Lição de Amor romance Capítulo 9

Todos os dias em que Emma abria os olhos imaginava que encontraria os seus pais sentados no sofá da sala sorrindo, esperando por ela. Entretanto a cada dia que se passava percebia o quão longe aquela realidade estava. Ela se levantou da cama com o semblante cansado. Havia passado a noite toda estudando. Olhou para o relógio ao lado da cama suspirando em seguida ao dar-se conta que já passava das dez da manhã. Espreguiçou-se, foi ate o guarda-roupa escolhendo um short e uma blusa simples para usar, entrou no banheiro, despiu-se lentamente e ao abrir o chuveiro deixou a água morna cair sobre o seu corpo. Saiu do banho arrumando-se deixando os cabelos molhados caírem ate seus ombros. Estranhou o silencio na casa ao sair do quarto. Procurou por Raoul por todo o apartamento suspirando ao se dar conta que estava sozinha em pleno sábado.

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Raoul olhou pela janela de sua sala na seguradora e suspirou. Ele não queria admitir, mas a Emma lhe incomodava de alguma forma. Desde que ela havia ido morar com ele não conseguia mais sentir-se em casa como antes. A sua casa não demonstrava a mesma frieza de outrora, agora possuía algum calor, mesmo ínfimo, ele podia sentir. Suspirou frustrado ao se sentar em sua mesa, começando a trabalhar. Ele desejava poder voltar no tempo e não tê-la ido buscar.

***

Emma passou a mão sobre a testa suada. Ela queria retribuir de alguma forma o modo respeitoso como ele a estava tratando apesar de sua frieza. Abriu as cortinas deixando o sol entrar em toda a sala. Já fazia uma hora que limpava a casa apesar de ter percebido que ela era naturalmente limpa.

–Provavelmente alguém deve vir limpar quando ele não está em casa – disse a si mesma antes de ir para a cozinha. Desde pequena sua mãe havia a ensinado a cozinhar, mas nunca tinha precisado fazer nada. Abriu todos os armários, pegou os ingredientes necessários e não demorou para começar a cozinhar.

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Raoul entrou em seu apartamento no final da tarde. Ele odiava passar os finais de semana na segurada, mas temia que aquela se tornasse a sua cruel realidade. Colocou as chaves em cima da mesinha sentindo um aroma delicioso preencher toda a sala.

Caminhou, lentamente, ate a cozinha surpreendendo-se por ver Emma lavando os pratos sujos. Em cima do fogão viu algumas panelas, olhou em volta percebendo um cheiro de limpeza.

–O que pensa que esta fazendo? – indagou a assustando.

–O..Oi.

–Quem disse para limpar a casa e cozinhar?

Emma o fitou em silencio surpresa pelas suas palavras. Ela não estava esperando agradecimento dele ou gentileza.

–Me perdoe – murmurou cabisbaixa – só quis ser gentil. – limpou a mão em um pano, olhou para Raoul tentando sorrir – Vou para o meu quarto. – passou por ele indo em direção ao seu quarto, onde fechou a porta recriminando-se pelo que tinha feito – Por causa de sua família estou casada com alguém 15 anos mais velho que eu, mas sem ele... eu estaria sozinha agora. – suspirou ao ir ate a varanda observar as pessoas passarem umas pelas outras sem ao menos se olharem. – Não há muita diferença de lá fora e aqui dentro.

Raoul olhou para a comida preparada sentindo raiva. Raiva por estar naquela situação e raiva por não saber como agir dali em diante. A sua vida nunca havia se tornado tão confusa quanto estava.

–Preciso encontrar alguém para ficar com ela – disse a si mesmo antes de sair da cozinha.

***

O final de semana havia passado rapidamente. Apesar dos esforços de Emma, Raoul mantinha-se frio como sempre afastando-se mais e mais dela. Na segunda pela manhã, Emma levantou-se cedo indo para o colégio antes que ele acordasse. Pegou o ônibus, se sentou no fundo ficando olhando pela janela durante todo o percurso.

“Não quero morar com alguém que eu não conheço, mas isso não é melhor que ficar sozinha no mundo?” se perguntou confusa. Desceu do ônibus minutos depois em frente ao colégio. Entrou pensativa sem perceber que alguém a olhava de longe. Passou pelo corredor vazio, guardou as suas coisas em seu armário, andou sem rumo pelo colégio silencioso e sentou-se em um dos bancos no pátio. Pegou o seu bloco de anotações e começou a escrever algumas coisas sem dar-se conta que alguém sorria ao vê-la.

–Sempre estudando, não é? – a voz de um garoto chamou a atenção fazendo-a encará-lo.

Emma fitou surpresa o jovem ruivo a sua frente. Sua primeira reação foi sentir as faces avermelharem-se. Não conseguiu dizer nada ate vê-lo se sentar ao seu lado com um sorriso nos lábios.

–Seus pais devem estar orgulhosos de você – Rupert disse a olhando. – tira as notas mais altas, é sempre elogiada pelos professores. O exemplo deste colégio desde que chegou.

–Hum - murmurou tentando não chorar ao se lembrar de seus pais.

–Sou Rupert Gant– estendeu a mão para ela – estudamos na mesma sala.

–Emma... Sartorelli – a apertou sorrindo levemente. – é um prazer.

–O prazer é meu, mas o que está escrevendo ai? – tentou ler o que estava escrito, mas ela levou o bloco para perto de seu corpo. – me desculpe, deve ser particular, não é?

Emma assentiu envergonhada. O garoto que ela gostava estava falando com ela de um modo que apenas em seus sonhos acontecia.

–Será que estou sonhando? – murmurou sorrindo bobamente.

–Eu acho que está bem acordada – Rupert disse sorrindo divertido ao ver o rosto dela ficar ainda mais vermelho. – Emma. És um belo nome – levantou-se ao avistar alguns amigos – vou indo agora ate mais tarde na sala – piscou para ela antes de se afastar.

–O que foi isso? Será que Deus está me compensando por tudo isso? – murmurou sorrindo, mas logo meneou a cabeça voltando para as suas anotações. Ela estava determinada a encontrar um emprego e sair da casa de Raoul.

***

–Entregue isso a garota loira que está em meu apartamento – Raoul falou ranzinza ao entregar a copia da chave de seu apartamento para o porteiro do edifício que apenas sorriu. Raoul ignorou o olhar malicioso virando de costas para o homem. O seu carro estava estacionado em frente ao condomínio. Entrou em seu Jaguar e seguiu ate a seguradora onde sabia que uma pilha de documentos lhe esperava.

Assim que entrou em sua sala viu Enzo sentado em sua cadeira com um sorriso no rosto e um pacote em mãos.

–Já está virando uma rotina lhe ver aqui. Quer trocar de sala? – falou ao colocar a sua maleta em cima de sua mesa.

–Não precisa ficar tão emotivo ao me ver- brincou ao olhar para o primo – como esta a vida de casado? Divertida?

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