Negada pelo Destino: Presa nas Sombras do Vínculo de Companheirismo romance Capítulo 89

Ponto de Vista da Kaia

Eu estava ajudando os feridos, era por isso que o hospital precisava ser maior. Com um ataque daquele, estávamos funcionando muito acima da capacidade.

Havia até camas nos corredores, com garotos recém-saídos da adolescência gritando de dor. Faltavam médicos, faltavam enfermeiras... Tínhamos mal saído de uma batalha, só para cair direto em outra.

Eu corria de um lado pro outro no hospital, tentando encontrar ataduras para estancar o sangue que escorria de tantos corpos.

O ataque do Alfa tinha sido preciso, calculado. Se eles atacassem de novo naquele momento, a gente não teria a menor chance de proteger nosso território.

Meu pai me encontrou no hospital, justo quando Samson me ajudava a recolocar os ossos deslocados de uma loba.

A aura dele chegou pesada, escura, carregada de raiva, sufocava o ar do centro médico, que já lutava para manter um ambiente de paz e cura.

A maioria ali ia ficar bem, era só parar o sangramento e ajeitar os ossos que o processo de cura natural dos lobos aceleraria o resto.

Mas alguns estavam em cirurgia, lutando pela vida. Aqueles iam precisar de mais tempo e apoio.

— Estou bem, pai. — Consegui dizer, ofegante. No mesmo instante, um estalo alto indicou que o osso da loba tinha voltado pro lugar.

— O que aconteceu? — Os olhos dele varreram a sala. A cena era o tipo de coisa que ia me assombrar por anos.

— O Alfa entrou na luta... Atacou o Samson e a mim... — Falei baixo. Não queria aumentar ainda mais a raiva dele.

— E depois? — Ele perguntou, o peito roncando, já sabendo que eu tinha me jogado na frente do Alfa.

— Eu não sei... Quando desafiei ele, do nada ele recuou. Foi estranho. Todos os guerreiros dele bateram em retirada.

— Você se transformou?

Samson me acompanhou de volta à casa do alfa. A pele dele também estava coberta de sangue seco e alguns cortes que, apesar de já terem cicatrizado, ainda precisavam ser limpos.

— Vou pegar o kit de primeiros socorros se você quiser ir tomando um banho... — Comecei a subir as escadas, mas ele me puxou pelo cotovelo.

— Kaia...

— O que foi? — Olhei pro rosto dele, que parecia carregado de preocupação.

— Vou precisar sair da matilha por alguns dias. Tenho uns compromissos pendentes que preciso resolver. Não esperava receber um lugar aqui... — Ele se virou, pegou as chaves do carro que estavam no aparador do corredor e voltou para perto de mim.

— Você vai agora? — Perguntei, confusa com o anúncio repentino. Ele não podia simplesmente ir embora, não naquele momento, com o risco de um novo ataque a qualquer momento.

— Não vou demorar. Volto assim que puder. — Ele me deu um beijo na bochecha antes de sair pela porta da frente e pegar emprestado um carro da matilha.