Kaia
Era o dia do banquete, e dizer que consegui dormir na noite anterior seria uma mentira.
A matilha estava incrível. Eles realmente sabiam como se vestir a caráter. Fileiras e mais fileiras de luzes externas estavam penduradas por todos os lugares.
Havia até fogueiras instaladas para iluminar a estrada principal que levava da entrada do portão ao salão da matilha. Artistas haviam sido contratados para se apresentar no salão e também ao longo da estrada principal, ajudando a definir o tom das criaturas da floresta. Seria espetacular.
Então, por que me sentia apreensiva?
Ele poderia não vir. Por que viria? Ele odiava a Matilha Fantasma das Trevas. Por que aceitaria uma trégua agora?
Queria me esconder no meu quarto de hóspedes, mas não podia. Era uma convidada da casa do alfa e acompanhante do Alfa Hector para a noite. Não comparecer seria o cúmulo da grosseria, tanto para o alfa quanto para os membros da matilha.
Já estava muito envolvida, até ajudei a preparar os canapés.
Vi que Aubrey estava ficando sobrecarregada com o bufê. Eu precisava ajudar ela. Havíamos montado uma boa linha de produção: Aubrey preparava os canapés, enquanto eu os punha nos pratos e os embrulhava para manter frescos.
Aubrey era uma pessoa fácil de se conviver, o tipo de mulher com quem se podia passar horas sem dizer uma única palavra. Apenas confortável em sua presença.
— Você precisa de ajuda para se arrumar esta noite? — Ela perguntou enquanto continuava a preparar outros canapés. Estava de costas para mim no momento, o que ajudou a evitar que ela lesse minhas expressões faciais.
— Não precisa. Devo ficar bem. — Não queria fazer cabelo nem maquiagem extravagante. Esperava me misturar à multidão e não ser notada.
Por razões óbvias.
— O alfa pediu para eu ajudar, então subirei em breve. Vá tomar um banho, apareço depois.
Ela me conduziu para fora da cozinha, praticamente me empurrando pela grande escadaria, que também estava decorada com luzes.
……………..
Horas depois, mal me reconhecia. Aubrey me vestiu com um vestido de festa azul-marinho com espartilho, que tinha uma camada de material de rede brilhante. O corpo era levemente transparente, com o espartilho envolvendo meu estômago e flores texturizadas no busto como contraste.
Era muito extravagante para mim e, se estivesse grávida há mais algumas semanas, o espartilho não teria servido. Mas, felizmente, ainda cabia esta noite.
Ela finalizou meu cabelo com cachos soltos e minha maquiagem com glitter prateado ao redor dos olhos e das maçãs do rosto. Disse que eu era um cervo da floresta... Não protestei. Só queria que esta noite acabasse logo. Esperava que, assim que começasse, pudesse sair discretamente sem notarem minha ausência.
Desci a grande escadaria e encontrei o Alfa Hector me esperando lá embaixo. Seus olhos percorreram meu vestido, fornecendo apenas um simples aceno. Me senti decepcionada por ele não ter ao menos comentado sobre o trabalho duro de Aubrey, pois ela tinha realmente feito um bom trabalho, mesmo que tivesse sido um desperdício comigo.
Tive que morder minha própria língua para não comentar o quão sedutor ele estava. E como minha loba choramingava na minha cabeça por alguém tão perfeitamente feito para mim. Seu aroma de laranja queimada e chocolate amargo girava ao meu redor, testando minha força.
Era claro que sempre poderia olhar, mas nunca tocar. A vida podia ser cruel às vezes.
— Que tal? — Perguntei, olhando para meu vestido e já me arrependendo de ter sido encorajada a o usar. Ele estava vestido com um terno cinza prateado de três peças, com uma gravata azul-marinho escuro. Estávamos combinando.
Ele estava profundamente envolvido em uma conversa com outro alfa, mas não conseguia deixar de procurar por mim.
Enquanto continuava a assistir ao entretenimento da noite se desenrolar diante de mim, minhas costas se endireitaram e minha loba ficou alerta antes que eu tivesse a chance de perceber o porquê.
Foi quando senti olhares intensos sobre mim.
Não consegui ver ele, embora meus olhos o procurassem na multidão.
Ele estava lá. Aquele cheiro de castanha assada continuava implacável, tentando me atrair. Pude sentir meu coração batendo nos ouvidos, me ensurdecendo momentaneamente.
Odiava a maneira como reagia a ele, ao vínculo.
Fiquei congelada, apenas segurando minha bebida. Precisei de toda a minha força para impedir que a taça de vidro caísse dos meus dedos e se espatifasse no chão. Ele estava se aproximando de mim; ainda podia sentir seus olhos em mim como um predador.
Fechei os olhos, tentando recuperar o controle sobre minha respiração e meus batimentos cardíacos.
Senti uma presença à minha frente. Seu comando já tentava se impor a mim.
Meus olhos se abriram rapidamente.
— Encontrei você.

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