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Negada pelo Destino: Presa nas Sombras do Vínculo de Companheirismo romance Capítulo 85

Ponto de Vista da Kaia

— Uma surpresa?

— Você vai ver... — Ele riu da minha leve apreensão, enquanto eu semicerrei os olhos para ele, num jeito brincalhão, mas claramente desconfiado.

Voltamos para o terreno principal da Matilha Reformada Noite Sombria. O caminho foi mais demorado do que se eu estivesse sozinha. A perna do meu pai o fazia andar mais devagar. Mas só o corpo era mais lento, a mente dele continuava afiada como sempre.

Ele tinha feito tanta coisa nos últimos quatro anos. A bela casa do alfa, construída com pedras brancas, era prova daquilo.

Ainda estávamos em processo de construção: casas para os membros da matilha, e um pequeno centro médico, até conseguirmos levantar mais fundos para expandir dentro das nossas fronteiras. Como as terras ainda eram contestadas, sofríamos ataques constantes de matilhas vizinhas que afirmavam que aquelas terras pertenciam a elas.

Muitas já haviam assinado o tratado desde que cheguei, com a condição de enviarmos guerreiros caso suas terras fossem atacadas. Eu mesma defendi nosso caso, cheguei a ir até os territórios deles para reuniões, mas ainda havia quem acreditasse que tínhamos outras intenções... Mas não era verdade.

Os ataques de renegados quase sempre eram financiados pelas matilhas que não concordavam com a nossa presença aqui. Às vezes, até guerreiros treinados se disfarçavam de renegados só para conseguir entrar.

Meu papel ali não era só ajudar na reconstrução interna, mas também melhorar nossa reputação lá fora, algo que meu pai já não tinha tempo de fazer.

Foi difícil descansar, mas estávamos em uma missão, e nada que realmente valesse a pena vinha fácil. Além disso, dormir continuava sendo um desafio para mim. Preferia ficar acordada até altas horas da madrugada, trabalhando, do que enfrentar meu passado nos sonhos.

Enquanto voltávamos pela trilha principal até a casa do alfa, observei os belos ciprestes-mediterrâneos plantados ao longo do caminho. Já estavam altos, alcançando os raios mais quentes do sol.

Eles me lembravam da Matilha Águas Claras. Acredito que meu pai tenha escolhido aquelas árvores de propósito. Em homenagem à minha mãe.

Tínhamos até animais de criação: Ovelhas, vacas e cavalos pastavam nos campos verdes das colinas. Como estávamos perto do litoral, o peixe era o prato mais comum, e os membros da matilha adoravam pescar quando estavam de folga.

Eu mesma já tinha voltado a cavalgar com frequência, como fazia na infância. Os jovens da matilha sempre pediam sua vez. Era impossível não amar aquele lugar, e me sentia incrivelmente sortuda por poder ajudar meu pai a levar a matilha adiante.

À medida que nos aproximávamos da casa do alfa, vi o sorriso do meu pai se abrir ao avistar uma figura parada em frente às portas duplas da nossa casa.

— Foi só uma passagem rápida, pai, não se preocupe. Fiquei na minha... — Tentei acalmar ele. A culpa por ter me mandado sozinha pro mundo ainda pesava muito nele.

Ele nem sequer sabia que eu tinha entrado na Matilha Deserto de Âmbar, que eu me casei e que era, de direito, a Luna daquela matilha. Eu não tive coragem de contar. Só serviria para machucar ele mais... E tudo o que eu mesma já tinha passado...

Aquele era o nosso recomeço. Tudo o que ficou fora dos limites daquela matilha já não podia mais nos ferir, desde que estivéssemos juntos.

— Que bom te ver de novo, Samson. Vai ficar na casa do alfa, certo?

— Não quero incomodar…

— Bobagem. Tenho trabalho para você... É melhor ficarmos sob o mesmo teto. — Meu pai decretou, sem dar espaço para discussão. E entrou pela porta dupla da casa do alfa, me deixando do lado de fora com Samson.

Eu mal podia acreditar que ele estava ali. Talvez ainda existissem outros sobreviventes. Talvez ainda houvesse outros que pudessem voltar para casa.

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