Vivian sente a respiração pesar quando o relógio marca o horário combinado. Ela ajeita uma mecha de cabelo atrás da orelha e caminha até a janela da sala, observando a rua tranquila. O bairro parece suspenso em um silêncio preguiçoso de meio de tarde, apenas quebrado pelo canto insistente de um sabiá e pelo ronco distante de um carro passando distante. Segura com força o maço de chaves em sua mão, como se aquele pequeno objeto fosse capaz de lhe dar firmeza. Hoje não é apenas sobre tijolos e paredes, é sobre encerrar um capítulo que insiste em permanecer aberto.
Quando o carro da imobiliária estaciona diante da casa, o coração de Vivian b**e mais rápido. Fernanda desce primeiro, sorridente, profissional até nos gestos mais simples. Ao seu lado, surge um homem alto, de postura impecável, pasta em mãos e uma expressão atenta, o corretor designado para acompanhar a vistoria.
— Boa tarde, Vivian. Fernanda a cumprimenta com carinho, abraçando-a de leve. — Obrigada por nos receber tão rápido.
— Boa tarde. Vivian força um sorriso cordial, respirando fundo. — Eu que agradeço você por agilizar tudo. Quero resolver logo.
O corretor se apresenta com firmeza. — Sou Marcos, prazer. Vamos cuidar para que tudo saia da melhor forma possível.
Eles atravessam o portão, e Vivian abre a porta da casa, deixando a luz entrar. Um cheiro suave de madeira encerada ainda paira no ar, lembrança da última limpeza que fez. O ambiente carrega a calma da ausência, mas também o peso das memórias que se recusam a ir embora, afinal ali, Alan tirou a própria vida.
Fernanda olha ao redor com olhar técnico, já mapeando cada detalhe.
— A casa está em ótimo estado, Vivian. Isso é um ponto fortíssimo. Estrutura firme, acabamentos preservados… o que precisamos, basicamente, é de uma pintura para valorizar ainda mais o espaço.
Vivian acompanha, cruzando os braços.
— Pintura?
— Sim. — Fernanda sorri, tranquila.
— Uma nova camada nas paredes dá aquela sensação de frescor, de renovação. Valoriza o imóvel para locação.
O corretor Marcos já abre a pasta, anota detalhes e começa a medir com uma trena a sala ampla, enquanto Fernanda segue avaliando com a experiência de quem conhece o mercado.
— Você tem alguém de confiança para esse tipo de serviço? Fernanda pergunta, lançando um olhar de cumplicidade.
Vivian balança a cabeça.
— Não, não conheço ninguém aqui.
— Então deixa comigo.
Fernanda não perde o ritmo.
— Tenho uma equipe excelente, de primeira qualidade, que faz pintura e pequenas manutenções. Posso solicitar um orçamento para você ainda hoje.
— Seria ótimo. Vivian responde, aliviada.
— Quero algo rápido e eficiente.
— Vai ser. Fernanda assegura.
— Nosso objetivo é entregar um imóvel impecável, pronto para atrair bons inquilinos.
Enquanto o corretor fotografa os cômodos, posicionando-se em diferentes ângulos, Fernanda explica o processo.
— A locação é prática, Vivian. Fazemos um contrato inicial, geralmente de trinta meses, com possibilidade de rescisão após o prazo mínimo. Você receberá a renda mensalmente, direto na conta. E, como te disse, na região o valor é muito bom.
Vivian acompanha cada palavra com atenção. A ideia de uma renda fixa lhe parece cada vez mais sensata. Fernanda detalha índices de reajuste, garantias de locatários e prazos legais.
— É importante também falarmos sobre seguro fiança ou fiador. Fernanda continua.
— Isso garante que você não terá dores de cabeça em caso de inadimplência.
— Quero tudo com a maior segurança possível. Vivian afirma, firme.
O corretor anota, confere, fotografa mais uma vez. A visita flui com profissionalismo e ares de recomeço. Até que o inesperado acontece.
Um carro estaciona do outro lado da rua. Vivian percebe o movimento pela janela e, quando o homem desce do veículo, o ar parece ficar pesado como chumbo.
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