Meu CEO Possessivo romance Capítulo 30

Leon

Acho que ouvi errado, minha rainha não teria atentado contra a sua vida. Levanto-me e começo a andar, pensando no porquê ela nunca tinha me contado, mesmo sendo uma coisa dela.

— Por que você não me contou? — não me aguento e pergunto para ela, que estava chorando muito. Aquilo me cortou o coração.

— Eu tinha medo de te contar — ela sussurra, olhando-me com aqueles lindos olhos nublados de tristeza. A vontade que eu tinha era de voltar à delegacia e matar aquele desgraçado de uma vez por todas.

— Minha rainha, nunca tenha medo de me contar alguma coisa, OK? — peço-lhe, e volto a me sentar ao seu lado, puxo-a para os meus braços e ali eu a deixo chorar por tudo o que lhe tinha acontecido. Ficamos assim, nós dois em nosso mundinho fechado, onde não precisávamos de mais ninguém e onde teríamos um ao outro sempre.

— A senhorita quer um pouco mais de água? — a doutora pergunta.

— Não, obrigada! Eu estou bem, acho que agora sim eu finalmente tirei o peso das minhas costas.

— Você quer remarcar a sessão?

— Não.

— Você acha que está pronta para continuar?

— Sim, estou.

— Ótimo, então continue — a doutora pede, pegando um caderno. Começa a anotar algumas coisas, enquanto a minha rainha se senta melhor no sofá e fica segurando a minha mão com força. Eu sabia que aquilo era difícil para ela.

— Depois que tentei me matar naquela noite… — ela sussurra, e fico gelado ao ouvir essa frase. Tive muito medo de que algo tivesse acontecido com ela; eu nunca teria conhecido o amor.

— Continue… — a doutora Bastos encoraja.

— Eu tinha vergonha, sabe? Foi humilhante ver o que tinha acontecido e que tinha sido culpa minha.

Olho para ela chocado.

— Não foi culpa sua — declaro, e ela sorri triste.

— Para mim foi, até o dia em que te conheci. Naquela mesma noite, eu estava tão machucada, com tanta dor no corpo e com tanta vergonha de mim mesma por não ter conseguido machucá-lo.

— Senhorita Sanches, é normal se sentir assim.

— Doutora, não é normal eu ter sido violentada por um louco que achava que eu tinha que ser dele.

— Você não me entendeu, o que eu quis dizer, Senhorita Sanches, é que é normal uma pessoa achar que é culpa dela por ter sido violentada. E vocês têm que entender que não são culpadas, entende?

— Sim.

— Você quer continuar?

— Sim, eu quero acabar com isso logo. Fui largada no chão toda machucada por um louco, e sinceramente achei que não conseguiria ir embora.

— E depois, o que aconteceu?

— Acho que foi um milagre eu ter saído de lá e ter conseguido chegar em casa. Assim que cheguei, estava tudo escuro, eu tinha medo de acender a luz e ver o tanto que estava machucada.

Meu Deus, como a minha rainha sofreu, e ainda toda machucada. Ah, como eu queria tê-la conhecido antes e ter evitado toda essa dor e sofrimento que ela estava passando.

— Eu tinha vergonha do que aconteceu e achava que não merecia viver, era como se a minha alma tivesse sido arrancada do meu corpo.

— E como a sua família reagiu quando soube?

— Meus pais morreram alguns anos atrás em um acidente de avião, só ficamos a minha irmã e eu. Ela, coitada, sofreu o pão que o diabo amassou… Sabe, eu nunca tinha apanhado em toda a minha vida, nem quando criança… Como estava dizendo, a dor era tão grande, que quando cheguei ao meu quarto lembrei que tinha ganhado um diário de aniversário da minha irmã, que a minha mãe tinha deixado para ela. Só pensei numa coisa: deveria me matar. Assim, abri o diário e comecei a escrever nele…

— O que você escreveu?

— Que aquele dia era o meu aniversário de 18 anos e que tinha decidido acabar com a minha vida.

— E depois?

— Depois eu peguei um estilete que estava na gaveta da minha escrivaninha e decidi que aquele era o momento. Segui para o banheiro, e quando acendi a luz e vi como estava machucada, roupas rasgadas, humilhada e suja, a única opção que achei para mim e que teria sentido foi tirar a minha vida, e foi o que eu tentei fazer. Vi que só tinha uma maneira, e foi o que fiz, passei o estilete em cada pulso. Chorei muito, porque eu estava querendo um alívio para a dor que estava sentindo — ela diz, baixinho, e aperto a sua mão, mostrando que estava ali dando apoio.

— E naquele momento você só pensou nisso? — a doutora a questiona, e tive vontade de mandá-la para o inferno, ela não via como a minha rainha estava sofrendo?

— Para mim era isso, se eu me matasse não teria que enfrentar ninguém e ficar sendo apontada por ter merecido ser estuprada.

Fico chocado com o que ouço.

— E por que a senhorita acha que seria apontada?

— Porque, por incrível que pareça, ainda há preconceito, acham que nós mulheres merecemos esse tipo de castigo para aprendermos que devemos nos comportar onde estivermos.

— Onde você ouviu isso?

— Nas minhas primeiras sessões de terapia para pessoas que sofreram abusos. Lá eu ouvi cada história que daria para escrever um livro — minha rainha fala com tanta tristeza, que nessa hora tenho raiva da minha raça.

— E essas terapias ajudaram em alguma coisa?

— Não muito, sendo sincera. Me ajudaram a poder voltar para a escola e terminar os estudos, para começar a faculdade.

— Como seus amigos reagiram ao saber o que te aconteceu?

— Eles não ficaram sabendo.

— Por que não?

— Eu não queria que eles descobrissem que tinha sido estuprada e receber de alguns olhares de pena e outros risinhos de “bem feito”. Doutora, assim que achei que tinha me matado, entrei na escuridão profunda achando finalmente a paz que tanto buscava, e depois que descobri que tudo que eu tinha feito foi em vão me desesperei.

— Por que você achou que foi em vão?

— Quando eu me cortei, logo ouvi o grito da minha irmã Vanessa, e pedi perdão a ela.

— Por que você pediu perdão à sua irmã?

Tenho vontade de gritar com a médica insensível que ela era.

— Porque minha irmã não merecia passar pela mesma vergonha que eu! Ter o seu nome sendo arrastado na boca de fofoqueiros de plantão? Não, a minha irmã é boa demais para ser ligada a esse caso.

— O que a sua irmã pensa de tudo isso?

— É claro que ela não aceitou bem — Duda ri de nervoso.

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