Meu melhor erro romance Capítulo 4

Gabriela

Um barulho de panela caindo no chão me acordou. Deveria ser cedo da manhã já que minhas pálpebras insistiam em querer fechar. Mais uma vez o choque de uma panela com o chão fez meus olhos se abrirem de vez.

Bati minha mão no criado mudo em busca dos meus óculos que coloquei no meu rosto. Estiquei os braços, saltei da cama e me espreguiçando fui ver que destruição era aquela na minha cozinha.

— Lucas, o que diabos você ta fazendo? — perguntei ao vê-lo com uma bagunça enorme na minha cozinha.

— Preparando um café.

— Você está destruindo minha cozinha, Lucas — tinha algumas panelas no chão, o liquidificador todo sujo em cima da pia que estava repleta de bandas de laranjas abertas.

No fogão um ovo mexido era preparado, só que tinha mais ingredientes no fogão do que na panela.

Corri para mexer o ovo que já ia queimar no fogo. Desliguei e virei cruzando os braços para encarar o senhor Lucas que ria mostrando duas covinhas na bochecha.

— Estou preparando um café da manhã ué. Não precisa quebrar tudo! — bati o pé no chão enquanto colocava as bandas de laranja no lixo.

— Só caíram umas panelas no chão.

Recolhi as panelas do chão e organizei no armário. Eu podia ser bagunceira, mas na cozinha gostava das pelo menos no lugar delas. Pedro ligou o rádio de pilha que eu tinha em cima da geladeira e começou a rolar um sertanejo, muito ruim. enquanto colocava o líquido do liquidificador no copo.

— Você vai arrumar toda essa cozinha. — falei pegando o copo com suco e indo sentar no sofá. — Que horas são?

— Horas de eu ir para o escritório. Só preciso arrumar isso tudo já que a Senhorita mandona, mandou.

— Gosto assim. — sorri e ele retribuiu.

Lucas realmente arrumou a cozinha. Fui tomar banho e quando voltei ele estava terminando de passar pano no cômodo. Olhei a bancada brilhando e a louça bem lavada.

Em cima da mesa além dos ovos mexidos, uma grande variedade de pães e frios. Inspirei o cheiro gostoso de café recém passado e me sentei a mesa. Pedro se sentou ao meu lado e pegou uma xícara, serviu com café puro e bebeu. Fiz o mesmo.

Olhei para minha blusa com um gatinho estampado e minha calça de moletom velha.

Encarei-o novamente e senti meus olhos se encherem de lágrimas e parei de beber meu café.

— Eu gosto do meu pijama.

— Gabi! — ele começou a rir. — Não chora, seu pijama é lindo, calma. — pegou minha mão sobre a mesa e continuou rindo.

— Você ta rindo de que?

—De você.

— Por que eu estou grávida, sozinha, descabelada, de pijama e nunca vou ter ninguém, e vou continuar assim para o resto da minha vida? - limpei uma lágrima que escorreu.

— A gravidez só vai durar nove meses! — zombou antes de levantar e me envolver em um abraço. — Você não está sozinha!

— Você entendeu!

Queria me referir a ter alguém ao meu lado igual ele tinha Sara, e se não tinha antes, agora grávida que não teria mesmo. Sequei minhas lágrimas e voltei a comer.

Fiz um sanduiche com peito de peru e queijo branco, comi mais alguns pão de queijo e um pão francês com ovo mexido. Enquanto comia o Lucas se arrumava para ir trabalhar.

Guardei todas as coisas na cozinha brilhando que o garoto tinha arrumado e fui para o sofá. Na TV estava passando desenho.

Aconcheguei-me segurando os joelhos e fiquei assistindo.

— Parece uma criança. — ele falou parou na minha frente de joelhos.

— Da onde você tirou essa blusa? — disse pegando na gola da camiseta polo branca que ele usava. Ele estava com a bermuda jeans que estava na noite passada. E você vai trabalhar de bermuda?

— Não sei, encontrei dentro do seu guarda roupa. E não vou passar em casa, só queria adiantar o banho.

— Não me lembro dessa blusa ter ficado aqui! — apertei os olhos. — Leva meu carro, amanhã quando eu for trabalhar eu pego.

— Você vai voltar a trabalhar numa sexta feira? Por que não pega mais um dia de folga?

— Preciso colocar comida na geladeira. sorri e passei a mão no cabelo molhado dele jogando para o lado.

—Do jeito que você anda comendo seu salário não vai dar pra comprar comida nem para uma semana.

— Acho que agora eu engordo. Passei a mão na minha barriga arredonda.

Lucas colocou sua mão sobre a minha e acariciou meus dedos.

—A gravidez não faz você deixar de ser ruim.

— Lucas! —reclamei rindo.

— Agora tenho que ir — ele deu um beijo sobre a mão que estava na minha barriga. — Vou marcar médico pra você. E acho que vou contar da gravidez para Sara amanhã. — respirou fundo.

— Vou trancar bem as portas. — Sorri.

— Tchau meio metro de gente. — ele falou e deu um beijo na minha testa.

Revirei os olhos e levantei para ir trancar a porta. Lucas passou pela porta e eu dei um tapa na sua bunda, antes que pudesse reclamar fechei a porta rindo.

Voltei para meu sofá para assistir desenhos. Sim, 24 anos, prenha e assistindo desenhos.

Dane-se sempre gostei e pagava TV a cabo para isso.

Meu ócio começou a me incomodar por volta do meio dia quando minha barriga roncou.

Tive que levantar e ir preparar um Miojo, pensei em pedir comida, mas demoraria muito e eu não estava a fim de ficar mais tempo com fome.

Acessei a Netflix e coloquei uma série para assistir. Minhas pálpebras pesaram e não demorei a cair no sono. Um cheiro esquisito começou a invadir meu nariz e meu subconsciente me obrigou a acordar.

Abri os olhos e encontrei o apartamento todo esfumaçado. Ai meu deus, o Miojo. Corri para o fogão e desligue a válvula do gás. Cobri meu nariz enquanto tentava jogar água na panela que já mostrava as cinzas no seu interior.

O telefone tocou e corri para atender enquanto tossia por causa da fumaça adentrando no meu sistema respiratório.

— Gabi? — um Lucas animado chamou meu nome.

Como esse garoto podia estar animado? A vida dele vira de cabeça para baixo em um

dia e ele conseguia ficar animado. Tossi um pouco antes de responder.

— Costuma ser eu. — Sorri voltando para minha panela torrada. Agitei o pano de prato contra.a fumaça.

— Como você está?

Abri um pouco a janela para toda fumaça se dispersar.

— Com fome. — sorri. — E querendo voltar a trabalhar. Não tem nada para fazer aqui em casa!

Lucas começou a rir do outro lado da linha. Você ainda não almoçou? Já são quase três da tarde.

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