• MEU SOGRO • romance Capítulo 56

"Sentir demais é uma dádiva, não uma maldição."

— Autor desconhecido

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05:00...

Berriere acorda com o chorinho baixo do Kauã, fica observando para ver se voltará a dormir, mas não o faz e o quarto está começando a clarear. Ele cobre a cabeça e se encolhe todo.

— O que foi meu anjinho, está com medo? — Puxando-o com dificuldade para seus braços o acalenta. — Fala comigo.

Kauã fica em silêncio por um bom tempo só chorando e Berriere liga a luz do abajur.

— Conversa comigo meu amor. — Tenta mais uma vez.

— Sonhei com o papai. — Escutar isso a deixou triste.

— Oh meu amor, sinto muito. — Se senta para o colocar em seu colo.

Ele fica desesperado com medo.

— Não me bota para dormir no chão por favor, eu não gosto. — Chorando implora. — É muito frio.

Sem entender tenta acalmá-lo e o puxa, mas a empurra.

— Kauã para. — Pede firme. — Como assim no chão meu amor?

Piscando os olhinhos vermelhos, senta na cama com sua carinha triste.

— Quando acordo assim... chorando com saudades do papai... — sua voz sai baixinha e chorosa quase não escutou. — A mamãe me coloca para dormir no chão.

Ouvir aquilo a deixou tão furiosa que Berriere dá um tapa ardido no Bronck para acordá-lo.

— Bronck! — Assustado cai da cama. — Acorda!

— Meu Deus! Terremoto, ataque zumbi... — arregalando os olhos a encara. — Oi? O que foi amor?

— Acorda! — Com uma voz raivosa ordena.

— Estou aqui. — Ainda sem entender o que o atingiu se senta na beira da cama.

— Vovô. — A voz chorosa dele chama sua atenção.

— Oi, o que aconteceu? — Se deitando com cuidado o coloca deitado com ele. — O que foi meu neto?

Com medo de contar Kauã o abraça e fica quieto.

— Vou lá embaixo beber um pouco de água e pegar um pouco para o Kauã, fica aqui por favor. — Decidida questionar a Katharine se levanta.

— Tudo bem, eu estou aqui. — Se acomoda com ele para voltar a dormir. — Vem, vamos dormir ainda está cedo.

— Me balança no bumbum, meu papai fazia isso até eu dormir. — Pede sonolento.

— Claro. — Feliz por saber que Kamael era um bom pai balança seu neto.

(...)

Na cozinha Berriere bebe um pouco de água.

— Como ela trata uma criança assim! — Suspira indignada.

Olha para o canto avista uma vassoura e decidida fazer algo, coloca um caneco para encher de água fria direto da bica.

— Farei uma faxina rápida no quarto da Katchora. — Suspira pegando o caneco já cheio e a vassoura a tira colo. — Não pode ser verdade! — Se questiona sabendo que Kauã não ia mentir. — Por via das dúvidas o corretivo chegará de um jeito ou de outro.

Entra no quarto e encontra dormindo de boca aberta, perceber o quanto está confortável a deixa ainda mais furiosa... pega o caneco que tem cerca de um litro e meio de água e sem pena joga na cara dela.

— Que porra é essa? — Seu grito ecoa pela casa.

Tomada pela raiva assenta várias vassouradas, conta até a 4.ª e se perde na contagem por causa dos gritos dela.

— Para! Sou maluca...

— Olha só para minha cara, como você pode colocar uma criança para dormir no chão? — Volta a bater novamente. — Me conta. — Exige.

— Vou te matar sua puta de merda. — Ameaça para ver se para, mas não funciona. — Ele é mentiroso e manipulador. — Mente para ver se Berriere para de bater.

Parando olha para sua cara e decide bater com a vassoura na cabeça para ver se cria juízo.

— Mostra logo a sua cara, tira essa máscara de santa. — Impõe preparada para voltar a bater quando Bronck a segura.

— O que é isso, querem acordar toda Seattle? — Estressado repreende às duas.

— Ela está me batendo, eu só... eu estava dormindo. — Choraminga.

— O que é isso Berriere? — Se recompondo decide contar sua versão da história.

— Estava na cozinha e a escutei gritando. — Afirma com uma voz preocupada. — Achei que estava tendo pesadelo amor, fiquei preocupada, juro pelo que há de mais sagrado que só a sacudir... — exagerada coloca a mão na boca. — Ela não acordou, peguei um pouquinho de água e salpiquei nela e nada de acordar Bronck fiquei nervosa, falando em línguas estranhas pensei... hum! É um demônio. — Sussurrando relata. — Rezei, e não saiu. Em um ato de loucura peguei a vassoura e falei... diabo sai desse corpo que não te pertence ele disse: vou te matar sua puta de merda. Rezei a vassoura e gritei, sai satanás! Aí bati né... — encolhendo os ombros finaliza sua história.

Chocado com seu relato se segura para não rir, pisca algumas vezes para assimilar tudo que ouviu.

— Foi verdade isso? — Pergunta para Katharine.

— Não sei... acordei levando porrada dessa maluca. — Grita estressada.

— Da vassoura ungida por Deus todo-poderoso. Tenho certeza que o demônio saiu? — Se aproxima fazendo Bronck segurar o riso. — Posso bater com mais força porque tem que seguir para as trevas Bronck.

Dá mais duas bem dadas nas pernas dela que grita desesperada. Bronck entra na frente.

— AHHH... FILHA DA PUTA... — esbraveja.

— Olha aí de novo. — Fechando os olhos finge rezar a vassoura. — Sai satanás... eu te ordeno amém. — Dá mais três vassouradas.

Rindo Bronck tenta segurar a vassoura.

— Em nome de Deus saia desse corpo, eu te repreendo amém. — Grita com ela.

— Para, sou eu juro. — Geme cansada de apanhar.

— Diga seu nome diabo, eu Berriere te repreendo em nome de Deus. — Sem forças, Bronck reúne toda sua força para afastá-la da cama.

— Para amor, por favor. — Sussurra.

— Sou eu a Katharine... sou eu poxa. — Soluçando confirma.

— Nossa! Você me deixou preocupada quando falou que iria me matar Katchora. Fiquei nervosa, mas Deus é contigo minha ovelha. Volte a dormir e fique em paz, mas se precisar é só chamar. Dizem que água fervendo tira tudo. — Relata fazendo totalmente errado o sinal da cruz no peito exageradamente. — Amém Deus! Ganhei mais uma alma pra Jesus.

Confidencia saindo do quarto descabelada, porém, de alma lavada.

— Você tem que ir em algum lugar, essas manifestações são perigosas Kathe. — Diz sorrindo. — Boa noite.

"Saio e ela já se foi, olho a vassoura ungida e não me aguento de rir. — Aí meu Deus! Essa mulher me mata de rir. — Subo e a cena enche meus olhos de lágrimas, está abraçada junto a ele beijando sua cabeça."

— Não sou sua mãe, mas se alguém ousar te fazer mal pego minha vassoura ungida e desço a porrada. — Jura alisando os cabelos do menino que dorme feito um anjo.

Em silêncio abraça os dois e mais uma vez agradece aos céus por sua amada estar viva. A sensação da perda ainda o assombra, conhece muito bem a dor de perder pessoas que ama demais e não era só isso, sabia que a família da Katharine não prestava, temia que eles tentassem agir mais uma vez, porém, agora temia mesmo por seu neto.

Balança a cabeça tentando afastar esses pensamentos.

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