Perdição de Vizinho romance Capítulo 18

Quando eu me deito

Céus, ouçam-me agora

Estou perdido

Depois de ter dado tudo de mim

I Look To You - Whitney Houston

(...)

Justin

Parado em frente a porta do apartamento do Nando, toco o botão da campainha impacientemente, repetidas vezes, sei que ele vai ficar puto quando finalmente resolver me atender, mas estou pouco me lixando para isso. Nesse momento, acho que não há ninguém mais desatinado do que eu.

— Droga, Nando! Abre essa porcaria! — profiro com a voz extremamente alterada e dou um tapa na porta, encostando a testa em seguida.

— Posso saber quem morreu? Porque espero de verdade que você tenha um excelente motivo para me tirar da cama tão cedo e ainda ficar tocando essa porra toda hora. 

Enquanto ele fala, passo pela porta aturdido e ponho as mãos na cabeça, respirando fundo.

— Ei! O que houve? — após fechar a porta e olhar em minha direção, notando o quanto estou atordoado, pergunta.

Seu semblante é confuso, porém, garanto que não é mais confuso de como estou me sentindo.

— Estou perdido, ferrado e completamente fodido. — solto um longo suspiro, finalmente me permitindo respirar.

— Não estou entendendo nada, cara. Pelo amor de Deus, me explica, tô começando a ficar preocupado.

Sento num dos sofás de tom acinzentado e ponho a cabeça entre os braços.

— Eu fiz de novo. — não o encaro, olho para a frente, mirando qualquer coisa, porque meus pensamentos estão longe e cada vez mais confusos.

— O que você fez de novo? Será que dá pra ser mais claro? 

— Transei com a Ella. — olho para ele. Em sua feição há uma mistura de surpresa com malícia.

Daquele tipo que quer dizer: "por essa eu não esperava, mas tamo junto, cara.

— Por favor, não faça isso. — balanço a cabeça para os lados em negação.

— Não fazer o quê? Até o momento permaneço calado. — tem um certo tom de sarcasmo em sua voz.

Bufo, recostando-me no sofá.

— Sabe exatamente do que estou falando.

Ele levanta, indo na direção da cozinha e tudo o que faço é acompanhar seus movimentos com o cenho franzido. Observo que Nando está só de cueca Boxer — o que não é nenhuma novidade — e usa uma espécie de robe aberto, assim como também pantufas. Rio sem mostrar os dentes, vendo isso, enquanto abre a geladeira.

Nando retorna, segurando uma garrafa de cerveja em cada mão e me entrega uma delas, sentando-se ao meu lado.

— São oito da manhã, sabe disso, né? — arqueiro as sobrancelhas.

— Você precisa beber e eu não perco uma oportunidade, então… — dá de ombros e entorna um gole da bebida — Ok, agora desabafa aqui no ombro do tio Nando. — da dois tapinhas no próprio ombro.

— Cuzão — mostro o dedo do meio a ele — Pra começar, eu nem deveria ter transado a primeira vez, que dirá a segunda. Prometi a mim mesmo que não me envolveria, que não me meteria nessa roubada e fiz exatamente o contrário. Porque Deus deu duas cabeças ao homem, se nessas horas a gente só pensa com a de baixo? 

— Não culpe Deus por seus erros, pecador. — reviro os olhos.

— Porra, vai ficar tirando sarro de minha cara mesmo? — pergunto após tomar um gole da cerveja.

— O que quer que eu diga? Os dois são adultos, ela queria, você queria, transaram. É simples, supera, cara. — repouso a garrafa em minha perna direita e o encaro.

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