O silêncio que antecede o caos é quase enganoso. A manhã começa serena, o sol invade a sala com uma luz dourada que promete um dia tranquilo, mas Marta já sabe e Jonathan também que esse tipo de promessa nunca se cumpre quando se tem dois bebês de um ano e dois meses em casa. Jeff e Lua parecem carregar dentro de si um estoque infinito de energia, como se cada minuto fosse feito para correr, explorar, testar os limites do mundo e dos adultos.
É a primeira vez que Marta e Jonathan ficam sozinhos de verdade com o menino, sem Vivian por perto, e um frio de expectativa e receio percorre os dois. Como será cuidar de Jeff, somando-o ao furacão Lua?
Afonso e Cátia percebem a inquietação no ar. No café da manhã, enquanto Jeff j**a torradas no chão e Lua tenta alimentar Oliva com geleia, Cátia sorri com ternura.
— Jonathan, hoje você não vai trabalhar, diz, categórica.
— Fique em casa com Marta, cuidem das crianças. Nós damos conta do Grupo Schneider.
— Mãe, mas... Jonathan apenas começa, mas o olhar dela não deixa espaço para contestação.
— É um treino para vocês, completa Afonso, com a calma de quem já enfrentou o caos da paternidade.
— E nós sabemos que vocês dão conta.
Jonathan suspira fundo, como se aceitasse uma sentença inevitável. Marta morde os lábios, tentando disfarçar o riso. Eles não estão sozinhos apenas com Lua dessa vez, mas também com Jeff, que parece carregar no DNA a mesma teimosia Schneider.
Oliva, a cadela, deita ao pé da mesa, como se pressentisse a maratona que está por vir.
O primeiro embate começa quando Jonathan tenta organizar a sala, juntar brinquedos espalhados, enquanto Marta começa a preparar o almoço. Os gêmeos, porque é assim que eles parecem quando estão juntos, dois furacões espelhados, não dão trégua.
Lua descobre o carrinho de Jeff, se encanta com as rodinhas girando e o pega. Jeff, que até então mordia um bloquinho de montar, arregala os olhos e puxa de volta.
— É meu! Balbucia, na sua fala ainda enrolada.
Lua responde com um gritinho indignado, aquele que já anuncia tempestade. Jonathan, que observava, coça a cabeça.
— Marta! Grita da sala, em desespero cômico.
— Como é que a gente resolve conflito de criança de um ano?
Marta aparece com uma colher na mão, suada.
— Conversa, explica, distrai...
Jonathan não se convence. Ele pega o celular, abre o G****e e digita: como resolver briga de crianças de um ano e dois meses. Lê em voz alta a primeira resposta:
— “Seja paciente. Crianças nessa idade ainda não entendem o conceito de compartilhar”.
Ele solta uma risada nervosa.
— Ah, ótimo! Então o que a gente faz? Só senta e assiste à luta?
Lua, em protesto, larga o carrinho e pega uma bola. Arremessa com toda força de suas mãozinhas. O objeto voa pela sala e acerta a estante, derrubando uma moldura com a foto do casamento de Afonso e Cátia.
O barulho do vidro no chão ecoa. Jonathan arregala os olhos.
— Marta!!! Emergência nível dois!
Ela chega correndo, vê o estrago, suspira e segura a risada.
— Acho que o almoço vai ter que esperar.
Decisão de sobrevivência
— Vamos comer fora. Jonathan decreta, pegando Jeff no colo.
— Eu oficialmente me rendo.
Marta ri, mas concorda.
— Então você ajuda a dar banho neles, porque não dá para sair desse jeito.
O banho se transforma numa verdadeira cena de guerra. Jeff e Lua parecem ter um pacto secreto de jogar água para todos os lados. Jonathan tenta segurar um, enquanto o outro escapa. Marta, encharcada, grita:
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