Ponto de Vista da Kaia
Passei minha vida sendo treinada por meu pai para proteger uma matilha que já não existia mais. Naquele momento, tinhamos aquela matilha e eu precisava protegê-la com todas as minhas forças. Eles não poderiam ultrapassar as fronteiras, não poderiam chegar às mulheres e crianças inocentes que se esconderam em suas casas.
Eles já invadiram a fronteira, mas não iriam chegar mais longe, não se eu pudesse impedir.
Não tivemos fundos para construir um abrigo para a matilha, algo que naquele momento era essencial para o nosso futuro, se conseguiríamos sobreviver a aquele ataque.
As crianças e as grávidas estavam espalhadas demais. Precisaram ser guardadas juntas em um abrigo que fosse impossível de penetrar.
Eles continuavam vindo. Mas não eram lobos solitários, eram lobos de matilha.
Eram lobos que tinham recebido ordens de atacar com o único objetivo de nos lembrar de quem aquelas terras pertenciam, e aparentemente, não eram nossas.
Eu fui atrás dos lobos mais jovens primeiro, os que não tinham sido treinados por muito tempo. Não havia muitas fêmeas na matilha deles, o que não era incomum. Nós estávamos lutando pela sobrevivência, eles não.
Eles tinham muitos guerreiros treinados para um momento como aquele.
Eu não matava, recusava a matar, a menos que fosse necessário. A maioria, eu conseguia derrubar com uma mordida nas patas traseiras ou um ataque no flanco. Mas, à medida que eu eliminava os lutadores mais inexperientes, os guerreiros principais começaram a perceber o estrago que eu estava causando. E claramente entenderam que precisavam me eliminar.
Eu tinha nascido para ser Luna, eu era uma loba Luna. Era maior que as outras lobas e até maior que alguns lobos machos.
Eu deveria ter sido uma Luna. Minha genética não sabia da crueldade que meu próprio companheiro me faria passar.
Fui a Luna destinada à Matilha Deserto de Âmbar. Por meio do casamento, me tornei oficialmente uma Luna. E lutei como uma Luna.
Naquele momento, eu era a Luna interina da Matilha Reformada Noite Sombria e protegi os membros do meu pai como tal.
Samson não saiu do meu lado nem por um segundo. Ele levou a promessa feita ao meu pai com a máxima seriedade.
O lobo dele, de pelagem marrom-claro, era um pouco maior que a minha. Ele tinha nascido para ser Beta e lutava como tal.
Na maioria das vezes, ele chegava aos lobos antes de mim, mas para ajudar ele, eu mordia seus flancos para derrubar eles. Mesmo sem uma conexão mental comigo, ele conhecia bem meus movimentos e conseguia prever meus próximos passos.
Fiquei paralisada, horrorizada, enquanto via o Alfa desviar do ataque e imobilizar Samson no chão, sua mandíbula engolindo a cabeça do lobo, prestes a esmagá-la com os dentes.
— Não! — Gritei para minha loba, que rosnou alto, avisando o Alfa. Ela avançou com uma postura ameaçadora, lambendo os dentes como se se preparasse pra próxima mordida.
Então, algo estranho aconteceu.
O lobo Alfa olhou fixamente para minha loba e congelou. Seus olhos encontraram os meus, como se estivesse considerando meu convite para uma luta. Sua mandíbula ainda segurava a cabeça de Samson, pronto para o golpe fatal.
Mas, ao invés de aceitar o desafio, ele afrouxou o maxilar e se afastou de Samson, que arfava no chão.
Samson se livrou do aperto, conseguiu se levantar e foi ficar ao lado da minha loba.
O Alfa rosnou na direção dele, depois uivou para a lua e recuou. Seus guerreiros começaram a se retirar com ele.
Observei, incrédula, enquanto todos batiam em retirada, atravessando nossas fronteiras de volta pelo mesmo caminho por onde tinham vindo.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Negada pelo Destino: Presa nas Sombras do Vínculo de Companheirismo
Apaixonada pelo livro...