Eu mal podia acreditar que havia se passado um mês.
Depois que Abby e Mike se mudaram para Chicago, tudo parecia desconcertado, de alguma maneira. A nossa despedida foi breve e intensa, como se ela estivesse se mudando para o Japão, mas acontece que em mais de vinte anos, nunca fiquei tão longe de Abby.
— Promete que vai me ligar todos os dias? — Perguntou ela, me abraçando com força.
— Prometo. — Eu murmurei, tentando lutar contra as lágrimas. Abby me apertou com mais força. — Eu não acredito que está mesmo indo embora. — Afundei minha cabeça em seu cabelo, apoiando o queixo em seu ombro. — Vou sentir saudades.
Chase havia saído da Shaffer & Sheppard, o que lhe dera bastante trabalho — principalmente vindo do sr. Sheppard — e dor de cabeça. Ele se concentrou em sua própria agência e convidou Susan para ser sua sócia. Todos os dias, desde que Abby fora embora, eu levava almoço para ele, e em troca, Chase me almoçava.
Depois de contar a Sebastian sobre a história de Brenda, os dois meio que viraram parceiros. A Shaffer & Sheppard, sob o comando do sr. Sheppard, pediu uma fusão. Ele sabia que iria dar certo, mesmo que ainda não tivesse nada pronto. Chase aceitou, contanto que o sr. Sheppard passasse o comando para ele. Desse modo, os dois seriam presidentes da agência. Foi então que surgiu a Ward & Sheppard.
Eu comecei a trabalhar no pet shop de Abby quase duas semanas depois, a mando dela. Logo, me habituei com tudo aquilo. Chase gato ganhou dois irmãos, e meus passeios aos sábados se tornou um tanto cansativo quando tinha que carregar seis cachorros. Nick e Dick foram adotados por um casal, Brian e Aubrey, e eles sempre nos visitavam. Descobri que Brian e Chase já se conheciam, e Aubrey me contou da vez em que agarrou Chase no meio de um evento para se esconder de Brian. Eles pareciam apaixonados, assim como eu e Chase.
Algumas semanas depois, acordei com alguns chupões no pescoço. Nosso trato de sexo selvagem e intenso alguns dias e em outros romântico e suave estava valendo a pena. Apesar do trabalho praticamente não me permitir ver Chase, estávamos nos saindo bem. Fui morar com ele — a contragosto — e descobri algumas manias estranhas.
Ele gostava de verificar tudo antes de dormir, chupava o dedo quando se queimava, às vezes acordava de madrugada e chorava. Era algo que partia meu coração. Chase era um homem forte e determinado, mas ver aquilo me lembrava de que ele era, também, frágil.
***
— Ok. — Abby disse. — Estamos no aeroporto. Mike e eu chegamos aí em alguns minutos.
Abby e eu iniciamos uma tradição: jantar mensais. Todos os meses nos encontrávamos, e neste mês, em especial, iria contar a ela o sexo do bebê. Abby estava uma pilha de nervos depois que arranjou um novo emprego, mas conseguiu uma folga.
Chase estava atrás de mim, dormindo agarrado a Chase, nosso gatinho. Os dois costumavam ficar separados, mas depois que nos mudamos para um apartamento maior e o gato se sentiu um pouco solitário, passou a ser completamente dele. Me sentia ciumenta às vezes. Eles não se desgrudavam nunca.
— Estou ansiosa. Parece que passou tanto tempo… — eu disse, falando baixinho para não acordar Chase. — Faz quase quatro meses que se mudou para Chicago. — Minha voz parecia afogada. Meu peito apertou, e eu sabia que iria chorar.
— Como estão as coisas? — Encarei a janela ampla do quarto e pude ver o Central Park. A vista era linda. A noite estava enevoada e escura, mas ainda assim carregava algo que fazia meu peito doer. Tudo havia acontecido, havia mesmo acontecido.
Eu tinha uma vida com o homem que amava. Um filho dele.
Chase havia escolhido o nome do nosso garotinho. Quando descobrimos o sexo do bebê, ele chorou ainda mais que eu. Era cômico, se não fosse tão emocionante. Thomas. Igual ao nome do pai. Ele havia iniciado uma rotina de todo fim de semana visitar o túmulo de seu pai e conversar. Passava horas lá. Ele finalmente havia o perdoado, e dizia que o pequeno Thomas era o responsável por isso.
— Ótimas. Simplesmente ótimas. — Mas parecia faltar algo. Olhei para minha mão, imaginando aquele anel que Chase me oferecera meses antes. — Mal posso esperar para o nosso jantar.
***
Eu vestia um longo vestido vermelho sexy que Chase insistira que eu colocasse. Chase havia feito reservas num restaurante chique, mesmo eu tendo insistido para que ele não o fizesse. Abby não gostava de tanto glamour, e Mike, por mais que tivesse mudado — Abby me disse que ele havia se transformado em um homem totalmente novo — ainda não se encaixava com tanto luxo.
Nem eu.
Chase me levava, de vez em quando, a jantares de negócios. Não gostava do jeito como todos me olhavam, mas ele simplesmente falava ao meu ouvido: "Mande-os se foder mentalmente" e eu o fazia. Tudo ficava um pouco mais divertido depois disso.
— Parece nervosa. — Ele disse. Chase cobriu minha mão e procurou meus olhos. — Lembra do nosso combinado? Respire fundo, feche os olhos e mande eles se foderem.
Ele sorriu e beijou minha mão.
Quando Abby e Mike chegaram, o clima mudou. Havia um mês que não via minha irmã, e considerando minha barriga proeminente, meus sentimentos se intensificaram uns trezentos por cento.
Levantei, andei até Abby e a abracei com tanta força, que ela teve que se afastar um pouco para respirar.
— Você está linda. — Ela disse. — Ai, que saudade… faz tanto tempo! — Abby e eu nos dirigimos para a mesa enquanto Chase e Mike conversavam. — Quero saber. Qual é o sexo do bebê? Não aguento mais, Anne. Diga.
Olhei para Chase e sorri.
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