Entreguei Melody para Yuna, com a mochila pronta para a aula à tarde. Combinamos que eu as encontraria no parque, quando saísse da escola.
Subi e tomei um banho tranquila, já que não precisava ficar de olho em Melody. Troquei-me e fiz um chocolate quente para ir bebendo no caminho. Quando cheguei na sala, vi um gato sobre a mesa, ao lado do aquário. E nem sinal de Solitário.
- Seu malvado... Comeu um peixe inofensivo... Gatuno! Vou processá-lo.
Ele balançou o rabo e foi lentamente para a janela, saindo sem pressa, pouco se importando com minhas palavras.
Fui até o aquário vazio, sentando no sofá, desolada:
- Deve ser uma sina que eu tenho com animais. Isso não pode ser real. Medy vai se sentir triste. Morreram dois animais em menos de quarenta e oito horas.
Fechei o vidro da janela e saí, sentindo-me péssima. Vi o gato entrando na casa ao lado, sem ter certeza se era o lar dele ou estava indo terminar o desjejum com outro animalzinho indefeso.
Quando cheguei na Escola Progresso, encontrei Do-Yoon na sala dos professores.
- Vi Medy hoje cedo. Estava falando sem parar com Yuna. – Ele riu.
- Yuna quis passar a manhã com ela.
- Não tem ideia do quanto sentimos falta dela.
- Tenho ideia sim, Do-Yoon.
- Ela me contou sobre a tartaruga.
- Eu... Sinto muito. Fui tão esquecida.
- Medy entendeu.
- A questão é que eu comprei um peixe para ela, ontem. E um gato acaba de comê-lo, inteiro... Não deixou nada. O aquário está lá... Vazio.
- Nossa, parece um carma! Talvez deva mandar fazer uma limpeza na casa, com ervas. Ou jogar coisas velhas fora... Pois trazem azar.
- A coisa mais velha que tem na casa sou eu. Tudo foi comprado novo.
- Se você, com 23 anos se considera velha, o que sobra para mim.
- Bom dia. – Cumprimentou a mulher, que pelo olhar sobre Do-Yoon já imaginei ser Lianna.
- É ela? – Perguntei, baixinho.
- Sim. – Ele confirmou, corando imediatamente.
- É bonita. Como foi o jantar?
- Foi bom... Acho que vou falar com os pais dela amanhã.
- Como assim? – Arqueei a sobrancelha.
- Já nos encontramos. Vou pedir a mão dela.
- A mão dela? Isso...
Ouvimos o sinal tocando e todos os professores saindo da sala.
- Não pode fazer isso... Não deve pedir a mão. – Falei baixinho enquanto saía.
Olhei minha grade de horário e respirei fundo ao ver que era novamente o terceiro ano. Foi a turma que mais mexeu comigo. Nas demais, havia sido tranquilo.
Subi as escadarias e assim que entrei na sala, os jovens estavam todos sentados sobre as carteiras, conversando animadamente.
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