Olhei no relógio. Pensei em ligar para Yuna ou Do-Yoon, mas era muito tarde. Eles dormiam cedo. Como eu gostaria de compartilhar com eles o que tinha acontecido naquela noite.
Peguei meu notebook e digitei o nome dele. Num caderno comecei a anotar tudo que era importante. Ao final, ficou claro que ele havia começado há menos de seis meses sua carreira oficialmente. Antes deste período, ele era só um borrão na minha lembrança, como se nunca tivesse existido. Charlie B. parecia não ter nenhuma ligação com Charles. Aliás, Charles era um fantasma nas redes, tendo tudo que um dia existiu sobre ele simplesmente apagado.
Era agenciado pela J.R Recording, mas todos os dados do contrato eram sigilosos. Ele não tinha rede social própria e dava para ver que tudo que era postado sobre ele era feito por uma assessoria. Estritamente profissional.
Muitas fotos de fãs que o marcavam. Fiquei pasma quando li que tanto a música da Garota riquinha quanto a minha eram as duas primeiras na lista das mais ouvidas em Noriah Norte.
A imprensa o via como um dos artistas com mais potencial da J.R Recording atualmente. O descreviam como simpático, reservado e misterioso. Se recusava a falar da vida pessoal, em qualquer hipótese.
Ouvi a campainha tocando e olhei no relógio. Era quase duas da manhã.
Desci, deixando os sapatos nos degraus da escada, para não fazer barulho e acordar Melody.
Abri a porta e dei de cara com Guilherme, com um skate numa mão e na outra uma garrafa térmica. Arqueei a sobrancelha, curiosa:
- O que você está fazendo aqui?
- Trouxe chocolate quente – me entregou a garrafa – Posso entrar?
- Não... – Falei, com a voz fraca, incerta se tinha sido tão enfática da negativa.
- Pus chocolate em barra derretido. – Sorriu.
Olhei para a garrafa e meu estômago roncou. Como assim, corpo? Não me traia, por favor.
- Gui, veja só... São quase duas horas.
- Por favor, Sabrina... Só um chocolate. Eu fiz com tanto carinho. Você não vai recusar, não é mesmo?
- Você é meu aluno. Não pode frequentar a minha casa numa hora destas, Gui.
Ele uniu as mãos, em sinal de prece, enquanto o skate ficava sob seu braço.
- Entra... – Suspirei, abrindo passagem para ele.
Guilherme pôs o skate escorado na parede e olhou rapidamente pelo ambiente:
- Sua casa tem seu cheiro, como eu imaginava.
- Gui... Você sabe que...
Ele fechou a porta com a chave, pegou a garrafa da minha mão e pôs sobre o aparador, vindo na minha direção, imprensando-me sobre a madeira da porta.
Os olhos dele estavam fixos nos meus e tentei desviar, mas meu corpo não obedeceu. Senti seus lábios, gelados, mas a língua quente, exigente, as mãos descendo pelo meu quadril, explorando cada curva do meu corpo.
Claro que eu poderia e deveria ter impedido aquilo. Meus olhos estavam fechados e eu não tinha certeza se era Guilherme ou Charles que eu sentia naquele momento.
A mão dele pegou minha bunda, apertando-a. Senti seu membro completamente endurecido sob a calça jeans, seu cheiro gostoso. Levantei a camisa e alisei a pele quente e macia, sem nenhum pelo.
Ele mordeu meu lábio inferior levemente, enquanto abria o zíper da minha calça.
Não... Não deixa, Sabrina. Minha mente ficava a repetir isso o tempo todo.
Mas meu corpo não pensava da mesma foram. Eu não transava fazia mais de cinco anos. O último homem a me tocar foi Charles, na casa de praia, quando fizemos nossa filha. Sim, cinco anos sendo fiel a um vibrador, que foi usado tão poucas vezes que sequer estragou.
Minha intimidade latejava, completamente úmida. Era como se eu precisasse dele dentro de mim, para provar que eu ainda estava viva, que aquela Sabrina fogosa não tinha sumido para sempre.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Lembranças das noites quentes de verão