Negada pelo Destino: Presa nas Sombras do Vínculo de Companheirismo romance Capítulo 105

Ponto de Vista da Kaia

— Sim, eu tomei o acônito... — Ela assentiu devagar, com os olhos fechados, se recostando na cadeira.

Por tanto tempo, ela tinha sido a vilã da minha história, mas naquele momento eu percebia que estava culpando a pessoa errada.

Ela estava tão envolvida naquilo quanto eu. Ela não era um monstro, tinha só 16 anos quando passou por algo parecido comigo.

Eu conseguia imaginar naquele momento, os dois homens tentando rasgar ela com dentes afiados... Cada um disputando para reivindicar ela como sua. Nem uma vez pararam para perguntar o que ela queria, qual deles merecia ela... Se algum merecia.

Nenhum deles pensou que ela era uma garota de 16 anos que precisava de ajuda dos pais, que precisava de apoio. Ela escolheu a única saída que conseguiu pensar na época... A morte.

Ela não tinha uma família que dissesse que, acontecesse o que acontecesse, a amaria e estaria ao seu lado. Ela era a chave para a destruição da nova família dela. Estava numa posição impossível.

Ela foi tanto vítima daquele jogo de poder dos alfas... Desses homens que deveriam saber melhor. A família de alfa deveria ter protegido ela melhor.

— Alora, além dos meus órgãos, o que mais você quer?

— Eu não quero seus órgãos, Kaia. Juro que nem sabia disso. Nunca faria isso, nem esperaria algo assim. Eu assinei minha própria certidão de óbito quando bebi o acônito. Fiz as pazes com a lua naquele dia, minha alma ficou exposta para ela ver. Eu estar aqui é um milagre dado pela Deusa da Lua, ela me trouxe até você para que eu pudesse me redimir.

— E o Than?

— Eu o amo... Não vou mentir, ele está tão profundamente enraizado na minha alma que nunca vou deixar de amar ele. Só preciso entender as coisas para mim mesma agora... O que é melhor para mim.

Eu quase falei para ela, quase disse que a gravidez não foi por amor... Não foi algo desejado. Mas não consegui dizer, nem pronunciar aquelas palavras.

Ela escondia bem, mas dava para ver que a nossa conversa estava pesando mais nela do que ela queria admitir.

— Você devia descansar. Vou chamar um médico.

— Sim, vou descansar, mas não precisa médico nenhum. Só quero que saiba que, se somos parentes, eu saio desse mundo sem arrependimentos. Já tenho tantos, mas fico feliz de estar aqui... Com você. E, se possível, conhecer os pais que nunca soube... Que você teve a sorte de ter ao lado.

Se tivéssemos sangue em comum, ela estava certa: eu passei a maior parte da vida com meu pai... E ela não. Ela foi criada por estranhos. Mas por que meu pai nunca falou em ter outra filha?

— Vou pedir aos meus médicos para fazer um exame de sangue na gente.

— Sério? Isso seria incrível.

— Mas, Alora, meu pai nunca mencionou outra gravidez ou criança. E minha mãe morreu no parto, eu nunca a conheci. Você não pode deixar essa esperança virar fantasia. Não quero que você se decepcione.

— Entendo.

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