha cama, pois não fazia sentido, visto que deitaria logo em seguida. Por que se dar ao trabalho de arrumar se logo desarrumaria?

Aprendi a usar a máquina de lavar e precisava liga-la diariamente, já que não tinha muitas opções de roupas. A praça com playground no centro de Noriah virou um dos meus lugares favoritos. Passei a ler debaixo das árvores durante as tardes. Yuna tinha muitos livros que falavam sobre crianças, gestação e fases de desenvolvimento a partir do nascimento.

Numa noite, enquanto eu recolhia os pratos, Yuna disse, antes de sair:

- Já dá para notar sua barriga.

- Obrigada.

- Não é um elogio. – Ela enrugou a testa.

Fiquei em silêncio, não entendendo a ofensa gratuita.

Assim que abri a torneira, ela perguntou:

- Já decidiu se quer parto normal ou cesariana?

- Li que o parto normal é melhor para o bebê.

- Se for uma gravidez sem riscos, sim.

- Melody tem sido tranquila até agora. – Sorri.

- Por que você insiste em chamá-la de Melody, se não sabe o sexo ao certo?

- Sinto que é “ela”... Na verdade, tenho certeza.

- E se for um menino?

- Vou ter que me conformar. Mas Charles... – olhei para ela, lembrando que poderia dizer o nome, sem arriscar a vida dele – Charles é o pai dela. Bem, ele já tem um menino. Então eu creio que seja a menina agora... Para que ele tenha um casal.

- Acha que vai reencontrá-lo um dia?

- Eu sinto que sim... Do fundo do meu coração.

- Não acha que poderia ter tentado mais?

- Às vezes sinto que sim... Mas sabe quanto tudo dá errado? Foi assim. Infelizmente eu tive que fazer uma escolha... E escolhi nossa filha. E acabei aqui... Muito, muito longe dele.

- Mas se o filho dele mora em Noriah Sul, talvez vocês se cruzem por aí, se for o destino.

- A questão é que ele não vê o filho. Então é praticamente impossível.

- Por que o nome Melody?

- Melody vem de Melodia. Charles é músico... Compõe, canta... E ele dizia que o som que eu emitia... – não dei maiores detalhes do que eram os sons - Era a melodia preferida dele. Melody é a nossa melodia.

- Boa noite, Sabrina. Você é estranha. – Ela disse, saindo.

- Você também é estranha... Muito estranha. – Falei em voz alta.

Uma mulher bonita, que trabalhava o dia inteiro e quando chegava em casa se enfiava nos livros, para dormir e fazer exatamente a mesma coisa no dia seguinte. Havia vida fora daquele cubículo para ela?

Do-Yoon também trabalhava bastante. E sempre levava tarefas para casa. Eu ajudei a corrigir alguns trabalhos dos alunos dele numa noite. Ele era agradável e gentil.

Despertei com o som dos movimentos de Yuna no quarto. Abri os olhos e a observei enquanto pegava a bolsa. Ela me olhou:

- Bom dia, senhora lavadora de louças e que não arruma a própria cama.

- Bom dia, senhora que acorda implicando comigo. – Virei para o outro lado.

- Eu deixei sobre a cama o endereço de uma clínica. Fica no centro de Noriah Sul. Quero que consulte com um médico e inicie o pré-natal. Tem também um laboratório no mesmo espaço. Eles fazem exame de sexagem fetal. Tanto a consulta quanto o exame estão pagos.

Sentei, escorando-me na cabeceira:

- Não tenho documentos.

- Tem sim. Minha mãe deixou tudo na sua gaveta, ao lado da cama, na última vez que veio. Mas você não se deu ao trabalho de limpar, então não viu.

- Por que fez isso?

- Porque sou médica e quero que tenha uma gravidez tranquila e a criança nasça com saúde. E não quero me acostumar a chamá-la de Melody caso ela seja um menino.

- Obrigada.

- E só para constar: vou ser a Pediatra dela.

- Dela? Achei que você não concordava muito com o fato de eu achar que é menina.

- Para ver como estou confusa com sua loucura. Faça logo este exame antes que eu me contagie por completo. E caso não tenha deixado claro, não gosto de ser contagiada.

Naquele dia peguei o resultado do exame de sexagem fetal e depois fui para a praça, esperar o sol se pôr, enquanto lia um livro sobre o desenvolvimento infantil até um ano de idade.

Quando cheguei em casa, Yuna estava olhando televisão enquanto Do-Yoon cozinhava.

Fechei a porta e disse:

- Você assiste televisão? Pensei que isso aí nem funcionava. – Ironizei.

- Falta do que fazer. – Ela disse.

Enquanto eu observava a joia, ela disse, enquanto me observava à distância:

- É para Melody.

- É... Lindo.

- Para que ela tenha longevidade e prosperidade.

- Obrigada, Yuna.

- Quero acompanhar também o pré-natal.

- Se é seu desejo, não me oponho.

- Vai dar tudo certo, Sabrina.

Olhei novamente para o anel e passei o dedo sobre ele. O primeiro presente da minha filha, dado por uma pessoa estranha. Senti as lágrimas escorrendo. Yuna parecia não gostar muito de mim. Mas se gostasse da minha filha, eu já me dava por satisfeita.

Me pus no lugar dela, recebendo uma estranha na minha própria casa, tendo que dividir minha vida, meu quarto, meu irmão, meus cremes e toda minha intimidade. Até que ela era legal demais comigo.

Do-Yoon entrou pela porta, com duas pastas lotadas de trabalho para casa.

Peguei uma imediatamente das mãos dele e disse:

- Trabalho extra? Vou ajudar a corrigir. – Garanti.

- E eu vou pagar por toda sua ajuda... Com a louça e as correções.

Eu ri:

- Hoje é meu dia de sorte?

- Não, mas quero ser grato.

- Ser grato? Você me dá abrigo e comida. Não precisa fazer mais do que isso.

Ele me entregou uma folha de papel timbrada. Li o nome da Universidade de Noriah Sul. Antes que eu me atentasse ao restante, ele disse:

- Será um empréstimo. Eu inscrevi você na Faculdade de Matemática. E vou pagar. Quando você se formar e arranjar um emprego, me pagará.

- Não... Eu não posso aceitar, Do-Yoon. De forma alguma. – Tentei devolver para ele.

- Não há como devolver, Sabrina. Eu já fiz o pagamento do primeiro semestre. Você começa amanhã.

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