O clima na Itália estava agradável o que contrastava com o clima em que o escritório do advogado da Helena Belinni estava. Helena encontrava-se sentada vestida de forma formal e elegante e sorria polidamente para o casal a sua frente. Ela já havia escolhido o seu sucessor, mas sabia que deveria controlá-lo de alguma forma depois que deixasse aquele mundo.
–O que acham? – ela perguntou ao ver a expressão de incredulidade no rosto deles. – querem aumentar o valor?
Antes que o homem respondesse, a sua esposa tomou a frente e indagou suavemente.
–Porque nós? Não lembro-me de conhecer a senhora e não me passa pela cabeça o motivo disto tudo.
–Eu entendo – sorriu ao fazer um sinal discreto para que o advogado saísse da sala deixando-a sozinha com o casal – Na verdade, eu conheci o Romeo quando era mais nova. Romeo foi um grande amigo. Ele me ajudou muito e eu apenas espero que vocês possam me ajudar em seu lugar.
–Romeo? Está falando de meu pai? – a mulher indagou pensativa. Ao ver Helena confirmar, ela suspirou – eu entendo que queira ajuda, mas não acha que está pedindo demais? Como posso entregar minha filha a alguém que não conheço apenas por uma divida de consciência que nem minha é? Percebes o quão ilógico é isto?
–Percebo e é por isso que lhe imploro. Não estou querendo pagar pela sua filha ou algo similar, apenas acredito que estaremos ajudando a ambos.
–Como esta loucura irá ajudar minha filha. Ela só tem 14 anos de idade.
–Eu sei, mas não quero que nada aconteça hoje ou amanha – sorriu sincera – só desejo que meu neto encontre alguém e seja feliz.
–E minha filha será isenta desta felicidade? Se ela se apaixonar amanhã, ficar noiva e querer se casar? Acha justo?
–Entendo a sua aflição e por isso gostaria de propor algo.
–Mais uma proposta? Saiba que só tenho uma filha. – tornou irônica. Ela ainda não conseguia entender o motivo de ter ido aquele escritório. Eles haviam recebido uma carta há uma semana convidando-os a comparecer ao escritório e por estarem precisando de dinheiro não haviam imaginado a ideia ruim, mas ela estava arrependida agora.
–A minha proposta é que saudarei as dividas que vocês possuem, pagarei os estudos de sua filha e o que mais precisarem. Ajudarei o seu marido a conseguir uma promoção na empresa que trabalha e só peço em troca o nome de sua filha. Apenas o nome dela caso o meu neto não se apaixone por ninguém ate a minha morte.
–Se eu fizer isso, vamos supor que ele não se apaixone por ninguém e continue casado. O que acontecerá?
–Nada – mentiu sorrindo – quero apenas que ele tenha medo e torne-se um homem de verdade.
–Isso não me soa bem – ela ponderou calmamente.
–Querida, não seja tola – o seu marido disse próximo ao seu ouvido – pense que todas as nossas preocupações irão embora. Só precisamos colocar o nome dela,não é nada demais. Pense que daqui a pouco tudo isto se tornará uma piada na nossa família.
A mulher olhou para ele sem saber o que pensar. As dividas deles apenas aumentavam, enquanto o dinheiro parecia sumir.
–Está me prometendo que minha filha não será obrigada a nada, correto?
–Com toda a certeza que não – disse sorrindo ao perceber que havia ganhado.
–Muito bem – disse após hesitar – nós aceitamos, mas deixando claro que não queremos que Emma seja obrigada a nada mais a frente.
–Tem a minha palavra.
Eles assentiram e não demorou para o advogado retornar para a sua sala e encontrar os três sorrindo. Ele mostrou o documento para o Sr e a Srª Sartorelli, explicou as clausulas e por fim olhou sorrindo levemente para Helena ao vê-los assinarem o papel.
–A partir de hoje, vocês são parte da família Belinni – Helena falou ao se levantar e estender a mão para eles.
***
Os pais de Emma saíram atônitos do escritório de advocacia. A mãe dela ainda não conseguia confiar em tudo que foi dito e muito menos na senhora que estava lá.
–Algo nesta historia não está bem – ela disse ao seu marido, o qual apenas sorriu. Para ele nada importava, pois suas dividas estariam pagas ainda naquela semana e logo teria um cargo melhor na empresa que trabalhava.
***
Emma abriu a porta de casa com um sorriso no rosto. Ela adorava ir às aulas de poesia a tarde onde podia divagar sobre sua paixão não correspondida e usar este sentimento a seu favor. Assim que avistou seus pais sentados na mesa percebeu haver algo errado. Ela colocou os livros sob o sofá e caminhou ate onde eles estavam.
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