O Duque que me amava - Série Capman's, Livro 1 romance Capítulo 19

Quando chegou a sua casa, Charlotte se sentia nas nuvens.

Seu coração estava acelerado e ela ainda sentia o calor dos lábios do Duque em sua pele, ainda sentia os dedos dele em torno de sua cintura e sua boca a beijando tão intimamente que a fazia arfar.

Sabia que seu rosto a denunciava, afinal, assim que chegou foi bombardeada por perguntas sobre o baile e sobre o Duque. Não passou despercebido aos olhos das outras quatro damas ali a pequena marca próxima ao corpete quase ocultada por ele e aquele detalhe já lhes deu margem para muita imaginação.

— Vocês se beijaram! — Justine falou, com um grande sorriso, dando alguns pulinhos que quase fizeram a toca que escondia seus cabelos cair. — Nos conte tudo! Ele beija bem? Acha que seria mesmo um bom amante?

— Justine! — Annie a repreendeu, fazendo todas as outras rirem. — Tenho certeza que essa conversa pode esperar até o café da manhã, Charlotte está cansada.

— Nós nos beijamos… Nos beijamos no labirinto, no jardim — ela falou, surpreendendo a todas as outras, que se viraram automaticamente para a ruiva, olhando-a com curiosidade, queriam mais detalhes. — E ele disse que estaria esperando por mim quando eu estivesse pronta para aceitá-lo.

A sala da casa se encheu de gritinhos finos e comemorações, todas as mulheres estavam em êxtase, incluindo Charlotte, que se permitiu gritar e pular com suas únicas amigas, deixando toda a alegria presa em seu peito sair para fora.

Annie correu para a cozinha para preparar um chá e, enquanto Justine ajudava Charlotte a tirar todas as jóias e o pesado vestido, as outras preparavam uma bandeja com torradas e biscoitinhos doces, estavam prontas para conversar durante toda a noite sobre o Duque e seus feitos mais que prazerosos para a Capman mais velha.

Charlotte não sentia vergonha, não ali entre suas amigas. Contou tudo a elas, falou como os lábios do Duque eram quentes e como todo seu corpo pegou fogo enquanto ele a tocava, sobre como suas palavras eram doces e, principalmente, sobre como ela queria vê-lo de novo, esse era seu maior desejo no momento.

Aquela altura, Charlotte sequer lembrava-se do péssimo encontro com Willian e de suas palavras, sequer se recordava de como se sentiu quando ele a tocou, afinal, toda repulsa gerada por seu ex-marido fora apagada por completo pelos dedos ágeis de Lucian e por sua boca que cobria o corpo de Charlotte de luxúria. Quando Charlotte se deitou em sua cama, a madrugada já era quase manhã e ela estava exausta. Fechou os olhos e dormiu profundamente, um sono tranquilo, povoado de sonhos dos quais, certamente, ela se envergonharia na manhã seguinte e, então, toda a casa se silenciou.

Ao passo que a ruiva dormia por longas horas, perdendo o desjejum e se permitindo descansar mas que o normal, Lucian não conseguia mais ficar deitado. Rolou na cama boa parte da noite e já não suportava ficar longe dela, não depois do baile, precisava dos seus lábios, dos seus toques, mesmo que um pouco. Por isso, movido pela pressa e pela paixão, ele se levantou e, se esgueirando pelas escadas, passando bem longe da sala de jantar, seguiu pela cozinha, seguindo pela porta dos fundos e ignorando os olhares curiosos dos empregados, que já organizavam as próximas refeições.

Havia levantado um pouco mais tarde naquele dia e, com toda certeza, já perdera o desjejum, mas aquilo não importava. Vestia uma calça de linho e uma camisa que tinha alguns botões abertos, exibindo seu peito forte. Seus cabelos estavam um tanto quanto desgrenhados, mas isso não o deixava menos elegante, do contrário, os fios escuros um tanto quando ondulados que eram levados pelo vento só faziam a figura do Duque ainda mais atraente.

Lucian seguiu pelo gramado até chegar ao celeiro e, quando chegou lá, pegou um cavalo, selando o animal ele mesmo, afinal, estava com pressa. Lucian montou e, antes que qualquer um dos capatazes o impedissem ou perguntassem onde ele estava indo, começou uma cavalgada rápida e frenética, precisava vê-la.

Ao passo que ele rumava em direção a casa que ficava em frente ao campo de flores, Charlotte acordava em seu quarto com uma banheira de água quente esperando-a.

— Bom dia, senhorita! — Falou Annie, sorrindo para a ruiva enquanto abria as cortinas. — Precisa de um banho quente para relaxar, dormiu muito tarde ontem.

A mulher tinha um grande sorriso nos lábios e, enquanto Charlotte esticava o corpo e se sentava na cama, Annie deixava os sais de banho e as essências ao lado da banheira de madeira.

— Bom dia,Annie — ela falou, ainda sonolenta. — Obrigada pelo banho, estou realmente precisando.

Charlotte sentia as costas doloridas e os olhos pesados, porém, a ideia de um banho quente e relaxante lhe soou muito boa, mesmo que sua vontade fosse permanecer na cama. A ruiva se ergueu e, com a ajuda de Annie, se despiu, entrando na água quente e com um pouco de espuma.

Não demorou até ficar sozinha e, aproveitando aquele momento somente seu, ela fechou os olhos, com um sorriso bobo nos lábios, ainda lembrando-se do que havia acontecido na noite anterior, pensando nos toques do Duque, em suas palavras e no poder que sua boca tinha sobre ela, em todos os sentidos.

Enquanto Charlotte espalhava por todo seu corpo uma loção perfumada, aproveitando a água que fazia o quarto ser inundado por uma finíssima camada de vapor, no andar debaixo, mais precisamente na porta dos fundos da casa, um cavalo parava com certa brusquidão. Lucian havia chegado muito mais rápido do que imaginou que chegaria, e claro que sua chegada não passou despercebida.

Assim que desceu do cavalo, Lucian se viu observado por três pares de olhos curiosos que o encaravam sem nenhuma discrição. As três jovens mulheres pareciam surpresas com sua presença, no entanto, quando a quarta chegou, todas as outras se dispersaram com risinhos e cochichos.

— Duque! Que surpresa, não estávamos esperando-o — Annie falou, secando as mãos em seu avental. — Precisa de algo?

— Bom dia, Annie — Lucian falou, tomando a liberdade de chamá-la pelo primeiro nome. — A senhorita Capman já acordou?

— Oh, sim! Agora a pouco, na verdade — ela respondeu, o guiando para dentro. — Quer que eu anuncie sua chegada?

— Não é necessário — respondeu ele, afoito. — Irei aguardar no corredor, obrigada, Annie.

Obviamente não aguardaria no corredor e a criada sabia disso, no entanto, não se opôs, a aflição do homem era visível e ela sabia que a senhora da casa adoraria aquela surpresa pela manhã.

Que mal faria?

Com isso em mente, a mulher se afastou e seguiu para a cozinha, onde as garotas cochichavam e riam bem baixinho, especulando sobre as intenções do Duque ao aparecer ali àquela hora da manhã.

Lucian subiu as escadas lentamente, sem fazer barulho, caminhou pelo longo corredor até a porta onde ele sabia que ficava o quarto de Charlotte e, como um dejavu, lembrando-se de quando a flagrou o observando, ele abriu somente um pouco da porta, encontrando-a de olhos fechados na banheira, com um pequeno sorriso nos lábios enquanto suas mãos desciam lentamente pelos ombros, passando pelos seios e mergulhando na água, fora de sua vista.

Por um momento, o Duque viu-se hipnotizado pela visão que tinha dali, no entanto, somente observar não era o que queria fazer. De início, tudo o que queria era conversar, quem sabe fazer um passeio entre as flores do campo, ter sua companhia. Mas agora, enquanto entrava sorrateiramente no quarto e fechava a porta atrás de si, percebia que queria muito mais.

Lucian andava a passos sorrateiros e, enquanto se aproximava da banheira, observava seu anjo ainda de olhos fechados, completamente alheio a sua presença. Então, ajoelhando-se ao lado da banheira, Lucian aproximou seu rosto da orelha da ruiva e, enquanto sua destra adentrava a água sem aviso, seus lábios se moviam bem devagar:

— Bom dia, senhorita Capman — ele sussurrou, ouvindo Charlotte ofegar ao passo que abria os olhos, virando-se para ele com os orbes claros arregalados.

A ruiva não acreditava no que seus olhos estavam vendo, afinal, estava imaginando-o bem ali, exatamente onde ele estava, minutos antes e, como se surgisse do nada, Lucian em todo seu esplendor e com um sorriso que fazia seu coração acelerar.

—O que você… Lucian, não devia estar aqui — ela tentou, em vão, fazê-lo ir, mas, ao sentir o toque dos dedos de Lucian em sua perna, arfou levemente.

Descendo o olhar lentamente percebeu que a mão esquerda do Duque estava completamente mergulhada na água morna e seus dedos trilhavam um caminho perigoso que subia por seu joelho, bem devagar, escorregando pela parte interna de sua coxa levando arrepios por toda sua pele.

— Acredito que aqui é o único lugar onde eu deveria estar, desde a noite anterior — sussurrou ele, seu tom rouco e levemente arrastado chegava aos ouvidos de Charlotte como a mais bela das canções. — Mas, se desejar, irei me retirar.

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