- Fico feliz.
- Ele vai se chamar Solitário.
- Que nome triste.
- Mas ele é Solitário... Como você.
- Eu não sou solitária – contestei – Eu tenho você.
- Mas precisa de um namorado. A mãe da minha amiga Tess se separou do pai dela e arranjou um namorado. A Tess me disse que ele é legal e eles saem pra comer pizza.
- Hum, você quer é comer pizza, estou certa? Podemos fazer isso só nós duas.
- Não... Hoje não dá. Eu preciso cuidar do Solitário... E dar uma flor para a Tuga. – Ela abriu o bolso da mochila e pegou uma flor de papel.
- Que flor linda.
- Eu que fiz... Com giz de cera.
- Tuga vai gostar... Muito.
- Mamãe, por que você não namora com Do-Yoon?
Me engasguei com a saliva e comecei a tossir. Deus, aquela menina acabava comigo.
- Do-Yoon é meu amigo. Não posso namorar com ele. Além do mais... Eu amo o seu pai. E sei que nós vamos encontrá-lo um dia. Ele precisa saber que temos a filha mais linda do mundo.
- Que tem os olhos iguais aos dele.
- Exatamente... Os mais lindos.
- Acha que ele vai gostar de mim?
- Claro que sim... Você é a nossa melodia.
- Mamãe, eu amo você.
- Não... Eu que amo você.
- Acha que algum dia nós três vamos ficar juntos?
- Eu tenho certeza... – Limpei a lágrima que caiu, sem pedir permissão.
- Podemos passar o Natal com ele?
- Mas... – suspirei – O Natal é logo.
- É que eu já fiz minha cartinha para o Papai Noel. E pedi para passarmos o Natal com o meu pai.
Deus, já que nunca me ouviu, ouça pelo menos o pedido deste anjo. Ela só quer conhecer o pai... E eu só quero reencontrá-lo.
- Acho que você deve pedir para o Papai Noel para encontrá-lo também, mamãe. Então ele vai ver que isso é um pedido muito sério.
- Eu... Vou pedir. Mas mais perto do Natal. Porque agora ainda é muito cedo. Não quero me antecipar muito com o pedido... Até porque ele já sabe, visto que peço há cinco anos a mesma coisa.
Chegamos em casa e pedi uma pizza enquanto seguia desencaixando coisas que estavam pela casa, entre móveis e utensílios novos que comprei para mobiliar nosso espaço de acordo com os gostos meus e de Melody.
Pusemos a flor de papel no lugar onde Tuga estava enterrada e depois mandei Melody tomar banho. Trouxemos os brinquedos dela para o andar de baixo, para que eu conseguisse repará-la enquanto seguia minha organização que não tinha fim.
Estava atenta à conversa dela com as Barbie’s e Ken’s. Quem ouvisse da rua acharia que tinha umas três crianças brincando naquela casa, de tanto barulho que ela fazia, imitando vozes enquanto gritava em alguns momentos.
- Eu quero sentar à mesa. – Ela imitou uma voz fina.
- Não, você não vai sentar à mesa conosco. – Agora a voz masculina.
- Mas eu quero.
Observei a Barbie morena tentando sentar à mesa onde estava um Ken e mais duas Barbies, uma loira e a outra com cabelos vermelhos, pintados de canetinha.
- Você vai comer na rua. Não poderá sentar-se à mesa com a gente.
Achei muita crueldade o que eles estavam fazendo com a Barbie. Parei e perguntei:
- Medy, por que eles não a deixam sentar à mesa? Coitada... Só quer comer acompanhada.
- Não dá, mamãe... Ela é lésbica.
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