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Negada pelo Destino: Presa nas Sombras do Vínculo de Companheirismo romance Capítulo 106

Ponto de vista da Kaia

Eu não conseguia dormir. Me sentia segura, tão segura quanto podia naquele grupo e não tinha medo de que a Alora tentasse me matar enquanto eu dormia. Mesmo assim, não conseguia pregar o olho.

Fiquei olhando para a lua pela janela da sala a noite toda. Enrolada num cobertor, com a lareira acesa e o fogo baixo crepitando, eu só ficava ali admirando a beleza etérea dela, esperando que ela mostrasse algum sinal do que queria que eu fizesse, qual era o plano dela.

O que exatamente ela esperava de mim...

Na verdade, eu também esperava meu pai voltar. O Samson tinha conseguido avisar ele ontem à tarde e eu sabia que ele não podia estar tão longe. Com certeza ele ia estar de volta até o começo da manhã.

Eu ainda não tinha tomado nenhuma atitude, não sem que meu pai soubesse... Eu precisava esperar.

O que me surpreendeu mais do que ouvir o lado da Alora, foi descobrir que o Hector era meio humano. E o maior choque... Era que ele e o Than eram irmãos de verdade.

Eu estava certa, desde o momento em que entrei naquela cafeteria, o Hector tinha um plano para mim. A vingança dele, eu acredito, já ia muito além do vínculo de companheirismo com ele e a Alora. Era uma vingança completa, e ele estava planejando tudo há um tempo contra o pai dele, o Than e a Medea.

Mas minha loba se recusava a acreditar naquilo, ela simplesmente não queria aceitar que aqueles momentos particulares com ele... As risadas que dividimos, fossem uma encenação. Talvez algumas coisas tenham sido sinceras, mas aquilo não mudava o fato de que ele tinha mentido para mim.

Não sabia exatamente que horas foram, mas eu senti a brisa fresca da manhã entrando pela porta da frente, e a chegada do meu pai me tirou daquele estado aconchegado no sofá.

— Kaia? Já está tarde, filha. Por que você não está na cama?

— Pai, eu precisava te contar algo agora mesmo...

— Os guardas não me disseram qual era a emergência, você me deixou preocupado... Achei que ia voltar para um campo de batalha. O que aconteceu?

Eu e meu pai sempre tivemos um vínculo especial, e eu nunca menti para ele, nunca antes de sair de perto dele. O que eu precisava falar era difícil, mas eu tinha que dizer, como arrancar um band-aid.

— Temos visitas, pai. Uma em especial que eu preciso que você esteja preparado...

— Interessante... — Ele bocejou com uma risadinha.

— Ele quer muito te conhecer. Mas depois do café a gente vai no centro médico.

— Sim, claro. Pode me levar... — Senti a mão dela tremer um pouco na minha.

Ela estava nervosa e tinha todo o direito de estar, mas eu temia que ela ficasse desapontada com o que meu pai ia contar sobre meu nascimento e os resultados do exame de sangue.

Levei ela até a sala, onde meu pai estava encostado na moldura da lareira. O fogo quase tinha apagado, não colocávamos lenha desde as primeiras horas da manhã, mas ainda dava um calorzinho confortável para começar o dia. Um dia que eu temia que fosse tão importante quanto o de ontem.

— Pai, essa é a Alora. — Limpei a garganta para chamar a atenção dele para nossa convidada. Meu pai era doce comigo, mas também era muito protetor e possessivo. Sempre fomos só nós dois.

Com a falta de sono dele, eu temia a reação dele, que talvez expulsasse a Alora da matilha e a chamasse de bruxa.

Mas o que eu não esperava era o sorriso suave que surgiu no rosto dele, quando abriu os braços para receber a Alora.

— Alora, minha filha... Seja bem-vinda de volta para casa!

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