Hector
Eu sabia que ele estava lá. Meus guardas no portão me informaram no segundo em que ele chegou, conforme eu os havia instruído a fazer.
Um pequeno grupo de guardas também recebeu ordens de escoltar ele até as terras principais da matilha, para não dar uma oportunidade para ele bisbilhotar.
Eu sabia que tinha planejado isso, que queria isso, mas agora que estava prestes a acontecer, não tinha certeza de como me sentia.
Ela estava incrível. O vestido parecia ter sido feito para ela. Parecia uma deusa grega, com seu tom de pele oliva ligeiramente realçado pelo hábito de caminhar ao redor das terras da matilha sob o sol da tarde. Seus longos cabelos castanhos caíam em cascata sobre os ombros, e eu tive que me impedir de afastar eles do seu pescoço quando ela caminhou até o pé da escada.
Minha garganta secou, e palavras me fugiram naquele momento.
Um brilho de glitter emoldurava seu rosto, dando a ela uma doçura que ainda a fazia parecer desejável.
Ela era uma miragem.
Ela se entrosou bem. Era confiante e tinha facilidade para iniciar conversas com estranhos, mesmo aqueles de alto escalão na sociedade dos lobisomens. Tinha todos os alfas e lunas comendo em sua mão naquela noite.
Alguns deles até ofereceram um lugar para ela ficar, caso quisesse uma mudança.
Tive o cuidado de não deixar ela falar com os alfas não acasalados por muito tempo. Estava grávida, afinal. Sim, esse era o motivo...
— Ela é nova? — Jude, um dos alfas de uma matilha vizinha, seguiu meu olhar até Kaia. Jude era um amigo próximo, e tínhamos um acordo de defender as matilhas um do outro caso ocorresse um ataque.
Aliados como ele não se compram.
— Sim.
— Uma transferência?
Mas ele não era ingênuo. Conhecia a maioria dos membros da minha matilha, assim como eu conhecia os dele. Ele teria notado Kaia antes.
— Não, eu a encontrei. — Mantive minha resposta breve, sem revelar muito.
— Bem, ela é um achado e tanto. — Os olhos de Jude permaneceram nela por mais tempo do que eu gostaria, e, estranhamente, meu lobo soltou um rosnado em minha mente.
A porta do salão se abriu e senti sua presença no banquete. A julgar pela reação dela, ela também sentiu.
— Kaia, este é Than Sable, Alfa da Matilha Deserto de Âmbar. — Apresentei ela a ele, afinal, por que eles se conheceriam? Eu só sabia o que ela havia me dito, certo?
Os olhos dele queimavam nos meus, percebendo que ela esteve escondida na minha matilha pelas últimas duas semanas, e eu aproveitei cada momento.
Não apenas bem escondida, mas agora um membro da matilha, com sua lealdade jurada a mim.
Ah, que sensação boa. Que vingança perfeita.
Os olhos dele tinham um brilho ameaçador. O idiota realmente achava que poderia me atacar ali? Me vencer?
Ele zombou de mim ao dar um passo mais perto. Tinham muito mais olhos fixos em nós agora. A voz de Ezra tentava fazer uma conexão mental com a minha mente.
— Nós já nos conhecemos. — Kaia afirmou suavemente, tentando dissipar a tensão entre nós três.
Ele pegou a taça de champanhe dela e levou aos lábios. Um sorriso se formou em seu rosto antes de virar o restante da bebida dela.
— Sério, como isso é possível? — Minha pergunta era para Kaia, mas meus olhos não deixaram os dele nem por um segundo. Era a hora dele se contorcer. Hora de eu arrancar aquele sorriso do seu rosto.

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