Ponto de vista da Alora
Eu andava de um lado pro outro no chão macio e acarpetado do quarto, provavelmente já deixando marcas de tanto repetir o mesmo caminho. O que estava demorando tanto pro Than voltar?
Foi então que ouvi gritos lá embaixo, Than discutindo com os próprios pais, mandando eles saírem da casa dele. Não consegui evitar e fui até a porta, abri só um pouco para escutar melhor. Ouvi a Medea tentando retrucar, insistindo em ficar na casa e se recusando a sair com o Alfa Damon.
Me afastei depressa quando ouvi os passos pesados do Than subindo as escadas, e me preparei pro que viria. Eu tinha causado aquilo, eu sabia. Era minha culpa ele estar tão furioso. Eu não devia ter saído com o Hector daquele jeito, mas eu precisava... Eu precisava ouvir com meus próprios ouvidos e não através das palavras de outra pessoa.
— O que você tinha na cabeça?! — Ele rugiu assim que abriu a porta do nosso quarto, batendo com força ao fechá-la atrás de si. — Ele podia ter te marcado, e eu não ia poder fazer nada para impedir.
— Não, o Hector nunca faria isso. Ele jamais forçaria... — Minhas palavras foram sumindo, engolidas pelas lembranças do que o Hector tinha dito.
Ele forçou a Kaia.
Não... O Than nunca faria algo assim.
— O que ele te falou? — Than exigiu saber, enquanto tirava a camiseta, os músculos dele tensionados de tanta raiva. Ele entrou no banheiro e ligou o chuveiro.
O que ele tava fazendo? Será que estava tão fora de si que precisava de um banho frio para se acalmar?
Ele voltou pro quarto e eu continuei ali, parada e congelada, só conseguindo olhar o Alfa se desmoronando na minha frente.
Ele veio até mim com aquele olhar selvagem, de predador, e parou perto. Ele cheirou o ar ao meu redor, e depois chegou o rosto bem perto do meu, farejando.
— Você está com o cheiro dele... Ele te beijou? — Rosnou com os punhos cerrados ao lado do corpo, o corpo todo tremendo de raiva.
— Claro que não! — Respondi, tentando esconder o arrependimento na minha voz. Ele realmente não me beijou, mas o cheiro ficou por causa da proximidade, do quase beijo. Fui idiota.
— Abra.
— O quê?
— Abra a boca. — Ele segurou meu queixo, e minha boca se abriu sozinha sob o comando de Alfa.
Fiquei chocada com aquilo. Ele se aproximou ainda mais e cheirou meu hálito, como se quisesse ter certeza de que não tinha nenhum traço da saliva do Hector em mim.
— Eu não beijei ele! — Empurrei a mão dele para longe, sentindo minha própria raiva crescer.
Como ele se atrevia a me interrogar daquele jeito?
Mesmo que o Hector tivesse me beijado, eu voltei para casa. Voltei pro Than. Ele foi quem se casou com a outra companheira, e eu nunca joguei aquilo na cara dele... Nunca questionei aquilo como ele vivia me cobrando sobre o Hector.


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