Resumo de Capítulo 4 – Meu melhor erro por Letícia Nogueira
Em Capítulo 4, um capítulo marcante do aclamado romance de Romance Meu melhor erro, escrito por Letícia Nogueira, os leitores são levados mais fundo em uma trama repleta de emoção, conflito e transformação. Este capítulo apresenta desenvolvimentos essenciais e reviravoltas que o tornam leitura obrigatória. Seja você um novo leitor ou um fã fiel, esta parte oferece momentos inesquecíveis que definem a essência de Meu melhor erro.
Lucas
Meu dia no escritório foi cheio, resolvi uns problemas com uma papelada de um processo familiar. Não gostava nem um pouco de pegar casos na área da família. Deixava esses casos para meu pai, sempre preferi a área criminalística.
Desde a faculdade me via trabalhando nisso, porém para defender pessoas inocentes, meus princípios nunca foram abalados por conta de dinheiro. Formei-me em direito não somente por ser uma profissão renomada ou porque meus pais queriam, e sim porque prezo a
justiça.
Não gostava de atuar na área familiar porque não achava justo ser o motivo por tirar um filho de um pai por exemplo. E era por esse motivo também que se eu passasse no concurso para juiz dali a alguns anos, eu iria trabalhar apenas com criminalístico ou direito trabalhista.
Respirei fundo colocando os papéis em uma pasta, teria trabalho pra casa hoje. Despedi-me do meu pai, e fui para casa de Rick. Queria conversar com ele antes de contar para meus pais e para Sara.
Rick estava morando em uma casa no mesmo bairro que eu, eu tinha comprado o apartamento que ele morava antes. Dirigi para lá desviando do trânsito e não demorei.muito para estacionar em frente o sobrado pintado na cor branca e janelas aparentes.
Antes de tocar a campainha, Maria abriu a porta e cruzou os braços me encarando.
Sorri com a braveza dela, estava usando o uniforme do colégio ainda, com o cabelo cacheado amarrado em um rabo de cavalo desgrenhado.
— Quando pretendia me contar que eu terei um primo? — Ela perguntou. Comecei a rir, como ela descobriu? Entrei e fui direto pra sala me jogando no sofá macio.
Ela veio atrás ainda de braços cruzados, e estava realmente chateada.
— E como a Senhorita descobriu isso? — perguntei sabendo que o meu irmão não contaria já que pedi discrição.
— Vocês subestimam demais minha inteligência. revirou os olhos me arrancando gargalhadas. — Como pode engravidar a Sara, ela não gosta de mim, e ainda não me contar.
Maria era a menina mais sincera e extrovertida que eu conhecia. Eu adorava aquele gênio forte dela, era sempre muito madura para a idade dela.
— Não engravidei a Sara. — cocei a cabeça.— Quem ta grávida é a Gabriela.
— Que Gabriela? - os olhos dela de arregalaram. - A sua Gabriela? Sua melhor amiga? A que me leva para ver os filmes mais dahora no cinema? Essa Gabriela? Ai meu deus! a tia Gabi está grávida — ela abriu um sorriso enorme. — E eu que quase achei que essa não era uma boa notícia, mas é ótima.
Rick desceu as escadas enquanto vestia uma camiseta preta, não estava muito diferente de quando se mudou para São Paulo a quase 10 anos atrás, só o cabelo que mantinha cortado rente à cabeça, gostava
daquele estilo, quando ficasse mais velho quem sabe não iria aderir.
Ele se jogou na poltrona preta de frente para mim. Encarou Maria com os olhos semiencerrados, a menina como se entendesse o olhar fez uma cara de cachorro que caiu da mudança.
— É feio escutar a conversa dos outros viu dona Maria.
— Eu só queria um copo de água. Ou você queria que sua filhinha morresse de cede? — ela levantou com as mãos atrás do corpo. — Aliás, querem uma aguinha? Me deu uma cede de repente.
Comecei a rir da forma fugitiva dela, Rick encarou enquanto ela seguia em direção à cozinha, quando ela já não estava mais a vista também abriu um sorriso.
— Ta vendo né? Ter filho não é fácil não. — Não me assusta! — pedi colocando as mãos no rosto.
— Como isso aconteceu Pedro? Mano, se não fosse você eu não acreditava nessa história. — ele falou rindo.
— No ano novo lembra? Que te contei que acordei na mesma cama com ela e não lembrava nada? Então, ai quando foi ontem pá, ela me deu a notícia, vamos ter um filho.
— A Gabriela cara? Sua melhor amiga! — ele parecia tão chocado como eu.
— Pois é seu Ricardo, olha que noticia boa. — Maria voltou entregando um copo de água para o pai e um para mim. — Quando vai contar para a chata?
— Maria... — Rick fez o mesmo olhar de antes sobre ela e ela sorriu se encolhendo. — Pretendo contar hoje quando chegar em casa. Mas como eu conto?
— Conta a verdade, mas deixa a notícia para o final, tipo, conta o que houve no ano novo e só no final fala sobre a gravidez. — meu irmão ia falando e gesticulando.
— Ai ela vai ter um pequeno surto.
— Então você se abre pra ela e fala que não vai deixar seu filho e sua melhor amiga. A Sara parece ser ciumenta, mas acredito que ela vai entender. Problema mesmo vai ser a mamãe! Lembra quando contei da gravidez de Melinda? E olha que a estávamos casados quando ela engravidou.
— Você vai estar comigo né? — pedi.
— Vou estar, mas que vou amansar a fera não prometo não. — Começou a rir. — Sério
Lucas, você ta ferrado. E a Gabriela? Como ta a gravidez?
— A gente não sabe muita coisa ainda. Tem que marcar médico e todas essas coisas ainda!
— Passa lá no hospital, pela manhã eu estou sempre lá, aí eu levo vocês até a maternidade.
Rick trabalhava no Hospital Li, seu foco lá dentro era a pesquisa clínica.
— Vou ver com a Gabi aí te falo. Mano ainda tem o pai dela, meu deus, e o irmão mais velho! — minha cabeça rodou.
— Uma dica, não coloque todo mundo no mesmo lugar para contar. — ele falou e deu outra risada.
Eu tinha um pouco mais que a idade da Maria quando Rick foi anunciar a gravidez lá em ilha Bela em uma das melhores pousadas.
Lembro da confusão que tinha sido entre minha mãe e a mãe de Melinda, e sinceramente não entendo o porque de tanta briga, isso tudo porque a minha mãe sempre achou que um filho ia acabar com a vida do meu irmão, e consequentemente a sua imagem que é o mais importante para ela.
— Vou anotar isso.
Nós rimos e Maria levantou indo até o videogame
— Preparado para perder? — perguntou pra mim.
— Vou preparar um lanche e vocês vão ver quem vai ganhar dessa vez. — Rick foi para a cozinha.
— Ele acha mesmo que pode ganhar da gente? — ela riu. — Esse Ricardo é muito ingênuo.
— Não fala assim do seu pai Maria — falei e ela me olhou revirando os olhos.
Comecei a rir e começamos a jogar uma partida. Fiquei por lá até umas oito da noite quando mandei uma mensagem para Gabi dizendo que não poderia passar lá, porque ia enfrentar a Sara.
Passar um tempo com meu irmão e com minha sobrinha me deu mais coragem para enfrentar tudo. Ele tinha tido Maria bem mais novo do que eu, e ainda era pai solteiro e cursava a faculdade. Se ele conseguiu, eu iria conseguir, tinha uma pessoa incrível com mãe do meu filho, já era mais velho e tinha uma boa estabilidade financeira.
Pedi para Sara me encontrar no meu apartamento e quando cheguei ela já estava.sentada no sofá mexendo no celular.
Dei um beijo no topo da sua cabeça e sentei ao seu lado.
— Oi! — ela falou sorrindo.
— Estava na casa do Rick, fazia tempo que não ia lá.
— Ah! E devia ter um tempinho, você mal fica comigo.
— Que isso Sara, a gente se vê praticamente todo dia.
Passei a mão pelo pescoço dela e a puxei para mais perto.
— Fala o que você me chamou para contar — ela pediu.
Cocei a cabeça e olhei para ela. Era hora de contar, lembrei-me das palavras da Gabi e do.meu irmão "seja sincero".
— Sara. No ano novo, antes da gente se reencontrar. — limpei a garganta e alisei a mão dela que estava sobre minha perna. — Eu bebi muito e a Gabi também... — ela abaixou a cabeça como se soubesse o que eu ia dizer..— Acabamos ficando muito bêbados e rolou..
Ela se levantou e colocou a mão na cabeça virando de costas para mim. Eu estava muito ferrado, respirei fundo e levantei também.
Balancei a cabeça, não queria mais ficar ali, peguei a minha pasta de processos e sai do apartamento, tentando colocar a minha máscara. No elevador dei de cara com o Francis, marido da sogra do meu irmão. Sorri torto para ele, ele é meu vizinho e nossa nestes anos difíceis ele me ajudou muito tivemos altas conversas na varanda.
— E ai garotão? Você está bem? — perguntou apertando meu ombro.
Nossas famílias acabaram se agregando, natal, ano novo, todas as datas comemorativas passavam juntas.
— Para ser sincero? Nem um pouco bem.
Francis arrumou sua bolsa no canto do seu corpo, devia estar voltando de um plantão cansativo, me senti mal por estar amolando ele com conversa sobre mim.
— Acho que você está precisando de uma boa bebida, também estou, tive um plantão complicado.
Ele me convidou com a mão para seguir até o 205. Entramos e ele pegou uma garrafa de gim, serviu dois copos e me entregou um, e tiramos as nossas máscaras.
Dona Maria e o Yuri, filho deles, deviam estar dormindo.
— O que houve no seu plantão?
— Paciente Lúpica. Estou pedindo a Deus todos os dias para que as pesquisas em humanos do medicamento do seu irmão comecem logo. — respirou fundo e deu um gole na bebida. — O nome dela era Solaria, nada comum, estava grávida de três meses, começou a abortar e acabou tendo uma parada cardiaca. A perdemos, e eu não consigo não pensar na Melinda, quantas vezes eu conversei com ela para tomar cuidado e não engravidar, não me entenda mal eu amo a minha neta, a Maria foi um lindo presente, mas é muito difícil a Melinda era como uma filha para mim, quando me casei ela só tinha cinco anos, e ter a perdido assim sedo um especialista da doença dela me fez me sentir um inútil.
— Sinto muito. — bebi um gole do gim. — Não consigo nem imaginar a sua dor, a Melinda era uma mulher maravilhosa, e nos deixou um tesouro a nossa Maria.
— Obrigado. Não sei se consigo mais ser reumatologista. Quando aparecem casos assim eu geralmente travo! Eu amo o que eu faço, mas temo que a essa altura do campeonato tenha que mudar de especialidade.
— Você é um bom médico, sabe disso Francis. — respirei fundo. — Vejo isso no meu irmão também, a dificuldade quando aparecem casos parecidos com o de Linda, mas vocês são bons médicos, boas pessoas e vão se dar bem seja nessa especialidade ou em outra.
— Obrigado Lucas. E sempre bom ouvir alguns conselhos! — segurou o copo por baixo e me encarou. — E você? o que está te deixando assim?
— Vou resumir. Minha melhor amiga está grávida de mim, minha namorada acaba se sugerir que ela aborte. — apertei minha têmpora. — E eu em nenhum momento cogito isso, é o meu filho, minha cabeça está a mil.
— Oh! — ele sorri e colocou a mão no meu ombro apertando. — É futuro papai, você está encrencado com sua namorada, mas ela deve ter sugerido isso porque está nervosa. E mesmo que esteja sugerindo pra valer, você é o pai e a Gabriela que é a mãe, deste serzinho, e se vocês quiserem vão ter sim esse filho.
— Recomendo Obstetrícia para sua nova especialização. Ou quem sabe psiquiatria.
Nós dois rimos.
— Não estarei formado a tempo de fazer o parto. Mas depois que a criança nascer eu posso ser o pediatra dela, esse diploma eu tenho.
— Vou cobrar os seus serviços, principalmente por ser meu vizinho sempre bom ter um pediatra por perto — bebi o restante do gim e olhei a pasta, ainda tinha esse caso. — E pra compensar fui presenteado com um caso onde o pai quer a guarda compartilhada do filho recém-nascido e a mãe não está nem um pouco disposta a dar.
— Parece que as coisas se ligam né? — terminou de beber o gim dele. — Parece que nosso trabalho sempre traz coisas relacionadas ao momento que vivemos.
E realmente. apoiei a mão no joelho e levantei.
— Agora tenho que ir Francis. Obrigado pela conversa e pelo gim. — apertei o ombro dele. — Lembre-se você é um ótimo médico.
— Valeu Lucas.
Fui para casa e no meu quarto Sara dormia tranquilamente. Coloquei o lençol sobre seu corpo é fui para sala. Não devia ser fácil para ela aceitar que outra mulher estava grávida do seu namorado. Deitei no sofá para estudar todo o caso que tinha naquela pasta.
Acabei pegando no sono enquanto lia.
Pela manhã meu celular despertou. Para não me atrasar tomei um banho rápido e deixei a Sara dormindo quando saí. Dirigi até o edifício onde ficava o escritório e voei para minha sala.
Por volta das dez da manhã a Gabi me ligou dizendo que estava indo até meu apartamento buscar o carro dela. Orientei sobre a chave embaixo do tapete e depois liguei para Sara para saber se ela ainda estava lá, por sorte não estava.
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Continua...
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