Preferi não perguntar ou confessar que não havia entendido. Eu precisava muito daquele emprego. Eu queria e precisava ser professora ali.
- Será sua primeira experiência dando aula para uma turma inteira?
- Na verdade, não. Eu já dei aulas em cursinhos preparatórios.
- Sala cheia de adolescentes, com hormônios saindo até pelas janelas?
- Não... – Não consegui evitar o riso.
- Então se prepare. Eles não são fáceis. As famílias deles não são fáceis. Mas pagam nossos bons salários.
- Sim, entendo. Sou capaz de trabalhar com adolescentes da classe alta... – Eu já fui uma, pensei.
- A vaga é para o turno da manhã e tarde... Há alguns dias sem aula neste cronograma, mas ainda é preciso verificar a grade de horários para lhe dar certeza.
- Nossa, seria excelente. Um tempinho a mais para ficar com minha filha.
- Tem uma filha? Quantos anos?
- Fez cinco há menos de um mês contando o nosso calendário. Conforme o chinês, ela já fará seis.
- Ótima fase, não é mesmo? – Ela sorriu.
- Sim... Acho que a melhor. Ela ainda me deixa um pouco desnorteada com os porquês... Mas confesso que amo.
- Tenho uma menina também... Mas já tem vinte. Tenho saudades de quando ela era só minha. Agora a divido com o mundo... E o namorado.
- Nem quero pensar nisso... Sou extremamente apegada à minha.
- Ela vai gostar de ter a mãe mais tempo por perto.
- Você fala como se... A vaga fosse minha.
- Mas é – ela arqueou a sobrancelha – Achei que tinha deixado claro.
Minha vontade era gritar e enchê-la de beijos. Mas tentei me conter para não passar por louca e perder o emprego sem nem começar, como acontecia no meu passado.
- Fico grata. – Falei com a voz fraca, contendo todas as minhas emoções.
- Poderia começar amanhã?
- Amanhã? – Fui pega de surpresa.
- Poderia usar o restante do dia para fazer os exames admissionais e amanhã já estaria apta a iniciar seu trabalho na Escola Progresso.
- Eu posso começar sim.
Ela levantou-se:
- Vou lhe mostrar a escola.
Senti meu coração dando saltos dentro de mim. Não acreditava que tinha conseguido. Nem na próxima encarnação eu teria como pagar Do-Yoon por tudo que ele havia feito por mim.
Sibila me acompanhou em todos os espaços de aprendizagem da escola. A parte térrea era composta pela Secretaria, Biblioteca, Laboratórios, Supervisão, Direção, Psicologia, Estudos de Reforço escolar e um grande auditório. O piso superior abrigava as salas de aulas, todas amplas e bem arejadas e iluminadas.
A parte externa era aberta, sem qualquer tipo de muro ou grade. Nos fundos tinha uma espécie de ginásio coberto, com quadras poliesportivas. E também um gramado para prática de esportes.
Terminamos o tour já era próximo do meio dia. Eu estava cansada, mas ao mesmo tempo impressionada com tudo que aquela escola oferecia.
- Temos laboratório de Ciências Exatas também. – Ela disse.
- Nossa... Isso é ótimo.
- Pode usar sempre que quiser. Mas os professores que vão à sala dos alunos. Eles, no caso, permanecem em seus espaços.
- Certamente escolha deles. – Afirmei, certa de que a resposta seria sim.
- Sim. – Ela sorriu.
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