Resumo do capítulo Simplesmente Sabrina (II) de Lembranças das noites quentes de verão
Neste capítulo de destaque do romance Romance Lembranças das noites quentes de verão, Roseanautora apresenta novos desafios, emoções intensas e avanços na história que prendem o leitor do início ao fim.
- Eu também. – Confessei.
- Porque ele pode estar diferente das fotos que temos, não é mesmo?
- Você... Olha as fotos?
- Às vezes eu pego no seu celular. Eu acho que sinto saudade dele.
Deu um nó na minha garganta. Segurei as lágrimas antes de dizer:
- Eu não sabia que era possível sentir saudades de alguém que a gente não conhece.
- Mas é, mamãe. – Ela disse seriamente.
- Eu já lhe disse que a gente ainda vai encontrá-lo, não é mesmo?
- Já... Mas eu não vou me importar se você arranjar um namorado antes de nós o encontramos.
- Mas o que eu vou fazer com o namorado, se isso acontecer? – Comecei a rir, limpando disfarçadamente a lágrima que caiu.
- Você vai dizer para ele que o amor da sua vida apareceu. E que ele precisa ir embora.
- Mas isso vai magoá-lo.
- Mas você pode dizer para ele quando começarem a namorar que vão ficar juntos só até meu pai aparecer.
- Eu acho que daí ele não vai querer me namorar.
- Mãe, acho que não vamos mais falar sobre isso.
- Ah... Ótimo. – Balancei a cabeça.
- Mãe, o que é gás?
Como assim? Depois de me fazer chorar falando sobre Charles agora Melody queria saber sobre gás?
- Quer falar sobre gás? – Arqueei a sobrancelha, encarando-a pelo espelho.
- Sim... O que é?
- Gás... É um estado físico da matéria. Ele existe em vários tipos... Mas eu confesso que não sei muito sobre isso. Um exemplo é o gás de cozinha... Usamos no fogão para cozinhar. E ele é extremamente inflamável. Se, por exemplo, riscarmos um fósforo nele, explode.
- Eu nunca mais vou beber água com gás na minha vida.
Sim, aquela era a minha menina, cheia de dúvidas dentro da cabecinha, com tantos “porquês” que chegavam a me tirar da realidade. Melody era gentil, carinhosa, inteligente, ativa e se preocupava com todos ao seu redor. Ela herdou não só os meus ensinamentos, mas também os de Yuna e Do-Yoon. E assim se tornou aquela criança com cinco anos de idade que algumas vezes parecia ser a minha mãe e outras ser só mesmo uma menina de cinco anos, que não sabia o que era gás no contexto da água gaseificada.
Deixei-a na escola, recebendo um beijo gostoso que me faria aguentar até o final do dia, torcendo para chegar a noite e nosso reencontro, onde poderia ter mais outros deles, que me impulsionavam a ser quem eu era e onde eu queria chegar.
Quando estacionei na estrada, em frente à Escola Progresso, senti meu coração bater mais forte. Embora tentasse me convencer de que era só mais uma entrevista e que não daria certo, porque eu era péssima nisso, no fundo tinha sim um pingo de esperanças, pois aquele emprego mudaria minha vida... Para melhor.
A Escola Progresso tomava conta de um bom espaço da quadra, ficando numa esquina. Não havia estacionamento interno, nem muros ou grades que a cercassem. O prédio era de dois andares e o terreno mais alto que a rua, o que a deixava ainda mais imponente e levemente assustadora.
Com a fachada externa pintada de claro, que eu não identificava se era um branco/gelo, ao mesmo tempo lembrando um leve amarelo, podendo também ser um bege maltratado pelo tempo, tinha janelas em vidro quadriculados por todos os lugares. A porta principal era enorme e abria como uma veneziana.
A aparência era de um prédio histórico, tamanhos detalhes mínimos que não passavam despercebidos, muitos deles parecendo antigos e restaurados, como a estátua na frente ou os detalhes em torno das portas e janelas.
Olhei para cima, respirando fundo, ouvindo o agito das crianças e adolescentes, já no período de aula.
Passei pelo zelador, que ficava à porta e fui encaminhada para a Secretaria, que seguia por um longo corredor, onde ficava toda a área Pedagógica e da Direção.
Da Secretaria, me levaram para a sala da Diretora, que me recebeu imediatamente, já que eu tinha horário agendado e havia chegado no tempo exato que ela marcou.
- Gentileza de Do-Yoon.
- Sim, ele é muito gentil. Neste caso, você é nossa primeira opção para a vaga. Vi que suas notas na faculdade sempre foram excelentes e precisaria de alguns contatos de familiares de seus alunos particulares. Gostaria de verificar o desempenho deles após seu reforço escolar.
- Claro, sem problemas.
- Os professores geralmente se adaptam nesta escola. Mas é preciso ter fixo na sua cabeça e aceitar desde sempre uma afirmação...
- Qual?
- Os alunos e familiares sempre vão ter a razão.
Arqueei a sobrancelha. Mesmo sabendo que era assim que funcionava, já prevenida por Do-Yoon, achei ela bem direta.
- O valor pago por eles à nossa escola é bem alto. Eles não buscam só qualidade, mas acolhimento e compreensão com relação aos filhos. Não impomos limites, pois isso é papel da família. Nossa missão é ensiná-los e prepará-los para serem os melhores em qualquer situação da vida.
- Entendo...
- Isso faz alguns casos serem um pouco complicados. Por isso temos uma grande rede de apoio aos professores... Seja psicológico, psiquiátrico ou mesmo uma mão amiga e conselhos de colegas, que valem muito.
Sorri, um pouco amedrontada, tentando não transparecer.
- É extremamente proibido qualquer tipo de envolvimento com alunos ou familiares fora do âmbito escolar. Ou seja, não pode manter vínculos afetivos ou por exemplo, ajudar com aulas particulares.
- Sim, isso me parece óbvio.
- Não tão óbvio quando falo que alguns adolescentes ricos e sem limites se acham “donos” também dos professores.
Como assim? Estávamos falando do que exatamente?
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