Gabriela
-Essa caixa está muito pesada!-reclamou.
-Achei que eu fosse a grávida aqui.
Lucas, estava levando mais uma caixa para o carro. Rick chegou atrás colocando outra caixa no porta-malas.
- Sabia que foi assim que conheci minha esposa? Por conta dessa moleza do Lucas.
- Você conta essa história toda vez, e sempre faz eu parecer um chorão - Lucas revirou os olhos.
- Mas você é um chorão.- bati no seu ombro.
-Contra fatos não há argumentos.- Rick deu outro tapa mais forte no outro ombro.
-Isso é bullying.
– É realidade.
- Você engravidou minha irmã, ta sem moral comigo.
Era quarta feira, Lucas tinha tirado o dia de folga, Rick e Gabriel também estavam ajudando a colocar tudo nos três carros e levar para meu novo lar. Naquele momento eu tive que concordar com minha māe, eu era muito
bagunceira, descobri inúmeras coisas que eu nem sabia que tinha.
Muita coisa não iria caber, então tivemos que sair distribuindo minha louça, meu sofá, minha mesa e vários utensílios pela casas dos meus parentes, o que era super triste, já que eu era materialista pra caramba.
Se desfazer do meu apartamento, das minhas coisas do meu jeito, de viver como eu queria não foi muito fácil. Terminamos de tirar tudo de lá no final da noite, olhei para aquele lugar vazio. Caminhei por todos os cantos dali, mudar era necessário, mas eu sentiria falta.
Passei menos de quatro anos ali, mas ainda assim tinha histórias para contar. Monótona apoiei meus braços na janela e admirei aquela rua uma última vez. Dessa jeito vou achar que vocë está triste
- Desse jeito vou achar que você está triste por ir morar comigo.- Lucas me assustou surgindo do nada.
- Mas eu realmente estou.- sorri.
-Quase 10 anos de amizade e você tem coragem de dizer que está triste por ir morar comigo? -fez drama colocando a mão no peito.
- Eu gostava pra caramba desse apartamento.
-Quando eu ganhar o processo você vai poder até comprar ele se quiser. Agora vamos, temos dois irmãos conspirando contra a gente embaixo e uma namorada doida organizando minha casa para colocar todas suas coisas.
-Ela aceitou bem isso né? Estranho.
- Ela não é uma má pessoa.
Discordava disso, mas tudo bem, peguei minha mochila e um ursinho de pelúcia, Lucas pegou mais duas malas que tinham na porta e foi carregando até o carro, reclamando do quanto estava pesado.
Fui com Lucas, porque seu carro era o que estava mais vazio. Eu estava muito cansada, estava fazendo mala há dois dias, arrumando caixas e andando para lá e para cá. Meus pés estavam inchados e eu não tinha condições nenhuma de continuar carregando caixas.
Sentindo medo de estar regredindo, voltando para trás ao invés de ir para frente. O medo de minha convivência com Pedro não dar certo, me fez começar chorar um pouco antes do meu irmão estacionar em frente ao prédio.
- Maninha. O que foi? Você quer ir morar comigo? Você pode dormir no quarto do Gael e eu coloco ele no quarto dos gêmeos - ele alisou minhas costas.
- Eu. Não. Gosto. De. Ser. Adulta. -levei a mão até meu rosto.
-Você quer ficar na minha casa?- ele arrumou meu cabelo que grudava em meio as minhas lágrimas.- Vou falar com o Lucas,.para gente levar suas coisas para minha casa.
Gabriel ameaçou sair do carro, mas eu segure seu braço e ele veio me abraçar. Estava com saudades de casa, da minha mãe, do meu irmão, estava com saudades de ser só mais uma adoslecente com a obrigação de tirar nota no colégio. Agora eu tinha que me preocupar com emprego, com casa, carro, dinheiro, relações amorosas e amigáveis, e com meu filho. Eu tinha que me preocupar com ser adulta, e isso estava me perturbando já alguns dias.
- Vai ficar tudo bem.- ele afagou meus cabelos.- Confie, Gabi. Confie.
Assenti e me afastei limpando minhas lágrimas e encontrei Lucas na janela do carro, desci do mesmo e ele me envolveu em mais um abraço quente.
Depois do meu momento, peguei minha mochila e meu ursinho de pelúcia. Os garotos começaram a planejar como levariam todas as coisas. Minha cama e meu guarda roupa tinham sido montados mais cedo, só faltava as caixas com minhas roupas, meus livros e meus objetos.
No apartamento encontrei uma Sara cantarolando uma música em inglês, estava usando um vestido estilo mãe do ano, e preparando uma comida, que estava com a cara muito feia, não deixou de passar por minha cabeça que ali tinha veneno.
- Oi, Gabriela! Você está com fome? Estou preparando um jantar.
-Não estou com muita fome. Mas obrigada. -A cumprimentei com um beijo no rosto e encarei a panela, um caldo grosso e amarelado com legumes e uma carne estranha dentro. Aquilo revirou meu estômago parecia lavagem.
-O Lucas disse que você precisa de comida nutritiva, aí peguei uma receita da minha avó. Vou colocar só um pouquinho para você comer.
Assenti não querendo fazer desfeita e ela colocou em um prato umas quatro conchas.
Peguei o prato e uma colher, fui sentar a mesa enquanto os garotos entraram no apartamento rindo e cheio de caixas na mão.
Senhor, não deixa eu morrer envenenada, pedi mentalmente. Lucas se aproximou da namorada e fez uma careta olhando para a panela.
-O que é isso? Credo.
- Sopa da vovó. --ela respondeu mexendo.
-Acho melhor a Gabi não comer isso, o nosso filho tadinho não pode ser envenenado está parecendo aquela sopas de bruxa má - pensei que ia ser salva agora com o Lucas pensando o mesmo que eu.
-Oh Mozão é uma receita muito rica em tudo que o filho de vocês precisa, e vou ignora você ter me chamado de bruxa porque estou de bom humor hoje, mas eu fiquei horas fazendo isso com muito carinho e está bom - ela falou colocando um pouco na boca.
-Boa sorte amiga, você vai precisar - ele falou e foi rindo colocar a caixa no meu novo quarto.
Peguei um pouco do caldo e prendendo a respiração coloquei na boca, até que não era tão ruim. Somente a aparência e o cheiro que não era tão agradável, mas não estava ruim. Ou talvez eu estava com muita fome.
Estava estranhando a gentileza dela, mas acreditava que era porque Lucas tinha conversado direitinho com ela, então quem
sabe ela näo estava tentando mudar.
- Eu estou morto. - Lucas se jogou no sofá.
- Tem tanta caixa lá embaixo ainda.- Gabriel bateu no ombro dele.- Se você não levantar não vamos terminar hoje.
-Tia Gabi! - Maria entrou correndo pela porta e se sentou ao meu lado. - Preciso te contar uma coisa!
-Calma, Ferinha. Se despede da sua avó antes de sair correndo assim!- dona Elisa apareceu na porta acenando.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu melhor erro