Sua mão ainda segurava meu seio por cima do vestido e isso me trouxe de volta para a realidade. O empurrei para longe. Nossas respirações estavam pesadas e estávamos encharcados. E foi quando percebi que já não havia mais ninguém nos jardins a não ser nós dois.
Fiquei mais aliviada ao perceber que ninguém tinha visto todo aquele descaramento.
Foi então que minha memória clareou e eu soube onde o tinha visto. Em revistas de fofoca que Melanie adorava ler, e sempre me conta sobre tudo o que acontecia no mundo. Ele era Thiago Evans. O mulherengo mais cobiçado da Europa, e o mais encrenqueiro também.
Lembro-me de tê-lo visto algumas vezes, sempre ao lado de alguma modelo ou atriz. E sempre em condições imorais. Na balada, se esfregando em alguma loira peituda. Na rua deserta, semivestidos pegos de surpresa por algum repórter. E em outro lugares bem exóticos que eu tinha vergonha só de lembrar.
Então fiquei rígida. Não acreditando que meu próprio pai havia me casado com o homem mais sem caráter que eu já havia conhecido.
Eu sabia que, constantemente, se envolvia em alguns problemas relacionados com mulheres casadas e seus maridos, novamente através dessas revistas que Melanie lia para se atualizar sobre as fofocas.
Dei meia volta e, sem dizer nada, me dirigi para dentro da mansão, onde a festa acontecia. E larguei meu marido lá fora, ainda na chuva.
Pelo resto da noite fui apresentada a pessoas estranhas ao mesmo tempo em que tentava evitar Thiago. Obviamente, não durou muito esse meu plano.
Logo o vi se aproximando com um casal mais velho ao seu lado. Nossos olhos se encontraram e então foi tarde demais para fingir que não o tinha visto e fugir por entre a multidão de pessoas.
Quando ele chegou perto, começou a dizer:
- Elena, quero lhe apresentar...
O que ia dizer se perdeu. A mulher que estava ao seu lado deu um passo para a frente e o interrompeu:
- Eu sou Lisa Evans, sua sogra. E esse é meu marido, Eduardo Evans. – Então ela me abraçou. – É um prazer conhecê-la, querida. Não sabe o quanto eu lamento sua perda, de verdade.
- Perda? De que perda está falando? – Perguntei. Confusa.
- Ora, sua perda da paz de espírito, é claro! Casada com meu filho, isso é algo que você nunca mais terá!
- Mãe! – Thiago exclamou. Parecia um menininho com vergonha do comportamento da mãe. Ele até mesmo ficou vermelho!
Gargalhei, e Lisa também. Seu pai parecia estar tentando se conter com muito esforço.
Nem preciso dizer que simpatizei com eles logo de cara, principalmente com Lisa. Ela era alegre e divertida, além de muito bonita. Não aparentava ter nem 50 anos ainda. Deveria ter tido Thiago bem jovem.
Passei o reto da noite conversando com a mãe dele, que me apresentou a várias outras pessoas, parentes e amigos.
Quando pensei já ter conhecido todos que estavam por ali, reparei, ao longe, uma mulher escultural, parecia uma modelo. Mas o que me chamou a atenção não foi sua beleza. Ela estava usando um vestido inconfundivelmente branco. Não era bege claro, não era pérola. Não. Era branco. Branco como o meu. Branco como só a noiva deve usar no seu dia.
Lisa ainda falava sobre as pessoas ao redor, quando eu a interrompi e apontei para a mulher do outro lado do salão usando branco e me olhando com tanto ódio que a qualquer momento poderia me incinerar. Falei:
- Quem é aquela usando branco no meu casamento?
Obviamente não pude controlar a raiva que transpareceu em minhas palavras.
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